Jogada10
·23 de abril de 2025
Libertadores-2025 une Botafogo, Estudiantes e Javier Milei. Entenda!

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·23 de abril de 2025
O que Botafogo, Estudiantes e o presidente da Argentina, Javier Milei, têm em comum? Três letras respondem à pergunta. Aliás, uma sigla: SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Ou SAD (Sociedad Anónima Deportiva) para os nativos da língua castelhana. Nesta quarta-feira (23), às 21h30, no Estádio Uno, em La Plata, este elo estará em campo pela terceira rodada do Grupo A da Copa Libertadores.
Atual campeão continental, o Botafogo virou argumento do governo argentino no debate sobre a conversão dos clubes do modelo associativo ao de sociedades anônimas. Subsecretário de imprensa de Milei, Javier Lanari ficou entusiasmado ao ver o Mais Tradicional levar a taça, em pleno Monumental de Núñez, no último novembro.
“O caso do Botafogo é incrível. Há três anos, estava falido, na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Um empresário americano (John Textor) comprou 90% e investiu US$ 70 milhões (R$ 401 mi). Agora, são campeões da Copa Libertadores. Nada mais deprimente do que assistir à final da Libertadores entre duas equipes brasileiras pela televisão. E, também, na Argentina. Eu completo o combo. Péssimo dia para ser anti-SAD”, provocou Lanari.
Será que os argentinos, no modelo associativo, nunca mais vão ameaçar a hegemonia dos brasileiros, donos da Libertadores de 2019 para cá? Segundo a Conmebol, a competição internacional distribuiu, em 2024, um total de US$ 217 milhões (R$ 1,2 bilhão) em premiações aos clubes participantes. Os brasileiros dominam completamente o ranking com US$ 85 milhões (R$ 486,8 milhões) recebidos, frente aos US$ 29 milhões (R$ 166 milhões) dos times argentinos e US$ 21 milhões dos uruguaios (R$ 120,2 milhões).
Má notícia, portanto, para os nossos vizinhos. Sócio da Sports Value e referência em Marketing Esportivo, Amir Somogi afirmou, ao Jogada10, que, no atual cenário, o caminho do predomínio verde e amarelo é irreversível.
“A diferença de premiação entre os países da Libertadores é enorme. Os argentinos estão perto de outros países e longe do Brasil. O Brasileiro é a competição que mais arrecada. Pode ser que a gente alcance 2 bilhões de dólares (R$ 11,4 bilhões) neste ano. O dinheiro já estava aqui antes. Com as SAFs, há uma nova seara. Clubes abaixo da linha de Palmeiras e Flamengo, como Atlético e Botafogo, se transformam em grandes investidores. O Botafogo, por exemplo, projeta uma receita maior que R$ 1 bilhão ao fim do ano. Perto do Flamengo! Era um clube que arrecadava R$ 200 milhões, há quatro anos, na Segunda Divisão. A tendência, no Brasil, é de cada vez mais SAFs. Por isso, acho muito difícil, com exceção do River Plate, que sabe vender jovens jogadores, aparecer outro argentino com a chance de competir”, argumentou.
O Estudiantes se aproximou do governo do anarco-capitalista Milei. Campeão da Libertadores em 2009, como jogador, e adversário do Botafogo em seu jogo de despedida, em 2017, Juan Sebastian Verón, hoje presidente do Pincha, acertou, em 2024, um pré-contrato com o bilionário norte-americano Foster Gillett para receber um aporte de 150 milhões de dólares (R$ 859 milhões). Com as cifras, pretende remodelar o Estádio Uno e as instalações do Country de City Bell, uma espécie de CT do clube.
Medina e Almada foram contratações de muito impacto – Foto: Divulgação/Estudiantes e Vitor Silva/Botafogo
Com a grana do investidor norte-americano, o Estudiantes também virou um predador no mercado. Se o Botafogo contratou Luiz Henrique e Almada no ano passado, o Pincha trouxe Alario, ex-Internacional, e Medina, já desejado pelo Glorioso. Este último, um reforço que deixou todo mundo boquiaberto na Argentina. Afinal, o clube de La Plata tirou um astro do Boca Juniors por 15 milhões de dólares (R$ 85,2 milhões). Em tempos pretéritos, acontecia o contrário. O movimento do Pincha colocou fogo no futebol do país.
No entanto, para o dissabor de Milei e de La Brujita, o estatuto da AFA (Associação de Futebol Argentino) proíbe que os clubes se tornem SADs. Além disso, no país vizinho, diametralmente oposto ao que ocorreu com Cruzeiro, Vasco e Botafogo, os sócios dos clubes batem o pé e impedem a privatização. Por ora, o Estudiantes, então, ainda pertence aos sócios.
“Não é ilegal proibir. Os argentinos tentam proteger o tecido social, que é a forma pela qual eles enxergam os clubes, mesmo que prejudique o mercado. Não estão errados. Nós vendemos os nossos clubes a preço de bananas. Sem pressão social. O ideal seria o modelo do Bayer de Munique. Você transforma em empresa, tem o investidor, mas não perde o contato com a comunidade (75% de cotas na associação – os outros 25% são divididos em três companhias)”, acrescenta Somogi.
Outra solução debatida entre os hermanos para driblar as restrições é o modelo misto. Ou seja, 51% de massa societária e 49% de capitais privados que podem investir e extrair benefícios. Este cenário permite ao clube melhorar, por exemplo, a infraestrutura. Porém, há o risco da perda de patrimônios e ativos.
Foster Gillett tem 47 anos. Ele é filho de Gregore Forster, magnata que chegou a comprar o Liverpool (ING), em 2007. No entanto, sua incursão pela Premier League naufragou. Os resultados esportivos não vieram, e o norte-americano vendeu os Reds para o Fenway Sports Group por 700 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão).
Foster Gillett levou Medina, na mira do Botafogo, para o Estudiantes. Mas Textor ficou com o Lyon – Foto: Reprodução e Vitor Silva/Botafogo
Dono do Rampla Júniors, clube da Segunda Divisão do Campeonato Uruguaio, Foster Gillett também tentou adquirir o Lyon. Ofereceu 300 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão), mas não obteve êxito. Tempos depois, em 2022, John Textor, acionista majoritário da SAF do Botafogo, adquiriu o clube europeu por 800 milhões de euros (R$ 4,5 bilhões). Os franceses fazem parte da Eagle Holding, empresa do big boss alvinegro, ao lado de Crystal Palace, RWD Molenbeek e o próprio Glorioso.
Em campo, o Botafogo encontrará Medina, a grande contratação de Gillett. Em termos midiáticos, o ex-alvo de Textor está para o Estudiantes assim como Almada para o Glorioso de 2024. Dentro das quatro linhas, o meia do Pincha, porém, ainda precisa provar mais. Assim como o atual campeão continental.
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