Gazeta Esportiva.com
·19 de junho de 2023
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O atacante Júnior Moraes falou pela primeira vez sobre sua ação judicial contra o Corinthians. O atleta, que teve passagem discreta pelo Timão, também respondeu o gerente de futebol Alessandro, que chamou o jogador de “covarde” e “mentiroso” após a partida contra o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro.
Júnior Moraes alega que tentou falar algumas vezes com Alessandro para chegar a um acordo quanto a uma rescisão contratual amigável, mas não teve retorno. O jogador foi afastado a pedido da comissão técnica e não estava mais nos planos do Timão. Seu contrato se encerrava ao final da temporada.
Segundo Júnior Moraes, o Corinthians deve a ele 12 salários, todas as parcelas de fundo de garantia. Apenas a parte da CLT estava em dia.
“Machucou muito (as falas do Alessandro). Primeiramente, vem revolta na gente. Eu pensei muito em bater da mesma forma, de frente, faltar com respeito também. Mas depois de tudo que já vivi, por querer sempre melhorar, ser exemplo, pedi uns dias para ficar tranquilo. Não me preocupei com o que as pessoas iam achar. Sei que muita gente foi na linha do que ele falou, mas tem o meu lado. Fiquei uns dias off para pensar com calma antes de responder”, iniciou Júnior Moraes, em entrevista ao podcast Denilson Show.
“Chega o Luxemburgo, a gente passou um mês muito tenebroso. Eu estava melhor, sendo medicado, treinando com o grupo, ia para alguns jogos. Chegou o professor, temos uma história legal, ele me conhecia do tempo de Santos. Ele tinha que tomar algumas decisões, optou por não me utilizar e comunicou todo mundo, como aconteceu com Balbuena, Du Queiroz e outros jogadores. Alessandro me chamou para conversar e me comunicou. O Vanderlei está no direito de não me utilizar, faz parte, segue o baile”, comentou Moraes sobre seu afastamento do time.
“Alessandro me chamou, disse que não me utilizaria e que tem o interesse de rescindir meu contrato. Disse que tudo bem, que entendo o lado deles. Fiz meu máximo, estou de consciência limpa, também não tinha o interesse de ficar no clube, apenas treinando. Queria chegar a um acordo. Pedi para eles me formalizarem tudo que eu tinha para receber, tinha 12 salários atrasados e todas as parcelas de fundo de garantia. um ano sem me pagar. Pagavam a parte da CLT e todas as outras partes estava sem receber”, complementou.
“Nunca liguei para isso (salários atrasados), meu foco estava em performar. E tudo bem, primeira vez na carreira que fiquei com salário atrasado, Pedi tudo que tinha direito e queria que a gente entrasse em um acordo, queria sair de uma forma legal, com uma formalização. Ele não me formalizou, não me mandou um e-mail e os dias foram passando. E era um momento de vários jogos, então quando ia falar com ele, ele recebia um telefonema e não dava para falar. Depois tinha a viagem para jogos. Chamei, tivemos segunda conversa e ele disse que não tinha como fazer acordo do que o Corinthians me devia. E eu falei que abria mão de grande parte, mas para chegarmos a um meio termo. Ele disse que tinha uma gestão no clube e que não tinha como fazer acordo. Falei que eu estava indo até ele, que esse é um papel do meu advogado. E disse que se meu advogado fosse cuidar disso, ele sabia o caminho que ia tomar”, acrescentou Júnior Moraes.
“Trocamos mais mensagens e nada. Na terceira vez que fui falar, Duilio também estava na sala. Quando fui falar com os dois, ele teve que atender um telefonema e disse que demoraria muito tempo, que depois a gente ia se falar. Meu irmão, eu já não era bem-vindo lá, fui 20 dias treinar afastado e a gente não precisava disso. Nessa terceira conversa, que foi mais informal, entendi que as coisas não iam caminhar. Fui falar com meu advogado, com as pessoas que tenho confiança. E me passaram qual era o caminho, que não tinha o que fazer. Se eles querem rescindir com você e você quer sair, vamos resolver. E foi quando decidi entrar com a ação, que tinha o fundo de garantia em atrás em todas as parcelas, e entrei. Tenho direito a muito mais que isso, mas entrei na ação para poder sair. Quando entrei com a ação, ainda tínhamos que esperar o pronunciamento do clube. Quando o Alessandro dá aquela declaração infeliz, o juiz na hora deu a quebra do contrato, a rescisão. A fala do Alessandro acelerou o processo”, afirmou.
Apesar das falas do dirigente, o jogar afirma não ter mágoa. Júnior Moraes também falou sobre seus problemas de saúde que dificultaram sua vida no Corinthians e relembrou seu único gol pela equipe, contra a Portuguesa-RJ.
“Por que mentiroso? Até agora não entendi, ele não falou. Falou covarde… Vocês lembram o único gol que fiz pelo Corinthians, contra a Portuguesa? Na madrugada, antes do jogo, tive uma reação alérgica, passei a madrugada no hospital, não tinha condições, mas sabia que seria titular. Pedi para jogar, mesmo passando por tudo. Sabia que era importante atuar naquela partida. Sempre quis reagir mais forte, tentei fazer algo para reagir. E foi meu único gol pelo Corinthians. Se alguém falar que minha passagem pelo Corinthians foi uma frustração, eu vou falar que não. Fazer aquele gol, comemorar com a torcida… Meu rosto estava inchado e só joguei o primeiro tempo, se eu não me engano. Eu saio, quando saio, vou direto para a enfermaria do clube e passo o segundo tempo todo tomando medicação na veia”, comentou.
“Fiquei mais de um ano calado e apanhei muito. Depois de tudo que aconteceu e o Alessandro ser desrespeitoso como foi… Entendo o momento do clube de pressão, momento tenso, questões pessoais dentro da casa dele… Mas faltar com respeito com a minha pessoa, não. Não guardo mágoa, rancor. Fiquei muito bolado, mas não guardo. Se encontrasse ele pessoalmente, olharia ele no olho e falaria com ele”, finalizou.
Júnior Moraes possui 21 jogos pelo Corinthians, com um gol marcado, sendo sete como titular. Em entrevista exclusiva à ESPN, Alessandro se manifestou a respeito das falas do atacante.
“Eu me senti daquela forma. Saí do lado da minha esposa para acompanhar ele no hospital, às 2h da manhã. Tive reuniões com ele para chegar a um consenso e uma rescisão amigável para ele sair de uma forma legal, como um cara com caráter. E se o juiz que recebeu o pedido daquele processo aplicasse o sigilo, no dia seguinte ele estava no CT para conversar comigo para uma quarta reunião. Sempre vou ser fiel ao que estiver ouvindo pelo outro lado. Foi isso, em três ocasiões, mostrei planilhas para ele para explicar os valores. Chego no CT e vejo uma matéria no globo.com, mandei um whatsapp para ele sobre o processo e nunca tive retorno dele. Tudo o que conversamos por horas, ele fez o contrário. Uma instituição que abraçou ele em um momento difícil da vida dele. Não tem nada pessoal. Foi por esse motivo que me manifestei de forma mais dura”, disse o dirigente.