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·14 de novembro de 2019
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Na próxima sexta-feira (15), Brasil e Argentina estarão, na Arábia Saudita, novamente frente a frente. Dessa maneira, a partida marcará o retorno de Lionel Messi. Percebeu? Não precisei especificar qual camiseta o gênio estará defendendo, pois é intuitivo. Agora, faça o seguinte exercício: inverta o lado no qual o melhor jogador de futebol da atualidade estará.
Em outros tempos, a Argentina contou com um brasileiro entre seus selecionados. Aarón Wergifker, nascido em São Paulo, mas de origem russo-judaíca, foi radicado em Buenos Aires. Dessa maneira, se transformou em um dos maiores ídolos do River Plate, onde atuou de 1932 até 1941. Nesse período, conquistou cinco Campeonatos Argentinos. Assim, tornou-se o único brasileiro nascido no Brasil a defender a Albiceleste entre 1934 e 1936, quando adentrou o campo de jogo em cinco ocasiões para defender a Seleção hermana.
José Rodrigues Neto foi o protagonista que mais perto chegou de repetir esse roteiro. Dentro das quatro linhas, era um clássico “coringa”. Sendo assim, podia atuar em todas as funções na primeira linha defensiva, bem como desempenhava também o papel de ponta tanto na direita quanto na esquerda. Revelado pelo Flamengo, onde acumulou 438 partidas, foi descoberto em uma excursão do clube pelo Espírito Santo, onde o mineiro atuava pelo Vitória-ES. Teve também passagens por Fluminense e Botafogo. Além disso, foi um dos 22 convocados pelo técnico Cláudio Coutinho para a Copa de 1978.
Por curiosidade, aquela edição teve como país sede à Argentina, onde defendeu Ferro Carril Oeste e Boca Juniors. Além disso, compôs a Seleção Portenha, isto é, da cidade de Buenos Aires. Desse modo, as primeiras trocas de experiências com argentinos aconteceram ainda dentro da Gávea. Por lá, dividiu vestiário com Rogelio Domínguez, que foi arqueiro do Real Madrid de Alfredo Di Stéfano, e, sobretudo com Narciso Dorval, quem o apelidou de “Toribio”. Cabe ressaltar também que foi comandado por Manuel Fleitas Solich, técnico Tricampeão Carioca (53,54 e 55).
A primeira convocação para a Canarinho veio com a camisa Rubra-Negra, em 1972, ou seja, pré-Era Zico, quando o Flamengo vivia uma época de vacas magras. Após um pedido de dispensa da Seleção Brasileira, caiu no esquecimento. Entretanto, em 1976, depois de belas atuações naquele Fluminense que ficou imortalizado com a alcunha de “Maquína Tricolor”, retornou ao selecionado. Escalado na lateral-esquerda, então, Rodrigues bancou Edinho e foi titular na Copa de 1978.
Naquela época, devido a Lei do Passe, eram esporádicos os casos de jogadores trocando de clube. Quando eventualmente ocorria, rumar para o futebol europeu era algo malquisto pelos atletas brasileiros, uma vez que a distância originava um ruído na observação, que, por sua vez, era um empecilho para a continuidade na Canarinho.
Nesse cenário, não era raridade encontrar brasileiros em um “exterior caseiro”. Assim, países da própria América do Sul começaram a receber alguns bazucas. Desse modo, o Peñarol teve Jair, ao passo que o Nacional contou com Marcelo Oliveira. O Talleres teve Júlio César “Uri Geller”, enquanto, em 1979, o Rosário Central trouxe Mario Sérgio. Aquele também foi o ano de desembarque de José Rodrigues Neto no Ferro Carril Oeste, um dos clube mais elitistas da Argentina.
Um jogador que recém havia disputado a Copa do Mundo era contratado por uma equipe modesta. Em suma, José Rodrigues Neto foi o reforço de peso para um elenco que, em 1978, havia conquistado a Primeira B Nacional. No total, defendeu 63 vezes a camiseta Verdolaga tendo anotado dois gols. Em 16 de novembro de 1980, Rodrigues Neto defendeu pela última vez Ferro. Naquele ano, o brasileiro envergou o distintivo da AFA no peito. Isso porque, foi convocado pela Seleção da Capital Federal para disputar alguns amistosos realizados em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade de Buenos Aires.
Naquele ano, o brasileiro envergou o distintivo da AFA no peito. Isso porque, foi convocado pela Seleção da Capital Federal para disputar alguns amistosos realizados em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade de Buenos Aires. Juntamente com Diego Armando Maradona, na época no Argentinos Juniors, era o único da “capital” vindo de um clube sem título na elite argentina. Os 11 foram: Ubaldo Fillol (River), o brasileiro, Hugo Pena (San Lorenzo), Daniel Passarella (River) e Vicente Pernía (Boca); Reinaldo Merlo (River), Carlos Babington, Miguel Ángel Brindisi (ambos Huracán) e Norberto Alonso (River); René Houseman (Huracán) e Maradona.
Depois de uma temporada no Internacional, retornou à Argentina para jogar pelo Boca Juniors, onde reencontrou Carmelo Faraone, seu técnico no Ferro Carril. Porém, calhou de pegar um Boca em graves problemas econômicos. Já com 33 anos, também foi atrapalhado por lesões e não lembrou o jogador insinuante dos tempos de Ferro, atuando só 12 vezes de julho a dezembro como Xeneize.
Em fim de carreira, rumou ao São Cristóvão para uma experiência de jogador-treinador antes de uma excursão de veteranos a Hong Kong render um contrato com um clube do território sino-britânico: no Eastern, foi campeão e artilheiro da copa local de 1983-84, pendurando as chuteiras no Extremo Oriente. Diabético, Rodrigues Neto foi vitimado por uma trombose. Que possa descansar em paz.