José Morais quer treinar o Benfica: «Há apostas que não são de risco» | OneFootball

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Zerozero

·22 de maio de 2024

José Morais quer treinar o Benfica: «Há apostas que não são de risco»

Imagem do artigo:José Morais quer treinar o Benfica: «Há apostas que não são de risco»

Aos 58 anos, José Morais é um dos treinadores portugueses com mais vasto currículo internacional. Depois de, entre outras experiências, ter sido adjunto de José Mourinho no Inter de Milão, no Real Madrid e no Chelsea, o técnico está atualmente no Sepahan, do Irão.

Na terceira parte da entrevista, o treinador reassume o desejo de treinador o Benfica e recorda os momentos em que se cruzou com Rúben Amorim, Xabi Alonso e Thiago Motta, agora treinadores de Sporting, Bayer Leverkusen e Bolgna.


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A primeira parte da conversa pode ser lida aqui; a segunda pode ser consultada aqui.

Zerozero: Há poucos meses referiu que não duvida da sua capacidade para ser treinador do Benfica. Mantém o sonho/objetivo de orientar a nível sénior o clube onde já foi treinador de formação?

José Morais: Mantém-se vivo porque é preciso estar-se vivo para se ter esta oportunidade. Mantenho essa convicção pelo conhecimento que adquiri e pelas experiências que fui vivendo. Há momentos em que as apostas não são de risco. Quando olhamos para alguém que tem determinado passado e determinado tipo de experiências, há apostas que não são de risco. Quem passa por balneários como o Inter de Milão, Real Madrid e Chelsea, quem trabalha com balneários de Liga dos Campeões e com os melhores jogadores do mundo... Estas qualidades existem e são as necessárias para liderares balneários de equipas que lutam para ser campeãs. Hoje em dia, tens também influência mediática que te fazem ser mais ou menos contestado em relação aos resultados. No entanto, tens treinadores que têm capacidade para criar resultados face às possibilidades que têm de liderar determinados grupos pelo passado e experiência que tiveram; e outros que têm menos capacidade para criar esses resultados porque a experiência que têm não lhes permite encontrar soluções quando surgem determinadas situações.

As soluções têm a ver com o controlo emocional, com o autoconhecimento e a convicção que tem sobre a vida. Eu hoje sou um coach da vida, isto para além de ser um treinador de futebol com muita experiência. Se vou ao não ter essa oportunidade, isso não sei. Se quero que aconteça e tenho a certeza que pode ser possível? Sim. As pessoas sabem por onde passei, se o momento e a oportunidade surgirem, de certeza que serei útil ao clube porque tenho a certeza que posso ajudar. Defrontei treinadores que foram treinadores do Benfica e considero-me ao nível deles. Tenho essas condições e se acontecer fico feliz. Se não acontecer... Quero muito que aconteça.

ZZ: Pegando na sua resposta e olhando para o facto de o Benfica estar a viver um período de instabilidade, encararia com entusiasmo a possibilidade de essa oportunidade surgir já na próxima época? Isto referindo que o treinador Roger Schmidt tem contrato com o Benfica...

JM: O Vítor Pereira chegou a treinador da equipa do FC Porto depois de ser adjunto do Villas-Boas... Tenho a certeza que a experiência que tive junto do melhor treinador português de todos os tempos... Tenho este passado e tenho pena que clubes como o FC Porto tenham aproveitado e que eu, que tive a passagem que tive pelo Benfica e que conheço o Benfica como as palmas das minhas mãos... Se eu tiver oportunidade iriei ajudar da mesma forma como os outros foram capazes de ajudar. Se estou a pedir esta oportunidade? Não. Gostava apenas de oferecer essa possibilidade. Se não for possível e aparecer alguém que ajude o Benfica, também fico contente.

Sou adepto do treinador que está no clube atualmente, de resto já o enfrentei na Liga dos Campeões da Ásia. Da mesma forma que nos defrontámos nessa competição, também me vejo noutro tipo de competição. O Roger Schmidt pensa bem o jogo, ainda que o Benfica não seja um clube fácil. É necessário que haja um caminho único e o Rui Costa é alguém que percebe esses aspetos. É natural que defenda o Roger Schmidt, até porque ele é um treinador com qualidade. Não se pode ser campeão todos os anos, até porque no Sporting houve alguém, que fez uma grande diferença: o Gyökeres...

ZZ: Falando precisamente do Sporting, como tem acompanhado o crescimento do Rúben Amorim como treinador? Que memórias guarda do miúdo com quem trabalhou nos infantis do Benfica?

JM: O Rúben de hoje não tem nada a ver com o Rúben que conheci há muitos anos, quando começámos a trabalhar juntos ele tinha nove anos. No entanto, ele era um jogador de qualidade, até jogava no escalão acima. Sempre foi alguém responsável, era capitão e estava a construir uma personalidade que lhe permitia vir a ser líder. Era uma criança bem disposta e positiva no jogo, ainda que não fosse muito extrovertida com os treinadores. Sempre gostei dele e tenho uma boa relação com os pais dele. Aliás, até estive quase para o levar para o Antalyaspor. Perdemos um pouco o contacto nos últimos anos, mas temos amigos em comum e fico muito feliz pelo sucesso que ele está a ter.

ZZ: O Rúben Amorim não foi o único jogador com quem se cruzou que está a ter sucesso como treinador. Que histórias guarda do período em que conviveu com o Xabi Alonso e com o Thiago Motta? Já dava para perceber que eles poderiam enveredar pelo caminho do treino?

JM: O Xabi Alonso sempre foi um indivíduo muito sóbrio, mas tenho uma boa relação porque ele sempre foi alguém muito interessado pelos aspetos táticos. Como eu tinha a responsabilidade de criar muitas das informações que eram necessárias sobre o adversário, ele vinha muitas vezes ao nosso gabinete à procura de mais coisas. Ou seja, o José Mourinho entregava-lhes o documento com informação sobre o adversário e ele ainda vinha falar connosco. Tinha muita curiosidade em perceber o que é que eu estava a fazer, ainda que não desse para perceber se ia ser treinador ou não. No Inter de Milão, nesta linha, tínhamos também o Cambiasso, por exemplo.

Em relação ao Thiago Motta, lembro-me sempre de um episódio. Uma das últimas vezes em que estivemos juntos ele ainda estava no Paris SG. Foi por volta de 2020 e ele só me disse uma coisa «Zé, tenho de te pedir desculpa. Houve um jogo em que estavas a dar-me indicações para me ajudar e eu comecei a refilar contigo. Só depois é que percebi o que me estavas a dizer, na altura pensei que estavas contra mim». O jogo a que ele se estava referir era o Barcelona-Inter de Milão de 2010, ele até foi expulso: ou seja, passaram-se dez anos e ele ainda me pediu desculpa. Só mostra o caráter dele.

Além deste dois, gostei muito de trabalhar com o Patrick Vieira, que também deu treinador. Olhando para o contexto atual, vejo o Pepe com características para poder vir a ser um bom treinador e, analisando a minha equipa técnica, vejo também o Hugo Almeida com muito potencial.

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