Jogada10
·29 de julho de 2025
Jornalistas escancaram ‘desleixo’ da Conmebol e citam atraso da Copa América à Euro Feminina

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·29 de julho de 2025
O abismo estrutural entre as edições 2025 da Copa América e da Euro Feminina, encerrada no último domingo (27), tornou-se assunto no episódio mais recente do podcast ‘Terrabolistas’, no Youtube. Para além da disparidade no cuido dos gramados, o debate também identificou contrastes que se estendem à organização, estrutura e projeção da modalidade por continente.
Enquanto a Uefa entregou um torneio histórico na Suíça, com estádios lotados e recordes de audiência, a Conmebol conduziu uma competição marcada por críticas. Arquibancadas vazias e condições técnicas frágeis protagonizaram inúmeros debates no decorrer do evento, como sinal de alerta para o atraso de investimento e divulgação da modalidade.
Apesar das opiniões pessoais, os comentaristas concordaram com a consolidação do modelo europeu, que vislumbra um caminho de desenvolvimento. Por outro lado, disseram que a versão sul-americana apenas escancarou carências culturais de uma entidade que ainda trata o futebol feminino com descaso.
Apresentador do podcast, Dario Vasconcelos iniciou o tema com uma análise direta sobre o nível técnico e organizacional do torneio europeu: “Tivemos a final nesse último domingo e as inglesas ganharam das espanholas nos pênaltis. Achei um jogo acirrado, disputado e muito bom de assistir. Acho que um nível muito diferente da nossa Copa América, infelizmente ainda”.
Pedrão Fut, convidado do episódio, debruçou no tema e destacou que se trata de uma disparidade para além das quatro linhas. Para o comentarista esportivo, o torneio sul-americano deixa a desejar especialmente no produto — por responsabilidade direta da Conmebol.
“Não só em nível técnico, mas o produto. É muito importante entender o futebol também como um produto comercial, de entretenimento. Quando você liga no jogo da Eurocopa, tem a iluminação do estádio, a qualidade do gramado, a torcida, um estádio cheio…”, iniciou.
Antes de encerrar seu discurso sobre o tema, Pedrão Fut ainda fez uma crítica construtiva voltada à Conmebol — organizadora do torneio. “Quando você tem vários campeões diferentes, eu acho que engrandece a competição, e a Eurocopa tem que ser um exemplo. Que sirva para Conmebol olhar e falar assim: ”Isso que a gente tem que trazer pra cá enquanto produto”. Conmebol, CBF, fiquem de olho na Eurocopa, porque é esse tipo de produto que a gente quer ver por aqui”.
Enquanto a Uefa comemora recordes de público e engajamento digital com mais de 657 mil torcedores presentes nos estádios da Suíça, a Copa América Feminina sofre com críticas à organização e falta de estrutura. Jogadoras como Marta e Kerolin denunciaram a realização de aquecimentos em áreas improvisadas, fora do gramado principal.
Além disso, a ausência de VAR na fase de grupos gerou protestos. Yanara Aedo, do Chile, resumiu: “Uma falta de respeito enorme não termos tecnologia nesta Copa América. É uma Copa América feminina, deveria ser igual à dos homens”.
O não uso do VAR partiu da própria Conmebol, que limitou a implementação do recurso apenas às semifinais. A ação, aliás, contribuiu para o desgaste institucional de um torneio que deveria servir de plataforma de visibilidade e desenvolvimento.
Os dados reforçam a disparidade. Segundo a Deloitte, os esportes femininos devem gerar 2,35 bilhões de dólares em 2025. A UEFA, para se ter ideia, distribuiu 41 milhões de euros em prêmios, enquanto a Conmebol ainda patina em investimentos básicos. A Copa América, por exemplo, contou com apenas dois patrocinadores relevantes ao passo que a Euro atraiu 12 marcas oficiais e transmissão em horário nobre na TV europeia.
A jornalista equatoriana Martha Córdova definiu com precisão a raiz do problema: “Há uma organização limitada nesta Copa América”
Enquanto a Inglaterra celebra o bicampeonato e a UEFA prepara o legado da Euro, a América do Sul ainda lida com o básico. Com o Brasil confirmado como sede da Copa do Mundo de 2027, os jornalistas encerraram o episódio do Terrabolistas reforçando o papel decisivo das entidades sul-americanas na correção de rumos.
“O Mundial será mais do que uma vitrine. Será o grande teste de maturidade do futebol feminino sul-americano”, concluiu Pedrão.