Mundo Rubro Negro
·06 de fevereiro de 2023
Mundo Rubro Negro
·06 de fevereiro de 2023
Pode parecer soberba, pode parecer falta de respeito com os adversários, pode parecer mais um sintoma do famoso “flacentrismo”, essa doença tão rubro-negra que faz com que na nossa cabeça o Flamengo assuma um papel central até quando no mundo real a situação não é exatamente assim. Mas no momento atual, mais do que nunca, é muito complicado fingir que o principal adversário do Flamengo não vem, mais uma vez, sendo o próprio Flamengo.
Afinal, como terminou a equipe rubro-negra o ano de 2022? Campeã da Libertadores e da Copa do Brasil, dois jogadores convocados para a Copa do Mundo, com mais cinco na pré-lista do torneio, além de diversos atletas reabilitados durante a temporada e um técnico cogitado na seleção brasileira.
Houve uma queda significativa de desempenho na reta final do Brasileirão? Claramente sim, algo que poderia ser creditado a fatores que vão desde cansaço físico até questões motivacionais, mas nada que realmente estragasse o ano ou causasse qualquer pessimismo na equipe para a disputa do Mundial no ano seguinte.
Lembra quando tudo parecia bonito e a sensação era de que nada poderia dar errado?
Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
E como estava o Flamengo na primeira semana de fevereiro de 2023? Vindo de uma derrota constrangedora para o principal adversário no cenário nacional, em que nossa defesa sofreu 4 gols, aparentemente sem peças de reposição após vender um dos destaques da temporada passada, ainda sem lateral-direito titular e com torcedores protestando na frente do CT após um dos reservas se oferecer para outro clube numa live em dia de jogo, não ser colocado em campo durante a partida e ter um breve surto histérico atirando as chuteiras contra o banco de reservas.
Mas como a equipe que terminou a temporada passada num cenário extremamente positivo conseguiu, em tão pouco tempo, se colocar numa situação tão esquisita? Bem, é aí que entra o talento de todos envolvidos com o Flamengo em tentar complicar, de todas as formas possíveis, a vida do próprio Flamengo.
Primeiro com a saída de Dorival Junior, um técnico que não era brilhante mas tinha ótima relação com o grupo e havia conquistado dois títulos importantes, para a chegada de Vitor Pereira, treinador que realizou um trabalho mediano no Corinthians e, fora títulos em Portugal comandando a equipe montada por André Villas-Boas, só teve conquistas no futebol grego e chinês.
O que acontece com a cabeça do cidadão quando ele passa tempo demais em rede social
Foto: Reprodução / Band
Depois pela montagem do elenco, para o qual Marcos Braz prometeu reforços de peso que nunca vieram, tendo como única negociação imediata o retorno de Gérson – o goleiro argentino Rossi assinou um pré-contrato para o segundo semestre .
Seguimos sem ter um lateral-direito titular, com Varela e Matheuzinho revezando na posição de “pessoa que te faz quase sentir saudade do Rodinei”, seguimos sem ter um meia reserva para a criação e perdemos João Gomes, que realizava a função de primeiro volante de uma maneira que Gérson e Vidal não tem a energia e Pulgar não tem a qualidade para realizar.
O que se vê então é um Flamengo que encerrou a temporada 2022 pronto, organizado e com uma pré-temporada para aprimorar o que já estava funcionando, e se encontra agora, poucos dias antes de entrar em campo na busca pelo título mais importante possível, de volta à prancheta de rascunhos, tendo que encontrar às pressas soluções para problemas que ele mesmo criou e se preocupar menos com ser a zebra da final e mais com não ser vítima de uma zebra nas semis.
E não que seja impossível para esse Flamengo voltar do Marrocos com o nosso segundo título mundial, dada a qualidade dos jogadores e todas as conquistas que esse grupo já realizou, mas não tem como, diante do quão diferente o ambiente rubro-negro se tornou em apenas dois meses, não pensar que nossas chances seriam bem mais altas se o próprio Flamengo não tivesse se esforçado tanto para se complicar.
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