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·10 de junho de 2025
JNL: “A formação tem que ter como base … A formação”

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·10 de junho de 2025
Um candidato não deixa de ser um bom presidente por cometer uma gafe — ou até duas. Um candidato à presidência do Benfica não perde valor por demonstrar alguma insegurança em palcos que não domina, como é o caso da televisão. Mas um candidato a presidente do maior clube português deixa, sim, de o ser se não passar de uma cassete repetida sempre que dá uma entrevista.
Em comparação com o outro candidato, João Diogo Manteigas, a entrevista de ontem de João Noronha Lopes foi um autêntico desastre. Não o digo com o intuito de o diminuir — até outubro, e com o forte investimento que apresenta, acredito que pode melhorar em relação ao que tem mostrado. João Diogo Manteigas, por estar habituado há anos à televisão, esteve melhor em termos de comunicação. João Noronha Lopes mostrou precisamente o contrário. Se tivesse continuado a falar de Benfica, mesmo quando se afastou de quem o apoiava, hoje talvez não tivesse este problema.
Quanto ao conteúdo, o discurso foi uma repetição do que já ouvimos no Record, na A Bola e na CNN. Chavões, frases feitas e ideias que, na sua maioria, já estão em prática no clube. Prefiro destacar o tema Adidas: disse que o Benfica tinha de passar para segundo lugar. Gostava de saber como.
Sobre a formação já o disse noutro artigo e posso voltar a repetir.
Basta recuar até 2015/16 e olhar para os factos:
Todos eles jogadores da formação, com jogos, minutos e integração contínua na equipa A. A política de valorização e permanência de talentos da casa tem sido real e consistente.
Não me venham com a conversa do jogador da formação de primeira e o jogador da formação de segunda. Pode melhorar? Claro que sim. Deve e tem de melhorar.
Sobre Gyökeres, disse que o Sporting vai ter um problema no verão. Mas não explicou o que faria se estivesse no lugar deles — e seria interessante saber como geriria uma situação dessas.
Para finalizar: as gafes. E deixo-as para o fim porque, sinceramente, não lhes dou grande importância. É verdade que não se pode dizer que Frederico Varandas é o presidente do maior clube português — porque não é. Também não se pode afirmar que a base da formação tem de ser… a formação. São gafes, sim, mas facilmente corrigíveis.
Agora, não coloquem bots e voluntários a atacar quem simplesmente não gostou do que ouviu. Pedem escrutínio em todo o lado, mas depois não aceitam ser escrutinados? São exigentes com tudo o que mexe, mas benevolentes com quem quer ser presidente? O que se disse das gafes do Galinha? E o que se fez ao candidato Cristóvão Carvalho quando anunciou, recuou e voltou a anunciar? Não podem dizer que esta não é uma candidatura contra alguém e, ao mesmo tempo, mandar indiretas ou lançar ataques aos outros.
Isto não é uma crítica ao candidato, mas sim a quem o rodeia. Se querem escrutinar tudo e todos, comecem por dar o exemplo e façam o mesmo com quem apoiam.
Face à enorme mobilização que João Noronha Lopes conseguiu, é justo que esteja, pelo menos, à altura do apoio que tem recebido. Acredito que vá melhorar — mas, para já, está preso numa cassete que o impede de desbloquear o nível seguinte.