Inovação e falsa bronca em Romário: Apolinho marcou Flamengo x Juventude em 95 | OneFootball

Prestes a encarar o Juventude pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro, nesta quarta-feira (16), o Flamengo já viveu uma história bastante inusitada contra este mesmo adversário, no Nacional de 1995.

Na época, o consagrado jornalista Apolinho ainda atuava como treinador rubro-negro, após um chamado do então presidente Kleber Leite tratado por ele como uma "convocação".

Com passagens por grandes veículos, em especial a Rede Globo, Apolinho era considerado um dos grandes conhecedores do futebol do país e acabou chamado por Kleber para comandar um time especial.

Naquela temporada, o Flamengo comemorava seu centenário — e o ano festivo se refletiu na principal contratação do ano: Romário, então campeão da Copa do Mundo e eleito o melhor do planeta pela Fifa.

Pois logo no primeiro jogo em que comandou o Baixinho, Apolinho gerou duas histórias inesquecíveis e que ficaram marcadas para sempre. Abaixo, o MundoBola Flamengo relembra cada uma delas.

TV no banco de reservas

A grande notícia daquela partida, além da vitória do Flamengo por 2 a 0, ficou por conta de uma televisão de 14 polegadas. O item até poderia parecer normal, mas o local em que estava chamou atenção de todos.

Apolinho simplesmente levou a televisão para o banco de reservas do Flamengo e argumentou que as transmissões davam uma visão melhor do gramado que a área técnica.

"Estou tão acostumado a ver pela televisão que cheguei a pedir ao 'sportv' para passar o jogo do Flamengo. A visão do banco de reservas é péssima", explicou.

Segundo ele, a visão da TV ajudaria a observar a disposição tática do time e a enxergar coisas que a área técnica não permitiria, até por uma questão de profundidade. Além disso, Apolinho queria ver os replays.

"A TV ajuda na observação de alguns detalhes ao repetir os lances. Sempre que o Flamengo jogar, a cena se repetirá", disse Apolinho em declaração publicada no jornal "O Globo".

O periódico, inclusive, publicou a entrevista pós-jogo com o seguinte título: "TV passa a integrar a comissão técnica". Foi uma maneira clara de tratar com ironia uma situação tão incomum.

Aquela partida aconteceu há quase 30 anos, no dia 17 de setembro de 1995, e terminou em 2 a 0 — com dois gols do atacante Sávio. O jogo valeu pela sexta rodada do Grupo A do Campeonato Brasileiro.

Bronca de mentira em Romário

A TV, porém, não seria a única cena insólita naquela partida. Devido a uma conjunção de fatores, Apolinho revelou em 2016 que deu uma bronca "falsa" em Romário, grande craque do elenco e que já o definiu como "pai para todos".

Tudo começou com o desfalque do lateral-esquerdo Lira, substituído por Leonardo Inácio — que tinha acabado de subir da base. A escolha do jovem, todavia, deixou Apolinho preocupado.

A tensão do treinador estava relacionada ao técnico Emerson Leão, que colocaria o ataque do Juventude para forçar em cima de um atleta ainda sem experiência.

Desta forma, Apolinho convenceu o atacante Nélio a "proteger" Leonardo, impedindo que o time adversário conseguisse criar superioridade numérica no setor. Mas o plano não deu muito certo.

Focado no que precisava fazer no ataque, Nélio avançou e causou a subida de Leonardo, o que enfureceu Apolinho. O treinador, então, passou a cobrar o atacante para recompor e ajudar na proteção.

Neste momento, Apolinho passou a observar a transmissão e viu o comentarista Fernando Calazans expor as cobranças sobre Nélio: "Com ele, é fácil. quero ver chamar [atenção] do Romário".

Pois Apolinho se dirigiu à beira do campo e, mesmo sem nada para falar a Romário, disparou: "Romário, volta! Está pensando o que?", revelou entre risos.

Substituto de Vanderlei Luxemburgo, Apolinho comandou o Flamengo em 26 partidas, com 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Chegou a ser vice da Supercopa da Libertadores e atuou como diretor em 1998.

Apolinho morreu há cerca de um ano, no dia 15 de maio de 2024. O jornalista estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, com um grave câncer no fígado. Deixou três filhos e sete netos.

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