Fala Galo
·11 de abril de 2020
Há 50 anos: o início da “Era Telê Santana” no comando técnico do Atlético

In partnership with
Yahoo sportsFala Galo
·11 de abril de 2020
Foto: Internet/WEB
Bruna Vargas 11/04/2020 – 17h Clique e siga nosso Instagram Clique e siga nosso Twitter Clique e siga nosso YouTube Clique e siga nosso Facebook
GRUPO DE NOTÍCIAS DO FALA GALO, CLIQUE AQUI:
O ex ponta-direita de família alviverde que chegou ao Atlético para fazer história e entrar na história. Conhecido e elogiado por ser um excelente comunicador e amigo dos jogadores, lembrado por lançar promessas e escalar sempre quem estava no seu melhor momento. Além de apreciador do “futebol arte” e do talento que muitas vezes sobrepunha a tática. O treinador chegou para mudar os rumos do alvinegro. “O Atlético precisava de uma explosão e eu apenas acendi o pavio” – disse Telê ao Jornal dos Sports, em 1970.
Esse mês a chegada do treinador no comando do Atlético completou 50 anos e após 3 passagens, colecionou 434 jogos a frente da área técnica do alvinegro e é até hoje o treinador com mais jogos a frente do clube.
Após conquistar o Campeonato Carioca, pelo Fluminense, em 1969, o Telê Santana foi chamado para voltar ao seu estado natal, Minas Gerais. Recebeu o convite de Nelson Campos para comandar o Atlético enquanto Zagalo substituía João Saldanha na seleção brasileira. O alvinegro buscava um treinador com uma nova metodologia, para quebrar, acima de tudo, a hegemonia do arquirrival Cruzeiro. Apesar de um início desanimador, o Atlético, de repente, deu uma bela arrancada com taças consecutivas. Foi Campeão Mineiro, no Mineirão, pela primeira vez em 1970. Com 22 jogos, 20 vitórias, um empate e uma derrota, o Galo se consagrava novamente campeão do estadual, competição que não conquistava desde 1963.
Em 1971, a CDB (Confederação Brasileira de Desportos), antecessora da CBF criou o primeiro Campeonato Brasileiro. O Galo iniciou com um empate contra o América e Grêmio. Após duas vitórias consecutivas contra Flamengo e Bahia, se classificou para o triangular final com antecedência e venceu o São Paulo por 1 a 0. Após o tricolor paulista vencer o Botafogo por 3 a 0, o Galo só dependia de um empate contra o time carioca no Maracanã, mas uma vitória por 1 a 0 decretou a conquista do primeiro Campeonato Brasileiro pelo Atlético. Em 1972, com uma campanha sem sucesso na Libertadores e abaixo do esperado no Brasileirão, além de perder o Campeonato Mineiro pro Cruzeiro, o primeiro ciclo do treinador no Galo chegou ao fim.
“Quem ganhou este campeonato para o Atlético, mais do que nunca, foi a humildade de Telê” – Osvaldo Faria na coluna “Coragem para dizer a verdade” no Diário de Minas.
Após 8 meses no São Paulo, em agosto de 1973, Telê voltou ao Galo. Apesar de encontrar jogadores como Reinaldo, na época com 16 anos, o técnico não conquistou nenhum grande troféu e viu o rival Cruzeiro voltar com força total para o cenário esportivo. Enquanto o arquirrival brigava na cabeça, no Atlético, o clima era de reconstrução. Balançando no cargo e muito pressionado após o fim do mandato de Nelson Campos, Telê pediu demissão em 1975 após resultados ruins no Brasileirão.
12 anos depois, Telê voltou para sua terceira passagem no alvinegro, após Nelson Campos ser eleito para o lugar de Elias Kalil. E encontrou o alvinegro no fim da sua geração dourada após venda de Cerezo em 83, despedida de Reinaldo em 85 e no ano seguinte, e a de Éder Aleixo. No Brasileirão, invicto, líder de grupo em duas fases, o alvinegro foi eliminado pelo Flamengo nas semifinais de 87. Telê Santana encerrou sua passagem pelo Atlético com o título do Campeonato Mineiro em 88. No dia do aniversário do Galo (25 de março), de 2006, com 74 anos, o ex-treinador foi internado e morreu em 21 de abril de 2006, por falência múltipla dos órgãos.
Após a conquista do título brasileiro, Telê revelou sobre sua promessa de ir a pé de Belo Horizonte até Congonhas (67 km), que não foi cumprida em sua totalidade. Escoltado por uma radiopatrulha da PM, o treinador parou antes do destino final, entrou em uma igrejinha a beira da estrada, e lá mesmo, agradeceu.
Um nome mais que relevante no cenário esportivo mineiro, Telê foi lembrado pela TV Alterosa, em 2002. A emissora criou o Troféu Telê Santana que homenageia, além do ex-jogador e treinador do Atlético e Seleção Brasileira, os melhores jogadores, treinadores e esportistas de Minas Gerais.
Na década de 90, após sofrer um AVC, o treinador deixou os gramados. Em entrevista ao Programa Gente da TV Horizonte, foi perguntado de qual clube tinha mais saudade e a resposta foi o Atlético. Justo Telê, que vinha de uma família de torcedores do América-MG, e assumiu, em entrevista ao programa Roda Viva, que não tinha muita simpatia pelo alvinegro quando menino, e que como torcedor, o odiava, era o clube que deixou saudades no ex-treinador. Uma raiva que virou relação de amor e uma história memorável que há 50 anos começava a ser escrita.