Trivela
·13 de agosto de 2021
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·13 de agosto de 2021
Este texto faz parte do Guia da Premier League 2021/22. Clique e leia sobre todos os times.
Cidade: Watford Estádio: Vicarage Road (21.000 pessoas)
A pandemia causou efeitos econômicos diversos ao redor da pirâmide. Muitos clubes correram o risco de entrar em falência pela ausência de receitas da bilheteria, e mesmo na Premier League, o poder de compra foi prejudicado. Embora tenha suado frio com a folha salarial que precisava pagar todos os meses, esportivamente o Watford acabou se beneficiando porque não houve uma debandada tão grande quanto se imaginava após o rebaixamento em 2019/20 e, mantendo alguns pilares do time que disputou a elite recentemente e contando com os pagamentos de paraquedas a clubes recém rebaixados, o retorno se concretizou imediatamente.
Alguns jogadores ainda saíram, como Abdoulaye Doucouré, Étienne Capoué, Danny Welbeck, Gerard Deuloufeu e Craig Dawson, mas o time que disputou a Championship ainda tinha Ismaïla Sarr, João Pedro, Will Hughes, Troy Deeney e outros que inclusive foram titulares na final da Copa da Inglaterra de 2019 contra o Manchester City. Mas nem por isso a campanha na segunda divisão foi um passeio.
Como costuma acontecer durante o reinado da família Pozzo, houve troca de treinador, Xisco Muñoz no lugar de Vladimir Ivic, em dezembro, com o time ainda na zona dos playoffs. A decisão acabou sendo justificada porque o Watford arrancou a partir daquele momento, com 18 vitórias, três empates e apenas cinco derrotas para terminar em segundo lugar, atrás do Norwich.
O desempenho nem sempre correspondeu ao aproveitamento de pontos, e o forte acabou sendo a defesa, a melhor da Championship, com apenas 30 gols sofridos. Sarr foi o grande destaque, com 13 gols e quatro assistências.
Principais chegadas: Imrân Louza (Nantes), Emmanuel Dennis (Club Brugge), Mattie Pollock (Grimsby Town), Danny Rose (Tottenham), Ashley Fletcher (Middlesbrough), Joshua King (Everton) Principais saídas: Craig Dawson (West Ham), Ben Wilmot (Stoke City)
O foco foi fortalecer o ataque, apenas o sexto melhor da Championship, mas o maior investimento foi feito no meia Imrân Louza, jovem de 22 anos que fez sete gols em 33 jogos pelo Nantes na última temporada da Ligue 1. Outra compra foi o atacante Emmanuel Dennis, que causou problemas ao Real Madrid dois anos atrás com a camisa do Club Brugge.
A sua última temporada foi… controversa. Em novembro, foi cortado do time que enfrentou o Borussia Dortmund pela Champions porque saiu do ônibus da delegação após ser informado que não poderia sentar em sua poltrona favorita por causa das medidas de distanciamento social, segundo o veículo belga Het Laatste Nieuws. Depois, emprestado ao Colônia, levou o diretor-esportivo do clube alemão a dizer que se arrependeu da contratação porque “Dennis não é um cara fácil”.
O Watford contratou outros dois atacantes, ao fim de seus contratos. Joshua King passou a última temporada entre o Everton e o Bournemouth e não marcou nem na Championship, nem na Premier League, mas tem uma média boa de um gol a cada três partidas em mais de 180 aparições pelo Bournemouth. Ashley Fletcher anotou apenas dois tentos em 12 jogos de segunda divisão pelo Middlesbrough, muito prejudicado por lesões.
A defesa ganhou a experiência de Danny Rose, ex-lateral esquerdo de Tottenham, Newcastle e da seleção inglesa.
O sistema defensivo foi o forte na campanha do acesso. Vladimir Ivic começou a temporada com um esquema com três zagueiros, mas retornou ao tradicional 4-4-2 do Watford antes de ser demitido. Xisco insistiu nesse esquema até mais ou menos fevereiro, quando introduziu o 4-3-3 com o qual arrancou à promoção. Daniel Bachmann, titular da Áustria na Euro 2020, ganhou a posição do experiente Ben Foster e terminou a Championship como titular no gol. Kiko Femenía, apto a atuar nas duas laterais, foi fixado na direita, com Adam Masina na esquerda. Francisco Sierralta e William Troost-Ekongo foram a dupla de zaga mais comum, deixando Craig Cathcart e Christian Kabasele um pouco mais em segundo plano.
O meio-campo teve uma boa mistura de pegada, vitalidade e técnica com Nathaniel Chalobah, Will Hughes e Tom Cleverley – às vezes Philip Zinckernagel. A situação de Hughes, porém, é incerta. Depois de Sarr talvez o jogador com maior potencial de venda do Watford, o meia de 25 anos foi afastado do time principal porque está entrando no último ano do seu contrato e não parece propenso a renová-lo.
Craque do time, Sarr costuma atuar pela direita, com Ken Sema pela esquerda. João Pedro, autor de nove gols na Championship, reveza com André Gray como centroavante. A arrancada que valeu o acesso foi conquistada sem a presença do talismã Deeney, que se machucou em fevereiro e voltou apenas na última rodada. Ele não vinha fazendo uma boa temporada. Marcara apenas um gol com bola rolando e seis de pênalti.
Ex-jogador de Valencia, Betis e Levante, Xisco Muñoz tem uma carreira muito curta como treinador. Ganhou duas vezes a liga da Georgia, como assistente e treinador principal, com o Dínamo Tbilisi, pelo qual também foi campeão como jogador, logo antes de assumir o Watford no final do ano passado. Melhorou os resultados, subiu, mas ainda não convenceu todo mundo da sua capacidade. Destaca-se, porém, por um belo sorriso. De qualquer maneira, não se apegue, porque nenhum treinador dura muito tempo no Watford.
A espinha dorsal do time ainda é a mesma que foi rebaixada em 2019/20, sem algumas peças importantes, como Doucouré e Deuloufeu, mais envelhecida e com poucos reforços, embora o último mercado possa apresentar algumas novidades interessantes, como Louza, Dennis e Rose. O treinador também é inexperiente e precisará se provar em uma liga tão difícil. Os outros promovidos, Norwich e Brentford, chegam à Premier League com um projeto mais consolidado e confiável. Não é difícil entender por que as prévias consideram o Watford favorito para ser último colocado.