Trivela
·11 de junho de 2021
Trivela
·11 de junho de 2021
Este texto faz parte do Guia da Euro 2020.
A Áustria costuma fazer o mínimo necessário para não passar vergonha, mas poucas vezes vai além disso. Sua vitória mais importante neste ciclo foi contra a Noruega, pela segunda edição da Liga das Nações. Encaminhou o acesso à primeira divisão, após ter ficado em segundo lugar, atrás da Bósnia, na primeira participação. Caiu em um grupo fraco das Eliminatórias, e se classificou sem sustos, mas também sem conseguir vencer a Polônia, líder da chave. Perdeu o único confronto recente contra uma grande seleção, para a Inglaterra, em amistoso, e levou goleada da Dinamarca no classificatório para a Copa do Mundo do Catar, o que já a deixa em desvantagem em um grupo bem equilibrado (também com Escócia e Israel). É um elenco talentoso, com quase todos os integrantes atuando na Bundesliga, mas que raramente atinge seu potencial.
A chave do sucesso da seleção austríaca é encontrar a melhor função para David Alaba, seu jogador mais talentoso. Foda (calma, é o nome do técnico) não parece disposto a desperdiçá-lo na lateral ou na defesa. O ex-jogador do Bayern de Munique tem sido mais utilizado pela esquerda de uma linha de três armadores, em um 4-2-3-1, com Marcel Sabitzer pelo meio. O lado direito está mais aberto, mas Valentino Lazaro, outro com origem na lateral, ganhou muitas chances. Xavier Schlager também faz parte dessa turma, por dentro, deslocando Sabitzer, ou pela direita mesmo. O jovem Christoph Baumgartner é mais uma opção muito frequente.
Essa formação pode parecer um 4-4-2 (ou 4-4-1-1), com Sabitzer mais próximo do centroavante e os pontas na altura do meio-campo. Uma variação que mexe mais com a estrutura tática tem três zagueiros, com Alaba como ala pela esquerda, três jogadores no meio e dois atacantes. De qualquer maneira, a dupla de volantes costuma ter Konrad Laimer e Baumgartllnger, com Stefan Ilsanker de plantão caso algum deles não possa jogar ou seja utilizado em outro lugar. A defesa, com quatro jogadores, conta com Stefan Lainer pela direita, Aleksandar Dragovic, Martin Hinteregger e o veterano Andreas Ulmer.
O comando de ataque é uma questão. O mais talentoso e experiente é Marko Arnautovic, mas o jogador do Shanghai Port, da Superliga Chinesa, fez apenas quatro jogos em 2021. Esteve em campo pouco mais de 140 minutos nas últimas 14 partidas da seleção austríaca. Na sua ausência, Michael Gregoritsch e Sasa Kalajdzic têm se alternado. Juntos, porém, eles marcaram apenas sete gols em 33 partidas pela Áustria.
São 14 gols e 81 jogos desde sua estreia em 2009. Aquele talento que aparece uma vez a cada geração, e olhe lá. Mas Alaba ainda não teve muita oportunidade de se provar com a camisa da seleção austríaca nos grandes palcos. Não disputou Copa do Mundo e participou de apenas uma Eurocopa – três jogos e de volta para casa em 2016. Essa é uma boa oportunidade de liderar uma campanha mais digna, em um grupo bem aberto. Lateral e zagueiro no Bayern de Munique, costuma ser usado mais avançado na seleção, seja pela esquerda de uma linha de quatro, mais avançado, ou como meio-campista mesmo. Tem uma bola parada letal a partir da sua canhota.
A rotatividade é alta no RB Leipzig, mas Marcel Sabitzer está sempre lá. Desde que começou a ser usado, em 2015, após um ano emprestado à filial austríaca, tem sido um dos pilares do projeto alemão da Red Bull, ao lado de Emil Forsberg. E talvez seja o que tem o desempenho mais regular nesse período. Fez uma temporada excepcional em 2019/20, com 16 gols por todas as competições. Dois deles nas oitavas de final da Champions League contra o Tottenham. Pode atuar pela direita, como camisa 10 ou segundo atacante.
É o caçula do elenco. Saiu da base do St. Pölten para a base do Hoffenheim, e, aos 21 anos, já soma 71 partidas pelo clube da Bundesliga. Teve sua primeira temporada como titular no time de cima e contribuiu com nove gols, por todas as competições, e cinco assistências. Desde que estreou na seleção, em setembro de 2020, foi titular em quase todos os jogos.
Arnautovic havia se tornado um centroavante competente de Premier League com a camisa do West Ham antes decidir encher os burros de dinheiro na China. Continua fazendo seus golzinhos, até com mais regularidade, mas longe do alto nível do futebol europeu. Como a Áustria não pode ser muito rígida, continua convocando aquele que é o maior artilheiro do atual elenco, com 26 gols. Atuou pouco em 2021, e não apareceu tanto pela seleção no último ano, mas certamente ganhará minutos na Eurocopa.
Um dos únicos dois times que conquistaram o Campeonato Austríaco na última década, além do Red Bull Salzburg, foi o Sturm Graz de Franco Foda, em 2010/11. Como tantos treinadores que começam no país, tentou o salto para a Alemanha no comando do Kaiserslautern, em 2012/13. O tradicional campeão nacional havia sido rebaixado à segunda divisão. Chegou aos playoffs do acesso, mas perdeu para o Hoffenheim. Foda, então, retornou ao Sturm Graz para uma segunda passagem antes de assumir a Áustria em 2018.
Praticamente não tem história na competição. Disputou-a duas vezes, em 2008 e 2016, e nunca passou da fase de grupos
Participações na Eurocopa: 2 (2008, 2016)
Melhor desempenho: Fase de grupos