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·17 de novembro de 2022

Guia da Copa do Mundo 2022 – Grupo D: Dinamarca

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Este texto faz parte do Guia da Copa do Mundo 2022. Clique aqui para ler os outros.

A Dinamarca está entre as seleções europeias que mais cresceram no último ciclo e uma boa campanha no Catar não seria exatamente uma surpresa. Os alvirrubros já fizeram um papel razoável na Rússia, quando venderam caro a eliminação diante da Croácia nos pênaltis, pelas oitavas de final. Desde então, fizeram participações marcantes, sobretudo na Euro 2020. A parada cardiorrespiratória de Christian Eriksen causou um grande impacto na ocasião, mas a equipe de Kasper Hjulmand também jogou muita bola e se uniu mais internamente, numa campanha em que a queda na semifinal diante da Inglaterra até foi discutível. A boa fase é referendada, em especial, pela maneira como os dinamarqueses sobraram em seu grupo nas Eliminatórias. É uma equipe competitiva e que, ainda melhor, conta com a volta de Eriksen para ser seu maestro no Mundial. Pode dar trabalho, inclusive no reencontro com a França na fase de grupos.


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Como foi o ciclo até a Copa

A Dinamarca cumpriu as expectativas na Copa do Mundo de 2018, mesmo sem chegar tão longe. Classificou-se num grupo relativamente emparelhado e caiu só nos pênaltis diante da Croácia. Existiam elementos para acreditar que os nórdicos continuariam em bom nível. No entanto, foram necessárias mudanças, já que o técnico Age Hareide deixou o cargo para a chegada de Kasper Hjulmand. Também houve um princípio de crise no segundo semestre de 2018, quando não houve um acordo para o contrato coletivo dos atletas junto à federação e o time chegou a ser formado até por amadores em amistoso contra a Eslováquia. Ao menos, o impasse foi resolvido em poucos dias e não deixou qualquer rusga no ambiente.

O ciclo positivo da Dinamarca passou um tanto quanto despercebido em seus primeiros meses. Após aquela derrota para a Eslováquia, afinal, os alvirrubros emendaram 15 partidas de invencibilidade, incluindo a Liga das Nações e as eliminatórias da Euro 2020. Os dinamarqueses começaram na Liga B da Nations e subiram num grupo que reunia Gales e Irlanda. Já nas eliminatórias, o país fez uma campanha invicta numa chave em que o maior desafio era a Suíça, apesar de certos riscos na rodada final contra a Irlanda por causa do excesso de empates. Restavam desafios maiores.

A invencibilidade se quebrou quando a Liga das Nações 2020/21 começou e a Dinamarca perdeu para a Bélgica, em setembro de 2020. Mesmo atrás dos belgas na busca pelo Final Four, os nórdicos fizeram uma campanha de relevo, inclusive com vitória sobre a Inglaterra em Wembley. O time também começou embalado nas Eliminatórias para a Copa, inclusive com goleadas, e empatou um amistoso contra a Alemanha. Isso até que a Eurocopa começasse.

O incidente com Christian Eriksen marca o enredo da campanha da Dinamarca na Euro. Foi um baque inegável, ainda mais pela maneira insensível como a Uefa forçou a retomada do jogo contra a Finlândia, que terminou em derrota. De qualquer forma, o senso coletivo prevaleceu, sobretudo com as boas notícias diárias sobre a recuperação do meia. Depois de vender caro a derrota para a Bélgica, a equipe goleou a Rússia e pegou embalo, ao se classificar para os mata-matas ainda na segunda posição. Os alvirrubros atropelaram Gales nas oitavas, passaram também pela República Tcheca nas quartas. Só caíram na prorrogação diante da Inglaterra na semifinal, e com um pênalti controverso.

Desde então, o clima positivo se manteve. A Dinamarca venceu nove dos dez jogos pelas Eliminatórias, num grupo mais acessível, mas sem deixar margem às dúvidas. Já em 2022 teria algumas derrotas, em amistoso contra a Holanda e nos confrontos com a Croácia na Liga das Nações, que permitiu o avanço dos axadrezados ao Final Four. Todavia, o time também ganhou duas vezes da França, inclusive em Saint-Denis. E a volta de Eriksen, jogando muita bola, fortalece um pouco mais as pretensões dos nórdicos.

Por fim, fica uma menção ao posicionamento crítico da Dinamarca em relação à Copa do Mundo, que pode repercutir na maneira como os europeus serão recebidos nos estádios – especialmente pelos torcedores locais. Poucas seleções se opuseram de maneira tão clara à realização do Mundial no Catar, pelos abusos autoritários e principalmente pelas milhares de mortes de trabalhadores na construção civil. Os escandinavos não farão um boicote total, porque avaliaram que seria uma punição aos seus próprios torcedores, mas lançaram um plano com sete pontos que envolve diversas ações coletivas.

A delegação da Dinamarca terá o mínimo de pessoal e participará apenas de eventos esportivos, exceção feita aqueles que puderem contribuir para a melhora nas condições dos trabalhadores imigrantes. Houve uma orientação específica aos torcedores sobre as violações catarianas, enquanto patrocinadores não estamparão suas marcas em qualquer ação ou uniforme dos alvirrubros. A federação ainda prometeu diálogo com a organização da Copa e com a Fifa, mas isso parece ter se quebrado quando a entidade internacional proibiu um uniforme de treino que trazia a mensagem “Direitos humanos para todos”. A marca Hummel ainda produziu um uniforme titular monocromático vermelho que, segundo eles, é em protesto às mortes de operários nas obras relacionadas ao Mundial.

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Kasper Schmeichel, da Dinamarca (FRANCK FIFE/AFP via Getty Images)

Como joga

A Dinamarca chega à Copa do Mundo com uma identidade de jogo bastante clara. Kasper Hjulmand costuma escalar a equipe no 3-4-3, formação que marcou o sucesso na Eurocopa. Também varia para o 4-3-3, a depender dos nomes à disposição na zaga e no ataque. O que não se perde é o estilo de jogo extremamente vertical e bastante vistoso nesse sentido, com muita mobilidade dos jogadores. Os dinamarqueses atuam sempre para frente, com trocas de passes em progressão e inteligência na ocupação de espaços. A volta de Eriksen garante ainda mais qualidade no passe, enquanto o apoio dos alas também é fundamental para abrir as defesas adversárias.

Ao longo do ciclo, a Dinamarca foi uma equipe que se acostumou a aplicar goleadas. A campanha nas Eliminatórias foi assim, com 30 gols marcados em dez partidas. E os alvirrubros não perderam consistência defensiva, permanecendo as oito primeiras rodadas sem serem vazados. Ainda que os números tenham minguado na recente Liga das Nações, o equilíbrio se manteve. O que gera um pouco mais de preocupação apenas é o momento desfavorável de alguns jogadores importantes, que não rendem tão bem em seus clubes, embora costumem entregar o máximo na seleção.

A Dinamarca começa sua escalação por um grande goleiro. Kasper Schmeichel teve papel fundamental para o sucesso de seu país. Mantém a camisa 1, mesmo que hoje tenha a sombra de Frederik Rönnow, destaque na Bundesliga pelas atuações com o Union Berlim. A defesa é liderada por Simon Kjaer, capitão que se sobressaiu ainda mais por sua atitude durante o colapso de Eriksen. Sua questão é mais física, com muitas ausências no Milan. As companhias na linha de três são muito boas, com Joachim Andersen bem no Crystal Palace e Andreas Christensen recém-transferido ao Barcelona, apesar de também sofrer com as lesões recentes. Victor Nelsson, do Galatasaray, é o reserva imediato. Até por essas dúvidas sobre as condições físicas, uma alteração para o sistema com dois beques é bastante plausível. Jannik Vestergaard, titular na Euro 2020, sequer foi chamado depois de perder totalmente seu espaço no Leicester.

A força da Dinamarca passa pelas laterais. Nem tanto pela direita, onde Rasmus Kristensen costuma ser uma opção mais defensiva e Daniel Wass ganha liberdade no apoio. O eixo central é Joachim Maehle, um dos jogadores que mais imprime agressividade na equipe. Seus avanços pelo lado esquerdo valem bastante e ele já fez uma Eurocopa excelente. Alexander Bah foi uma das últimas adições da lista, pela fase no Benfica, e o veterano Jens Stryger Larsen pode entrar em qualquer posto da defesa, inclusive como zagueiro.

Já na cabeça de área, a dupla principal é formada por Thomas Delaney e Pierre-Emile Hojbjerg. Os dois combinam pegada e características distintas no apoio. E se Delaney não emplaca no Sevilla, a temporada de Hojbjerg no Tottenham anima. Christian Norgaard e Mathias Jensen, da legião dinamarquesa do Brentford, ficam à disposição. Mais à frente, o eixo central da Dinamarca é Christian Eriksen. Voltou para ser o dono do time e a diferença que o camisa 10 faz é gritante. Mesmo num elenco com bons nomes em todos os setores, sobra como referência técnica. Seu reserva imediato tende a ser Jesper Lindström, um nome para se prestar muita atenção pelo que faz no Eintracht Frankfurt e que não jogou a Eurocopa.

A dúvida fica para quem será usado no ataque, sem nenhum nome absoluto e muitas opções na convocação. Andreas Skov Olsen foi quem mais ganhou moral desde a Euro e pode ser útil principalmente num sistema com pontas. Mikkel Damsgaard e Kasper Dolberg tiveram problemas depois do bom momento na Eurocopa. Martin Braithwaite, Andreas Cornelius e Yussuf Poulsen são dois jogadores mais rodados e com presença de área. Jonas Wind confere mais mobilidade, mas volta de lesão. Outra adição tardia, Robert Skov oferece qualidade técnica como ala ou ponta, embora seja inconstante.

Time-base (3-4-1-2): Schmeichel, Christensen, Kjaer, Andersen; Kristensen (Wass), Hojbjerg, Delaney, Maehle; Eriksen; Skov Olsen (Damsgaard), Dolberg (Braithwaite).

https://www.youtube.com/watch?v=m2ExdZMgAKk

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Christian Eriksen, da Dinamarca (FRANCK FIFE/AFP via Getty Images)

Donos do time

A história que todo mundo vai querer ver na Dinamarca é a de Christian Eriksen. O camisa 10 está entre os maiores jogadores da história do país, da promessa que pintou na Copa de 2010 ao protagonista de 2018. Entretanto, muita coisa aconteceu nos últimos quatro anos, do risco evidente de morte à redenção do meia para recuperar a sua melhor forma. O craque é uma motivação nos vestiários, como já era desde os tempos da Eurocopa – e se nota como um ambiente positivo influencia numa competição de tiro curto como a Copa do Mundo. Melhor ainda é que ele voltou jogando o fino pela seleção.

Aos 30 anos, Eriksen ainda está num ponto alto de sua trajetória. Conseguiu se readaptar bem na Premier League com o Brentford e se tornou essencial no Manchester United, apesar das oscilações do time. Porém, é pela Dinamarca que ele realmente apresenta seu melhor. Desde seu retorno, Eriksen disputou oito partidas pelos alvirrubros. Foi titular em seis delas, com três gols e uma assistência. E que os números chamem atenção, é a própria forma que agrada. Na vitória recente sobre a França em setembro, o craque passou em branco, mas providenciou um recital diante dos Bleus. Voltar a um grande palco como o da Copa sem dúvidas o energiza mais.

Ao lado de Eriksen, a Dinamarca conta com outras duas referências principais. Uma delas é Kasper Schmeichel. O grande desempenho do país nas últimas competições está na conta do goleiro. Sustentou as ambições na Copa de 2018 e saiu da Euro 2020 como um dos melhores do torneio. Quase levou o país à final, ao fechar o gol contra a Inglaterra, em jogo no qual só terminou vazado na prorrogação, pelo rebote do pênalti contestável que ele pegou. O único porém é a fase no Nice, sob críticas após encerrar sua história lendária no Leicester. Já na defesa, outro ponto crucial, mas em dúvida, é Simon Kjaer. O zagueiro jogou demais na Eurocopa e se destacou um pouco mais por suas atitudes. É um nome importante do Milan, mas que perdeu espaço nas duas últimas temporadas por causa das lesões. Os poucos jogos deixam dúvidas sobre as condições do beque de 33 anos.

Quem cresce um pouco mais nessa hierarquia é Pierre-Emile Hojbjerg. O meio-campista carregava expectativas desde os tempos em que atuava na base do Bayern, mas levou mais tempo para estourar. Contudo, a mudança para a Premier League fez bem ao seu futebol e ele se tornou realmente imprescindível no atual ciclo. É o jogador que imprime o ritmo dos alvirrubros e oferece combate, de grande Eurocopa. A importância no Tottenham também pesa a seu favor. Já na ala esquerda, Joakim Maehle participa da boa fase da Atalanta, mas não é tão central assim. O lateral realmente se transforma na seleção, onde as grandes atuações são uma constante. Foi candidato a melhor da posição na Euro, mesmo com a concorrência de Leonardo Spinazzola, e cresceu ainda mais depois disso. Talvez tenha sido o melhor do time nas Eliminatórias e seguiu voando baixo na Nations.

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Mikkel Damsgaard (PAUL ELLIS/POOL/AFP via Getty Images)

Caras novas

Mikkel Damsgaard não é uma cara tão nova assim. O atacante disputou a Euro 2020 e esteve entre as revelações do torneio. De qualquer maneira, aos 22 anos, possui muita lenha a queimar. O jogador possui uma relação especial com o técnico Kasper Hjulmand, que também auxiliou em sua ascensão no Nordsjaelland. Depois de um bom primeiro ano com a Sampdoria, a temporada passada no clube foi atravancada pelos problemas físicos. Transferiu-se ao Brentford, principal colônia dinamarquesa da Premier League, e também encontra dificuldades para se firmar. Apesar disso, é uma carta na manga da seleção, sobretudo por servir como ponta ou segundo atacante. Teria bom papel na vitória recente sobre a França, mesmo com essas questões.

Damsgaard, no entanto, perdeu espaço também na seleção por causa das lesões. Andreas Skov Olsen, outro de 22 anos, se candidata à equipe titular. O ponta é mais uma cria do Nordsjaelland, antes de atuar por duas temporadas e meia no Bologna. Contratado pelo Club Brugge, virou uma sensação no clube desde o primeiro semestre de 2022 e está entre os destaques do time que surpreende na Champions. Pela fase recente, chega com moral à Copa do Mundo, após ser reserva na Eurocopa. Foi um nome importante pelo lado direito do ataque nas Eliminatórias e também deixou boa impressão na Liga das Nações.  Por ser um jogador de lado de campo, pode se beneficiar num eventual 4-3-3, mas também apareceu mais centralizado na Nations, quando marcou dois gols.

Já o maior talento que despontou no país após a Euro 2020 é Jesper Lindström. Naquela mesma época, o meia arrebentava na seleção sub-21 durante o Campeonato Europeu da categoria, depois de protagonizar o Brondby na conquista do Campeonato Dinamarquês. Contratado pelo Eintracht Frankfurt na temporada passada, o jovem de 22 anos cresceu ainda mais no futebol alemão e, além de conquistar a Liga Europa, acabou eleito como revelação da Bundesliga. Tem muita qualidade técnica, o problema é que atua no mesmo setor de Eriksen. Até por isso, deve ser visto como uma alternativa no banco.

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O técnico da Dinamarca, Kasper Hjulmand (MADS CLAUS RASMUSSEN/Ritzau Scanpix/AFP via Getty Images)

Técnico

Kasper Hjulmand não tem trabalhos numerosos como técnico, mas seu crescimento na carreira é notável. Deu seus primeiros passos no Lyngby, conquistando a segundona, antes de chegar como assistente do Nordsjaelland em 2008. Num clube voltado às categorias de base e de ligações fortes com o futebol africano, o comandante promoveu um salto de qualidade a partir de sua promoção como técnico principal em 2011. Conquistou a liga em 2012 e disputou a Champions League na sequência, em sucesso que rendeu um convite do Mainz 05 em 2014.

Hjulmand durou menos de uma temporada na Alemanha e voltou para reconduzir o Nordsjaelland em 2016, sem repetir os feitos, mas ainda garantindo a excelência na formação de jogadores. Por esse reconhecimento nacional, se tornou um herdeiro natural ao comando da Dinamarca em 2019. Desde então, tem feito um dos melhores trabalhos entre os treinadores de seleções no planeta. A equipe possui uma identidade clara, mas sem perder alternativas de jogo, e com um estilo atrativo. A gestão do elenco também é muito boa, não apenas pela união evidente, mas pela forma como novas apostas sempre ganham espaço. Fez história na Eurocopa e pode se marcar ainda mais no primeiro Mundial.

A geografia do elenco

A Dinamarca recebe um número crescente de imigrantes nos últimos anos, mas isso não impacta tanto nas origens da seleção. Na maior parte do país, a população com raízes estrangeiras não passa dos 10%, no máximo chegando a 20% na região de Copenhague. Os grupos mais numerosos são os asiáticos, embora os descendentes de africanos é que pintem no elenco. O lateral Alexander Bah nasceu em Arslev, com familiares gambianos. Já Yussuf Poulsen nasceu em Copenhague, com pai tanzaniano. Ainda há o caso de Martin Braithwaite, afrodescendente, mas cujo pai migrou de Guiana.

Outros jogadores possuem ligações com países europeus. O avô paterno de Kasper Schmeichel (sim, o pai do lendário Peter Schmeichel) é polonês. Pierre-Emile Hojbjerg é filho de mãe francesa. Já Thomas Delaney possui um avô americano que, ainda antes, teve familiares saindo da Irlanda. E o caso de Robert Skov é curioso: seu pai trabalhava num banco em Gibraltar e, por isso, o ponta nasceu no sul da Espanha, em Marbella. Todavia, voltou para a Dinamarca com menos de um ano e sequer possui cidadania espanhola.

Olhando para o território dinamarquês, a região com mais jogadores cedidos é a de Hovedstaden, no norte da ilha de Zelândia. É a divisão administrativa mais populosa, onde também fica Copenhague. São 12 atletas de lá, cinco deles da capital – entre eles Kasper Schmeichel, que nasceu quando seu pai ainda atuava no Hvidovre, pequeno clube local. Da região de Sjaelland, mais ao sul da Zelândia e que também compreende outras ilhas, há mais três atletas convocados.

Já na Península de Jutlândia, onde fica a maior parte do território da Dinamarca, nasceram sete jogadores. A densidade demográfica é menor do que na Zelândia, mas ainda assim há uma população total na península que supera a da região de Hovedstaden. São dois jogadores de Nordjylland, mais ao norte; quatro de Midtjylland, ao centro; e um de Syddanmark, ao sul. Cabe dizer que a região administrativa de Syddanmark também compreende a ilha de Funen, de 500 mil habitantes, que forneceu três atletas – entre eles Christian Eriksen.

Onde jogam

Ver um elenco da Dinamarca concentrado fora do país é uma realidade comum há décadas, numa nação que abriu suas portas para talentos no exterior desde a década de 1940 e demorou até 1978 para adotar o profissionalismo na liga local. Os “estrangeiros” eram maioria desde a estreia no Mundial de 1986. O Campeonato Dinamarquês até cedia sete nomes, mas os outros 15 jogavam fora, sendo três na Holanda, três na Inglaterra e três na Itália. O número de locais caiu para seis em 1998 e três em 2002. Na Coreia do Sul e no Japão, eram menos numerosos que os seis atletas da Premier League e os quatro da Eredivisie, dois países historicamente receptivos aos talentos escandinavos.

Curiosamente, em 2010, os jogadores de times dinamarqueses voltaram a ser maioria, com sete atletas cedidos. Já em 2018, caíram para três, com o maior agrupamento concentrado nos sete futebolistas da Inglaterra. Agora, a Premier League de novo é uma fonte importante de talentos para a Dinamarca. Sete jogadores são de clubes ingleses, três deles do Brentford, que possui fortes ligações dinamarquesas em sua gestão, ao compartilhar os donos com o Midtjylland. A Bundesliga aparece logo atrás com seis convocados. Fica o destaque à curiosa presença dos goleiros de Union e Hertha.

A Espanha contribui com quatro nomes, dois do Sevilla. Da Itália são dois, assim como da Turquia. O próprio Campeonato Dinamarquês tem dois atletas, graças aos retornos recentes de Daniel Wass ao Brondby e de Andreas Cornelius ao Copenhague. França, Portugal e Bélgica completam a lista com um jogador cada. Dentre as ausências, menção honrosa à Eredivisie, que desta vez no máximo poderia ter um terceiro goleiro, mas Peter Vindahl Jensen, do AZ, foi preterido.

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Preben Elkjaer, da Dinamarca, chuta (Mike King/Allsport/Getty Images/Hulton Archive)

Um herói em Copas

A Dinamarca possui sua mística na história das Copas muito graças à estreia em 1986. A campanha da Dinamáquina de Sepp Piontek pode ter acabado em desastre, com a goleada da Espanha nas oitavas de final, mas o desempenho dos nórdicos na fase de grupos impressionou. Uma das maiores imposições já vistas na história dos Mundiais aconteceu em Nezahualcóyotl, onde os alvirrubros aplicaram impiedosos 6 a 1 sobre o Uruguai de Enzo Francescoli e Antonio Alzamendi. O pesadelo daquela partida se chama Preben Elkjaer Larsen.

Aos 28 anos, Elkjaer era um jogador consagrado àquela altura. Convocado desde 1977, já tinha sido o camisa 10 da Dinamarca que apresentou um ótimo cartão de visitas em 1984, com a campanha até as semifinais da Eurocopa. O atacante de muita potência e velocidade seria o terceiro da Bola de Ouro naquele ano, antes de ficar em segundo em 1985, na temporada em que conduziu um surpreendente Verona ao título da poderosa Serie A. Era um nome para ser visto na Copa de 1986, em dupla ao lado do novato Michael Laudrup.

A Dinamarca estreou em Copas diante da Escócia e venceu por 1 a 0, gol de Elkjaer num lindo lance individual, em que entortou a marcação e partiu para dentro. Na rodada seguinte, o Uruguai sofreu ainda mais com o camisa 10, autor de três gols e duas assistências nos 6 a 1 sobre a Celeste. Foi o ápice da voracidade do atacante, tantas vezes ajudado também pelos passes açucarados de Michael Laudrup. Elkjaer passou em branco na vitória seguinte sobre a Alemanha Ocidental e não evitou a derrocada contra a Espanha. Mesmo assim, recebeu a Bola de Bronze como terceiro melhor da Copa de 1986.

Calendário

Dinamarca x Tunísia – 22/11, às 10hDinamarca x França, 26/11, às 13hDinamarca x Austrália, 30/11, às 12h

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