Graças a show de Michel Platini, a Juventus coroou década de ouro com título mundial de 1985 | OneFootball

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Calciopédia

·20 de setembro de 2022

Graças a show de Michel Platini, a Juventus coroou década de ouro com título mundial de 1985

Imagem do artigo:Graças a show de Michel Platini, a Juventus coroou década de ouro com título mundial de 1985

Nada parecia ser capaz de parar a Juventus de Giovanni Trapattoni na década de 1980. Comandada pelo craque Michel Platini, e com tantos outros nomes de peso, a Vecchia Signora viveu tempos avassaladores. Primeira a bordar duas estrelas acima do escudo, referentes aos 20 scudetti conquistados em sua história, a equipe bianconera obteve seu vigésimo título da liga em 1982. Três anos depois, triunfou na Europa e, na sequência, chegou ao topo do mundo ao bater um talentoso Argentinos Juniors – que, tal qual a agremiação italiana, tinha o status de campeão continental inédito.

A taça da Copa dos Campeões de 1985 foi, certamente, uma das mais amargas que um vencedor já pode ter saboreado. Ao mesmo tempo em que batia o Liverpool na finalíssima, por 1 a 0, com gol de pênalti anotado por Platini, corpos jaziam nas imediações. Diante da tragédia do estádio de Heysel, que sediava a decisão, o placar ficava em segundo plano: 39 torcedores morreram e cerca de 600 ficaram feridos após erros e mais erros de logística e de organização do evento por parte da Uefa, o que ocasionou a superlotação da praça esportiva.


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Campeã europeia, a Juve finalmente ostentava a medalha de ouro no peito depois de dois vices contra Ajax e Hamburgo. Do outro lado do Atlântico, na América do Sul, um atípico time argentino começava a galgar seu espaço e derrubar gigantes como se todo dia fosse o de Davi contra Golias. Conhecido por revelar Diego Armando Maradona, o Argentinos Juniors foi bicampeão nacional entre 1984 e 1985 justamente com um elenco recheado de talentos da base.

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Borghi e Platini simbolizaram a disputa entre Argentinos Juniors e Juventus em Tóquio (AFP/Getty)

Em sua primeira Copa Libertadores, chegou como um dos favoritos justamente pela prática de seu futebol. Vistoso, de pé em pé, deixava de lado a típica catimba argentina e se acostumava a vencer na bola. O Bicho de La Paternal, como era conhecido o clube de Buenos Aires, enfrentou o América de Cali, da Colômbia, na decisão e precisou de uma terceira partida, em campo neutro, para faturar o título na decisão por pênaltis.

No fim de 1985, como acontecia na época, os vencedores da Copa dos Campeões e da Libertadores, se enfrentaram na Copa Intercontinental, em Tóquio – competição tida como precursora do Mundial de Clubes da Fifa. Mesmo em seu melhor momento na história, o Argentinos Juniors chegava como azarão.

Em relação ao time que disputou a final continental dois meses antes, apenas um jogador mudou da escalação do Bicho de La Paternal. O estadunidense-argentino Renato Corsi deu lugar a José Antonio Castro. Entre os destaques, Claudio Borghi era a referência e esperança de gols da equipe sul-americana. Futuramente, iria defender as cores do Milan, mas sem nenhum sucesso.

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O Argentino Juniors, de Batista, e a Juventus, de Manfredonia, disputavam a Copa Intercontinental pela primeira vez (imago/AFLOSPORT)

A rival italiana chegava mais modificada em relação a sua última conquista, porém, igualmente fortíssima. Com as saídas de Zbigniew Boniek e Paolo Rossi, Michael Laudrup estrelava o setor ofensivo junto de Platini e com Aldo Serena mais à frente. No setor defensivo, Antonio Cabrini, Luciano Favero e Sergio Brio compunham o quarteto liderado pelo capitão Gaetano Scirea. O resto do meio-campo era formado pelos menos badalados Lionello Manfredonia, Massimo Bonini e Massimo Mauro.

O duelo no setor central foi o que marcou o início do confronto. Pelo menos nos 10 minutos inaugurais, ninguém conseguia chegar muito perto da meta adversária. Borghi foi quem criou a primeira ameaça, tentando pegar o goleiro bianconero Stefano Tacconi desprevenido. Em cobrança de escanteio, bateu fechado e o arqueiro teve que se esticar para jogar para fora e não levar um gol olímpico.

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Serena teve gol anulado e sofreu um pênalti na decisão (imago/AFLOSPORT)

As finalizações começam a vir mais na metade da primeira etapa. Mandando no jogo, usando bastante a criatividade de seu camisa 10, a Juve encostava o Argentinos Juniors em seu campo de defesa. Perto de meia hora de bola rolando, Platini fez uma belíssima fila até chegar na área, onde arrematou entre três portenhos e mandou para fora, com certo perigo. Depois, pouco foi criado, e o verdadeiro espetáculo ficou para a segunda etapa.

Na volta do intervalo, não demorou para a rede ser balançada. Com alguns segundos, Laudrup aproveitou a casquinha de Serena e fintou Enrique Vidallé depois de sair na cara do gol. Com a meta escancarada, só rolou para dentro. No entanto, a celebração virou reclamação por conta da anulação por impedimento do dinamarquês na jogada. Foi um bom presságio do que tinha pela frente.

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No segundo tempo, Platini deixou tudo igual cobrando pênalti (LaPresse)

Aos 55 minutos, o time de José Yudica colocou a bola no chão e fez o que sabia de melhor. Em excelente troca de passes, Mario Videla lançou Carlos Ereros, que ficou de frente para Tacconi. O goleiro bianconero saiu para tentar abafar, mas acabou encoberto no toque de classe do argentino. A defesa de Trap fazia um bom jogo, e terminou violada após deixar um enorme espaço. Imperdoável.

Por pouco Ereros não deixou o segundo, que foi anulado por impedimento. Abalada, a Juventus conseguiu voltar para a partida graças a um pênalti sofrido por Serena. Na entrada da área, o atacante dominou quando foi empurrado por Jorge Olguín. Os argentinos não mataram o confronto quando estavam melhores, e a Vecchia Signora acordou. Empate em cobrança de Platini, que só deslocou o arqueiro.

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Após ter gol anulado de forma surpreendente, Platini debochou da arbitragem com pose icônica (imago/AFLOSPORT)

Depois de igualar o placar, a Juventus levou um duro golpe no sistema defensivo. Scirea se lesionou e precisou deixar o gramado. Mesmo assim, continuou em cima, e quase virou o jogo em um lance histórico. Platini, novamente, recebeu na entrada da área uma sobra de escanteio. Com o peito, levantou a pelota, e com o pé direito, fintou pelo alto dois marcadores. Levando para a esquerda, emendou um belíssimo voleio, sem deixar a bola cair, no que seria um dos gols mais bonitos de sua carreira. Não foi porque terminou anulado pela arbitragem.

Na sequência, incrédulo com a decisão do alemão Volker Roth, o camisa 10 deitou na grama apoiando a cabeça em sua mão, praticamente um sinal de deboche. A pose ficou eternizada na história bianconera, sendo inclusive revisitada por Paulo Dybala na comemoração do gol em que La Joya empatou com Platini em número de tentos pelos piemonteses.

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No finzinho, Laudrup levou a partida para a prorrogação (imago/VI Images)

Mesmo sendo consideravelmente pressionado, o Argentinos Juniors soube aproveitar o jogo mais aberto e retomou a dianteira. De pé em pé, o Bicho de La Paternal começou da defesa até chegar à grande área. Pouco depois de meio-campo, Borghi recuou para receber e já lançou José Antonio Castro em velocidade. Nas costas de Cabrini, o argentino finalizou e o lateral até conseguiu travar a batida, mas a bola acabou encobrindo Tacconi, que ficou pregado no chão.

Com pouco menos de 15 minutos para buscar pelo menos um empate, Trapattoni deixou a equipe mais ofensiva. Tirou Mauro e colocou Massimo Briaschi. Deu resultado: aos 82, o substituto alçou uma falta na área e a sobra ficou com Laudrup. Tabelando com Platini, que deu um toque magistral de primeira, o dinamarquês saiu na cara de Vidallé, fintou o goleiro e colocou para dentro, quase perdendo o ângulo.

Ao fim dos 90 minutos, Platini se mostrava bem irritado, com companheiros e especialmente a arbitragem. Mesmo sendo um dos melhores em campo, o camisa 10 estava sendo tirado do sério. Na prorrogação, a melhor chance de alguém se sagrar campeão com a bola rolando passou na frente Ereros, que recebeu praticamente sem goleiro na pequena área, mas não conseguiu chegar nela estufar as redes. E a decisão foi para as penalidades máximas.

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Nos pênaltis, a Juve levou a melhor sobre o Argentinos Juniors (LaPresse)

Brio foi quem abriu as cobranças. Com chute forte, cruzado e rasteiro, não deu chances para o goleiro. Olguín e Cabrini seguiram a receita com sucesso. Sergio Batista, finalizou chapado e fraco, parou em Tacconi, que acertou o lado. Serena e Juan José López, na sequência, só deslocaram para marcar.

Laudrup teve em seus pés deixar a Juve em condições de vencer no erro do Argentinos Juniors na cobrança seguinte. Porém, telegrafou a batida cruzada e desperdiçou. Menos mal para o camisa 11 que José Luis Pavoni cobrou forte, no meio, e Tacconi esperou dessa vez. A cobrança decisiva caiu sobre os pés do craque do time.

Sem sentir a pressão, Platini correu assim que foi autorizado. Vidallé tentou adivinhar o lado e pulou para a direita. A bola morreu no outro canto. Vibrando muito, a Juventus conquistou a Copa Intercontinental na sua segunda tentativa do torneio – em 1973, mesmo tendo sido vice europeia, disputou a competição diante da recusa do Ajax e perdeu para o Independiente. E, como não poderia ser diferente, Platini terminou como centro das atenções e eleito o melhor da decisão.

Juventus 2-2 Argentinos Juniors

Juventus: Tacconi; Favero, Scirea (Pioli), Brio, Cabrini; Mauro (Briaschi), Manfredonia, Bonini; Platini; Laudrup, Serena. Técnico: Giovanni Trapattoni. Argentinos Juniors: Vidallé; Villalba, Pavoni, Olguín, Domenech; Comisso (Corsi), Batista, Videla; Castro, Borghi, Ereros (López). Técnico: José Yudica. Gols: Platini (63’), Laudrup (82’); Ereros (55’), Castro (75’) Pênaltis convertidos: Brio, Cabrini, Serena e Platini; Olguín e López Pênaltis perdidos: Laudrup; Batista e Pavoni Árbitro: Volker Roth (Alemanha) Local e data: Estádio Olímpico, Tóquio (Japão), em 8 de dezembro de 1985

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