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·20 de fevereiro de 2020
Futebol Feminino no México: história e atualidade

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·20 de fevereiro de 2020
A coluna Papo Azteca desta semana vem contar sobre como surgiu, vive e é planejado o futebol feminino no México. Por certo, contaremos um pouco da história que ja dura 49 anos e que nos últimos quatro evolui mais ainda. Se o futebol masculino teve seus primeiros jogos oficiais no início do século XX, o feminino vem lutando desde os anos 70 para mostrar o seu valor e com isso ser reconhecido. Sem dúvida, tudo teve início com a seleção feminina e os torneios internacionais não oficiais de 1970 e 1971. Atualmente a Liga BBVA MX Feminil é o fruto de todas as conquistas do futebol feminino no país
A seleção feminina do México, conseguiu de certa forma em seus primeiros jogos conquistar algum prestígio no país devido as suas boas atuações. Por exemplo, o esquadrão mexicano venceu por 9 a 0 a Austria no torneio disputado em Roma no ano de 1970. Para impulsionar ainda mais o futebol feminino, o México sediou o mesmo campeonato mundial em 1971, tendo neles outras cinco seleções, são elas: Argentina, Italia, Francia, Inglaterra e Dinamarca. Por ter vencido os três primeiros jogos contra Argentina, Inglaterra e Italia, o time da casa chegou a final do torneio. No entanto, apesar de um público espetacular de 110 mil pessoas, o time foi derrotado por 3 x 0 para a Dinamarca.
Alicia Vargas e María Eugenia Rubio foram os destaques daquele time, apesar disso, tiveram que voltar para o futebol amador depois desse momento mágico, uma vez que, as atenções voltaram a ficar apenas com o futebol masculino. O futebol feminino só voltou a aparecer de novo em 1995 quando Armando Magaña, ex-jogador e preparador físico do Club Necaxa aceitou assumir a seleção.
Magaña foi o grande responsável pela reconstrução da seleção feminina. Antes de chegar ao cargo, Armando havia fundado uma das primeiras academias de futebol para mulheres, a Andrea’s Club. Além de seus conhecimentos previamente aprendidos com sua escolinha, o ex-jogador viajou o país inteiro para conhecer e descobrir novos talentos e assim formar uma seleção competitiva. O grande problema era a falta de uma liga profissional que dificultava a aparição nacional de novas jogadoras.
Após esse início em 1997, dois anos depois de assumir, Magaña deixou o cargo e em seu lugar entrou Leonardo Cuéllar com o objetivo de levar a seleção para a Copa do Mundo de 1999. Apesar de ter tido êxito no objetivo, a seleção mexicana foi eliminada do torneio levando 15 gols e anotando apenas um. Todavia, só a ida a uma Copa se tornou um passo enorme para o futebol Mexicano. Com Cuéllar como técnico, a seleção que tinha jogadoras como Maribel Domínguez e Mónica Vergara, a seleção chegou ao Pan Americano de 2003 e as Olimpíadas de 2004. Na primeira, a seleção levou a medalha de bronze ficando atrás de Canada e Brasil, já na segunda foi eliminada nas quartas. Após isso, a seleção mexicana feminina nunca mais foi a uma Olimpíadas e só voltou à um Mundial em 2011.
Com Cuéllar no comando, o México conquistou os seus primeiros pontos em Mundial mas não conseguiu avançar da fase de grupos em 2011 e 2015. Depois de 18 anos no cargo o técnico deixou o comando, todavia, o seu trabalho fez com a Federação olhasse com carinho para o futebol feminino. No ano seguinte, 2016, foi anunciado o primeiro torneio profissional feminino, a Liga BBVA MX Feminil.
Surpreendentemente, uma regra foi imposta para a criação da Liga que possuiria 18 clubes. Excluindo dois deles que possuíam problemas financeiros, todos os outros 16 times teriam que possuir em seu elenco apenas jogadoras abaixo de 23 anos, tendo quatro delas abaixo de 17 e somente duas delas podendo possuir idade elevada. A justificativa era de que o campeonato existia para formar talentos para a Seleção Nacional.
Para dar início ao primeiro calendário do futebol feminino, fora feito uma Copa Mx disputada por 12 equipes. O vencedor foi o Pachuca que goleou por 9 x 1 o Tijuana na final. A partir dai se iniciou as disputas dos Aperturas e Clausuras assim como ocorre no masculino. O primeiro vencedor foi o Chivas no Apertura 2017, já o maior ganhador é o Tigres com os títulos dos Clausuras de 2018 e 2019. Depois de três anos de Liga, pode se dizer que hoje ela é a mais forte e organizada competição da América Latina.
Além disso, diversos resultados no torneios internacionais de base mostram que houve efeito na criação do torneio. Por exemplo, a seleção sub-17 chegou a final no Mundial da idade no Uruguai em 2018, perdendo a final para a Espanha. Das 21 jogadoras chamadas para a seleção 12 disputam a Liga Nacional. Curiosamente, Mónica Vergara, ex-jogadora que atuou no inicio da década na seleção, foi a comandante deste elenco sub-17. Com isso, podemos dizer que foi provado a eficácia da criação da Liga e que ela poderá trazer muitos mais frutos tanto no âmbito esportivo quanto social no país.
Foto Destaque: Timothy A Clary/ AFP