“Frio, raro e pode fazer a função de 10”: ex-técnico de Carlinhos detalha características de reforço do Flamengo | OneFootball

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Coluna do Fla

·10 de abril de 2024

“Frio, raro e pode fazer a função de 10”: ex-técnico de Carlinhos detalha características de reforço do Flamengo

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Coluna do Fla entrevistou Júnior Lopes, que treinou Carlinhos no Audax-RJ e no Camboriú-SC


Por: Mônica Alves e Pedro Paulo Catonho

Vice-artilheiro do Carioca com oito gols, Carlinhos chamou a atenção do Flamengo, após brilhar no Nova Iguaçu. No entanto, boa parte dos torcedores ainda não conhecem o atacante de 1,95 metro e 27 anos. Dessa forma, a reportagem do Coluna do Fla bateu um papo com Júnior Lopes, que comandou o centroavante no Audax-RJ e no Camboriú-SC. O treinador fez um raio-x completo do reforço rubro-negro, destacando as qualidades e até revelou que o jogador pode fazer a função de ‘10’.

Campeão do Campeonato Carioca de 2011 pelo Flamengo, como auxiliar de Vanderlei Luxemburgo, Júnior Lopes seguiu a mesma profissão do pai, Antônio Lopes, que fez história comandando clubes como Vasco e Corinthians. Com 26 anos de experiência no futebol, Júnior revelou que a torcida do Mengão terá de ter paciência com Carlinhos.


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Isso porque, como novo reforço é frio na hora de finalizar, alguns rubro-negros podem confundir com displicência. Além disso, Júnior Lopes contou que Carlinhos tem o estilo de jogo semelhante ao de Pedro. Vale destacar que o jogador e o treinador trabalharam juntos em 2022 e 2023.

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Foto: Divulgação/ Audax

FALA, LOPES!

O Carlinhos é inteligente para fazer essas tabelas, tem essa característica muito aguçada. Tem qualidade para isso e quando ele chega na frente do goleiro, quem não o conhece até pode pensar que ele em certos momentos é até irresponsável. Mas ele é de uma frieza muito grande, visto o gol que ele fez contra o Flamengo (na Taça Guanabara). Aquele lance é bem característico dele. Tem uma velocidade boa para o tamanho que ele tem, quando ele arranca do meio campo, é muito frio ali na frente do goleiro. Se o goleiro descer antes, ele realmente consegue dar a chamada cavada — disse Júnior Lopes, ao Coluna do Fla.

RARO E FUNÇÃO DE 10

Assim sendo, durante a festa de encerramento do Campeonato Carioca, Carlinhos revelou que pode fazer a função de ponta, dos lados do campo. No entanto, Lopes não enxerga o jogador dessa maneira e revelou que o reforço do Flamengo tem potencial para atuar como ‘10’, atrás do centroavante. No mais, o treinador voltou a destacar a velocidade do atleta, chamando a característica de “rara” pela altura do artilheiro.

Então, o Carlinhos, desde que eu comecei a trabalhar com ele a primeira vez, trabalhei três vezes, duas no Audax e uma no Camboriú. Afinal, ele me impressionou muito por ser um atleta de 1,95m que não é lento e que tem boa mobilidade. Isso é raro. Normalmente, os atletas muito grandes são atletas com pouca mobilidade, com pouca velocidade, que não é o caso dele. Ele tem uma explosão ali nos 20 metros finais também muito boa. Isso o torna um jogador muito raro, positivamente — acrescentou Lopes.

PONTA?

Sei que ele já atuou dessa forma lá no início de carreira (como ponta), no Corinthians, na base e tal, mas não vejo ele como ponta, principalmente no modelo de jogo do Tite, que é um modelo de jogo que exige uma transição defensiva muito grande dos atletas que jogam pelos lados, jogam como externos. Eu posso vê-lo até como ali, digamos, a função do camisa 10, por trás do 9, por trás do Pedro. Eu acho que é mais fácil para ele no modelo de jogo do Tite do que pelo lado, principalmente em momentos, por exemplo, que o Flamengo esteja necessitando de um resultado — ressaltou o treinador.

VEJA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM JÚNIOR LOPES ESTILO DE JOGO “Para a torcida do Flamengo ter uma ideia, eu acredito que o Carlinhos tenha estilo parecido com o Pedro. É um jogador alto, de área, mas tem muito boa qualidade quando sai da área também. Erra pouco quando sai da área, é um jogador que pode fazer um pivô. A gente conhece bem o time do Flamengo, como o Pedro sai um pouquinho e participa, o Pedro participou de vários gols bonitos nesse título do Flamengo, trabalha tabelas ali com a Arrascaeta, com os extremos entrando nas diagonais. Então, acredito que o Carlinhos tenha um estilo parecido com o do Pedro, logicamente eu acho que hoje o Pedro é um jogador muito acima do Carlinhos, é normal, é um jogador de Copa do Mundo, o Pedro, é um jogador fantástico, jogador nível Seleção Brasileira, e o Carlinhos ainda tem que evoluir bastante nesse sentido. Mas eu acredito que o Tite, com esse problema todo do Gabigol, tenha procurado um atacante com características parecidas do Pedro para uma possível reposição em alguns momentos da temporada”. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS “Tem uma conclusão muito boa, tanto de perna direita quanto de perna esquerda. Ele treina bastante, gosta bastante desses treinos pós-atividade, complementares. É um jogador muito esforçado, que treina sempre bastante. No cabeceio, ele é um cara bastante alto, mas pode evoluir ainda na questão da técnica do cabeceio. Eu vejo hoje o time do Flamengo, o Arrascaeta, no modelo de jogo do Tite, é o cara que joga por trás do Pedro. Ali como um 10 característico e faz muitas tabelas com Pedro eu acho que no momento que o Carlinhos se entrosar ali ele pode ter uma relação ali muito boa com o Arrascaeta quando ele tiver no lugar do Pedro. Ele é inteligente para fazer essas tabelas, tem essa característica muito aguçada. Tem qualidade para isso e assim quando ele chega na frente do goleiro, quem não o conhece até pode pensar que ele em certos momentos é até irresponsável, mas ele é de uma frieza muito grande, visto o gol que ele fez contra o Flamengo. Aquele lance é bem característico dele. Tem uma velocidade boa para o tamanho que ele tem, quando ele arranca do meio campo e tal, ele é muito frio ali na frente do goleiro. Se o goleiro descer antes, ele realmente consegue dar a chamada cavada. Consegue dar por cima. Isso é uma coisa que eu até falava com ele em alguns momentos. Às vezes aquilo ali pode parecer uma certa irresponsabilidade, um certo descompromisso, mas não é. É realmente a característica dele, que é um cara muito frio. Na hora de concluir isso, às vezes você acaba fazendo o gol e às vezes você acaba perdendo. Mas de uma forma geral eu acho que isso é um ponto positivo. Mas o meu medo é sempre de, no momento que ele erra, que acontece também, não vai ser 100%, é de passar um certo descomprometimento, uma certa irresponsabilidade, que não é o caso dele, entendeu? É realmente pela frieza que ele tem e pela qualidade que ele tem”. PODE JOGAR NAS PONTAS? “Então, o Carlinhos, desde que eu comecei a trabalhar com ele a primeira vez, trabalhei três vezes, duas no Audax e uma no Camboriú. Ele me impressionou muito por ser um atleta de 1,95m que não é lento e que tem boa mobilidade. Isso é raro. Normalmente, os atletas muito grandes são atletas com pouca mobilidade, com pouca velocidade, que não é o caso dele. Ele tem uma explosão ali nos 20 metros finais também muito boa. Então, isso o torna um jogador muito raro, positivamente. Assim, não vejo ele como jogador de lado. Eu nunca usei como jogador de lado. Sei que ele já atuou dessa forma lá no início de carreira, no Corinthians, na base e tal, mas não vejo ele principalmente no modelo de jogo do Tite, que é um modelo de jogo que exige uma transição defensiva muito grande dos atletas que jogam pelos lados, jogam como externos. Eu posso vê-lo até como ali, digamos, a função do camisa 10, por trás do 9, por trás do Pedro. Eu acho que é mais fácil para ele no modelo de jogo do Tite do que pelo lado, principalmente em momentos, por exemplo, que o Flamengo esteja necessitando de um resultado. Eu acho que ele pode vir ali fazer o homem ali por trás do Pedro, em momentos que o Arrascaeta não esteja no jogo, mas não de início de jogo, mas durante o segundo tempo. Se jogasse ele e Pedro de início, numa possível ausência de Arrascaeta e tal, eu acredito que o Tite ia ter que mudar um pouquinho a função, um pouquinho o modelo de jogo, mas ele poderia até fazer. Logicamente que não teria a construção do Arrascaeta, com certeza, o Arrascaeta é um gênio, mas assim, em jogos, a temporada é muito grande e você tem tipos de jogos diferentes, em jogos que o Flamengo fosse muito dominante, que você precisasse pouco ali de uma construção por dentro e tal, de uma armação por dentro, eu acho que ele pode fazer ali por trás do Pedro”. COMO É O CARLINHOS MENTALMENTE “Então, essa questão do jogo contra o Vasco (perdeu gols ‘feitos’ pelo Audax e sentiu psicologicamente), eu não era o treinador, foi em 2022, quando eu cheguei, acho que dois jogos depois desse jogo contra o Vasco. Eu cheguei para trabalhar no Audax, que estava com um risco muito grande de cair para a segunda divisão, e acabamos tendo sucesso e livrando. E quando eu cheguei no grupo, o Carlinhos estava praticamente deixado de lado, justamente por esse jogo contra o Vasco, que ele realmente perdeu dois gols na cara do goleiro. Foram dois gols diante da frieza dele na frente do goleiro, que eu falei que pode ser um aspecto positivo, em algum momento, um aspecto negativo. Ele foi meio que execrado ali, foi substituído e tal e não foi mais usado pelo antigo treinador. E quando eu cheguei no clube, eu havia visto alguns jogos dele pela televisão, tinha gostado dele, perguntei sobre o atleta, e aí me falaram que o treinador não estava contando mais com ele e tal, e aí foi quando eu trouxe ele de volta praticamente para o elenco, e o coloquei no jogo da minha estreia lá no jogo contra o Madureira, e ele acabou fazendo o gol da vitória. O Carlinhos sempre foi um atleta muito tranquilo, muito participativo nos treinamentos. Tava vivenciando realmente essa situação da doença da mãe, que mexia muito com ele, é um cara muito emotivo. E, assim, eu vi uma transformação muito grande dele a partir ali do momento que eu o levei pro Camboriú. Ele é bacana, gente, eu não gosto muito de falar em questões de agentes, de empresários, mas houve uma mudança do agente dele, pelo que eu soube, ele fez uma mudança da pessoa que trabalhava com ele, e o novo agente dele procurou ajudá-lo bastante. A gente vê no futebol muitos agentes que não ligam para o atleta, só querem o produto final da questão financeira, e o novo agente dele procurou conscientizá-lo de que era importante fazer um trabalho mental. Contratou um profissional para trabalhar com ele, um coach, isso foi uma coisa muito bacana, e eu vi uma transformação muito grande comportamental a partir do Camboriú. Ele realmente estava decidido a mudar, houve uma questão de mudança realmente de dia a dia, começou até a ler mais livros, estava sempre com livros na mão, conversando com os outros atletas, tentando influenciar os outros atletas a ler bastante, isso foi uma coisa muito bacana dele, e eu acho que ele está carregando isso até hoje”. CONTATO APÓS ACERTO COM FLAMENGO “Durante esse campeonato estadual, ele fez sucesso aí no Nova Iguaçu e eu tive alguns contatos com ele, algumas trocas de mensagens, ele sempre muito agradecido, é um cara de um comportamento muito bacana, é um garoto muito carinhoso. Depois da contratação pelo Flamengo, eu tive um contato na festa da FERJ, que eu fui convidado também. A gente sempre fica feliz, ele estava sendo muito assediado, muitos repórteres em cima, e ele, no momento que me viu, até nem tinha ido falar com ele, ele me chamou, estava tirando algumas fotos e tal, e eu fiquei até um pouquinho envergonhado ali. Ele disse: “se não fosse o senhor, eu não estaria aqui” e tal. Aí tiramos fotos, me deu um abraço. A gente fica muito feliz com o reconhecimento, com a gratidão”. ESCOLHA CERTA IR PARA O FLAMENGO? “Acredito que ele tenha feito a escolha certa, sim, a partir do momento que um clube da grandeza do Flamengo, um clube como o Flamengo, demonstra interesse na tua contratação. Não tem por que você escolher outro clube. Eu já trabalhei no Flamengo, tenho um imenso orgulho de dizer isso. Fui campeão no Flamengo, Carioca em 2011, sendo auxiliar do Vanderlei Luxemburgo, ganhamos os dois turnos. Tivemos um ano maravilhoso ali, aquela época de Ronaldinho Gaúcho, foi um ano inesquecível para a minha carreira e, logicamente, ele não fez contato comigo para se aconselhar nada, mas se eu tivesse tido a oportunidade de falar para ele, com certeza aconselharia ele a aceitar o convite do Flamengo. Lógico que a concorrência ali é grande, Pedro é um jogador de Copa do Mundo, um jogador de seleção brasileira. Mas a temporada é muito grande, eu acho que tem espaço pra todo mundo, o Flamengo tem esse problema aí do Gabigol, extracampo, todos nós conhecemos, e com certeza ele vai ter oportunidades, e o mais importante de tudo é que ele tá preparado para as oportunidades que acontecerem. Se acontecer por um minuto durante um jogo, por cinco minutos, por dez, tem que estar pronto e preparado pra ter boas atuações e para responder. Acredito que um ponto muito importante também seja ele trabalhar com o Tite e com a comissão técnica do Tite, que é uma comissão muito competente. Acho que vai fazer muito bem a ele. O Tite é um treinador que trabalha muito esse lado mental também, é um educador por natureza, então eu acho que a escolha dele foi acertadíssima e nada melhor do que trabalhar no Flamengo e trabalhar também com o Tite pra evolução dele, né, que tem 27 anos, ainda é um cara jovem, ainda é um cara que tem muito a dar aí pro futebol”. MOMENTO DE JÚNIOR LOPES “Eu tive um ano passado muito bacana profissionalmente, fiz um trabalho no Audax que foi muito interessante, fomos vice-campeões da Copa Rio, trabalhei em cima da montagem do elenco desde o início, começamos a trabalhar na metade do ano anterior praticamente formando o elenco e podemos fazer um grande trabalho ali com jogadores que estão hoje aí, o próprio Carlinhos no Flamengo, o Pablo Thomaz no Guarani, o Emerson Urso no Botafogo, o Thomás Kayck no Figueirense, entre outros aí jogadores que eram os titulares, praticamente todos estão aí no Campeonato Brasileiro nas séries A e B. Então, foi um trabalho que me deu muito orgulho. Depois de lá eu fui pro Camboriú na Série D do Campeonato Brasileiro, também foi um trabalho bem bacana o Camboriú, com uma estrutura muito difícil e conseguimos fazer uma Série D também bem bacana. Classificamos na primeira fase, que ninguém acreditava e quase chegamos na Série C. Foram dois trabalhos que eu gostei bastante, que tivemos bastante êxito. Agora estou aguardando. Vão começar os campeonatos brasileiros de diferentes séries e estamos aguardando aí uma nova oportunidade”.

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Foto: Arquivo pessoal – Vanderlei Luxemburgo e Júnior Lopes, em 2011

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