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·21 de setembro de 2019
Forest Green Rovers: como é o clube mais verde do mundo?

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·21 de setembro de 2019
O Forest Green Rovers é um clube modesto da Inglaterra, mas até poderia tomar emprestado o lema “mais que um clube” do gigante Barcelona. Com mais de 100 anos de existência, a equipe está longe de ser vencedora.
Está na quarta divisão – o máximo já alcançado em sua história – mas, desde 2011, o clube passou por uma reviravolta. O FGR virou um clube que segue diretrizes que buscam promover práticas sustentáveis para o meio ambiente.
Toda a energia das instalações do clube vem de recursos naturais, sendo parte dela gerada pelos painéis solares do estádio.
Livre de pesticidas e herbicidas, a grama orgânica é adubada com algas marinhas. Para cortá-la, é usado um cortador de grama elétrico direcionado por GPS, alimentado por energia aproveitada do sol. Já a água da chuva é coletada para usar a irrigação do solo.
O Forest Green Rovers também se preocupa com a poluição. Para chegar ao estádio, não é recomendado ir de carro. O estacionamento tem poucas vagas, e o clube encoraja seus torcedores a se locomoverem através de outros transportes, visando a redução da emissão de gases poluentes. Há também estações para recarregar baterias de carros elétricos.
Para a atual temporada, o clube lançou um uniforme inusitado. Metade do material da camisa foi produzido com uma mistura de bambu, reduzindo o uso de plástico. As camisas exibem a logo da ONG Sea Shepherd, que trabalha na proteção dos seres marinhos.
As mudanças não param por aí. Em 2011, as carnes vermelhas foram cortadas do cardápio servido aos jogadores, funcionários e torcedores. Já quatro anos depois, foi a vez do peixe e dos laticínios deixarem o menu, fazendo do Forest Green Rovers o primeiro time vegano de futebol mundial.
A preocupação se deve aos impactos no meio-ambiente. Em 2018, o diretor-geral da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, alertou para o “impacto excessivo” dos produtos de origem animal para o meio ambiente e também para o clima.
Batatas fritas, além de pizzas, hambúrgueres (todos veganos, claro) e até sopa estão disponíveis para os torcedores em dias de jogos. O veganismo tem sido adotado por alguns atletas de elite, como o lateral direito Héctor Bellerín, do Arsenal, o piloto da Fórmula 1 Lewis Hamilton, o jogador do Brooklyn Nets Kyrie Irving, o lutador de MMA Nate Diaz e a tenista Serena Williams.
Toda essa grande reformulação no clube foi graças ao dono Dale Vince, que virou dono do clube em 2010. Sua preocupação com o meio-ambiente começou já na adolescência. Depois de concluir os estudos, a vida de Vince acabou tomando um caminho alternativo.
Durante dez anos, no início dos anos 1980, ele viajou pelas estradas do país, em uma vida de pouquíssimo luxo. Depois da fase aventureira, fundou a Ecotricity, uma mistura de ONG com empresa, especializada em energias renováveis, que é a maior proprietária do clube e a principal patrocinadora.
Em 2010, ele adquiriu o Forest Green Rovers, de 130 anos, clube da região onde nasceu e que estava à beira da falência. Desde então, começou a transformá-lo seguindo princípios ambientais.
O clube começou a colher os frutos das mudanças nos últimos anos e alcançou a quarta divisão na temporada passada. O sonho de Vince é levar o time para a segunda divisão e fazer com que as pessoas comecem a questionar sobre os problemas ambientais no mundo.
Em novembro de 2016, o clube anunciou o projeto vencedor de um novo estádio de cinco mil lugares construído dentro do complexo Eco Park. O projeto é de um estádio feito quase inteiramente de madeira, com custo de construção estimado em 100 milhões de libras.
Os planos para um novo estádio foram rejeitados no mês passado pelo Conselho Distrital de Stroud. Os legisladores destacaram preocupação com a segurança dos torcedores devido ao uso de madeira.
A preocupação se deve a um fato trágico do passado. Em 1985, um incêndio no estádio do Bradford City matou 56 torcedores. Um torcedor havia atirado seu cigarro no chão e, por conta do acúmulo de lixo, o fogo começou a crescer, principalmente, pelas estruturas de madeira.
Desde a rejeição do conselho local, o Forest Green Rovers tenta novamente uma permissão para a construção do novo estádio.