
Blog 4-3-3
·25 de setembro de 2019
Fora do Eixo #6: Guiana Francesa

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·25 de setembro de 2019
Vizinha do Brasil, parte da imensa Amazônia, e até mesmo fruto de uma guerra contra o então imperador Dom Pedro II. A única colônia ainda sobrevivente após mais de 400 anos de colonização e a maior região ultra periférica da União Europeia. Estamos falando da Guiana Francesa, tema do nosso sexto fora do eixo.
Mesmo estando tão próxima do Brasil, por muitas vezes parecemos não conhecer absolutamente nada de nossos vizinhos. Então embarque conosco nesta viagem e venha conhecer um pouco mais.
O PAÍS:
Com pouco menos de 300 mil habitantes (150 mil concentrados na região de sua capital Caiena), a Guiana é desde 1981 o único território continental nas Américas que ainda está sob a soberania de um país europeu. Mesmo não sendo um país rico seu PIB é o maior da américa latina, com 5,1 bilhões de dólares (estimativa 2018). Pertencente a União Europeia, sua moeda oficial é o Euro.
Antes dos primeiros contatos com os europeus, os índios falantes do idioma arauaque (tribo Lokano) habitavam a vasta e densa floresta amazônica presente em seu território. O primeiro contato francês está registrado em 1503, entretanto o domínio se consuma de fato em 1600. Escravista até 1848, o país sobrevive da agricultura e pesca.
PORQUE CONCACAF E NÃO CONMEBOL:
Mesmo geograficamente pertencendo a América do Sul e consequentemente a área da CONMEBOL, tanto a Guiana Francesa, quanto a Inglesa e o Suriname integram desde a década de 60 a CONCACAF, que comanda o esporte da América Central.
A proposta para as três seleções estarem presentes em outra federação e não a de seu continente é uma ideia da FIFA para promover, desenvolver e equiparar o esporte nessas regiões, uma vez que o futebol é praticado majoritariamente de forma amador no caribe.
Vale ressaltar que como o território é um departamento ultramarino da França, sendo assim, sua seleção não pode ser filiada a FIFA.
A ORGANIZAÇÃO DO FUTEBOL LOCAL:
Pelo fato de ainda não ter conquistado sua independência completa da França, a Guiana não tem sua federação autônoma e é regida pela Federação Francesa de Futebol em conjunto com a Liga de Futebol da Guiana Francesa (Ligue de Football de Guyane, ou LFG). Esta última fica encarregada pela organização dos campeonatos disputados no país, além Seleção Nacional.
Fundada em 1962, dois anos antes da filiação a CONCACAF, a Liga organiza desde o mesmo ano o Campeonato da Guina Francesa (French Guiana Honor Division). Atualmente disputado por 12 equipes, da ao ganhador o direito de disputar a Caribbean Club Championship, torneio qualificatório para a CONCACAF Champions League. Já o lanterna é rebaixado para a Promotion d’Honneur disputada por outros doze clubes. Entre as 51 edições, o maior vencedor é o ASC Le Geldar, com 11 conquistas.
Também existe a Copa da Guiana, de caráter eliminatório que é disputada desde o fim da década de 1950. O torneio, que em alguns anos sequer é realizado, tem como maior vencedor o Saint-Georges, com 14 conquistas, sendo a última em 2004.
Os clubes guianenses podem disputar também a Copa da França, que se caracteriza como a maior copa existente no mundo, uma vez que abrange times franceses e de suas colônias. Na edição de 2018/19 foi disputada por mais de 7 mil equipes desde clubes amadores até grandes potências como PSG, Lyon e outros grandes clubes franceses.
A SELEÇÃO:
Como dito anteriormente a seleção guianense não é filiada a FIFA, apenas a CONCACAF. Por isso, a equipe pode participar apenas da Copa Ouro e da Liga das Nações Americanas.
Sem conseguir criar uma sequência de participações em eliminatórias, a seleção conseguiu sua classificação para a Copa Ouro apenas em 2017, após ser terceira colocada nas qualificações. Logo na estreia de sua primeira partida em competição oficial, a seleção entrou em campo com o meio-campista Florent Malouda (jogou 80 partidas pela Seleção Francesa), que nasceu no território ultramarino. Entretanto, o atleta foi considerado inelegível para jogar o campeonato. Mesmo assim, a equipe escalou Malouda contra Honduras e, por isso, a confederação considerou-a derrotada por 3 a 0 (WO). Dentro das quatro linhas a partida terminou em 0-0.
Na Liga das Nações da CONCACAF se encontra na Liga B (segunda divisão), dividindo grupo com Granada, São Cristóvão e Névis, além de Belize. Após dois jogos a seleção soma uma vitória e um empate.
O atleta com mais jogos na seleção é o ponta esquerda Rhudy Evens com cravados 50 partidas. Já o maior artilheiro é o atacante Sloan Privat, que atualmente defende as cores do Sochaux-Montbéliard – FRA com oito gols.
O FUTURO:
A principal meta para se atingir em breve é a filiação a FIFA e consequentemente disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo. Embalados pela recente participação na Copa Ouro, sem dúvidas a modesta seleção vive seu melhor momento na história.