Mundo Rubro Negro
·29 de dezembro de 2023
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·29 de dezembro de 2023
A Florida Cup já está se tornando uma daquelas competições amistosas estrangeiras que se incorporam ao calendário dos clubes brasileiros.
Além de servir como um “esquenta” para os confrontos internacionais da Libertadores, também é mais uma taça para ser ostentada na imensa e recheada sala de troféus do Museu do Flamengo.
O Mengão, como de costume, é um dos times que sempre estão marcando presença, tendo inclusive vencido uma de suas edições.
Em 2024, voltaremos a disputar esse torneio amistoso, hoje com outra cara, cujas partidas são sempre realizadas em estádios na Flórida, nos Estados Unidos.
Confira o que deve rolar nessa competição e o que esperar do adversário que vamos enfrentar em janeiro.
A Florida Cup é um torneio de futebol amistoso realizado no estado da Flórida, nos Estados Unidos, desde 2015.
A competição era organizada pela empresa 2SV Sports, que vendia os direitos de transmissão para 144 países, incluindo o Brasil.
Nos últimos anos, a competição vem sendo tratada como uma oportunidade para os clubes brasileiros se prepararem para a temporada, em confrontos com equipes de diversos países e continentes.
Isso sem contar o papel importante na promoção do futebol brasileiro nos Estados Unidos e em outros países para os quais os jogos são transmitidos.
Repaginada, na edição de 2024, apenas Flamengo e Orlando City, competirão, tendo agora como organizadora a empresa FC Series.
O jogo está agendado para o dia 27 de janeiro no Exploria Stadium, em Orlando.
Até aqui, a Florida Cup já viu quatro times brasileiros conquistarem o título: Atlético-MG (2016), Flamengo (2019), São Paulo (2017) e Palmeiras (2020).
2019 será sempre lembrado como o ano mágico, em que o Mengão ganhou quase tudo que disputou sob o comando de Jorge Jesus.
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Ficou para a história também não apenas os títulos, mas o futebol envolvente e estilo de jogo incrivelmente intenso daquele grande time, que registrou a marca espetacular de apenas 4 derrotas e 5 títulos.
Mas 2019 não foi uma lua de mel do início ao fim.
Pelo contrário, até a chegada do técnico português em junho, o time viveu um período turbulento, treinado por Abel Braga.
Talvez nem todos se lembrem, mas, até maio, o time se arrastava no Brasileirão, amargando a nona posição com apenas 7 pontos.
A gota d’água foi a derrota para o Atlético-MG por 2 x 1 em Belo Horizonte e a falta de futebol apresentado pelo time treinado por Abel Braga.
Somada à insatisfação, havia ainda a indignação da torcida pela falta de ambição da cúpula do futebol, que para justificar o investimento em Abel, exaltava a conquista da Florida Cup no início do ano.
Foi o estopim para que mais um protesto à base de pichações no muro da Gávea ecoasse, agora com frases como “fora Bap” e “fora Abel”.
Mas o que ficou para a posteridade foi um inusitado “Copa Mickey é o cara***”, aludindo justamente à Florida Cup, que, para a torcida, não passava de um torneio amistoso.
Sim, a “Copa Mickey” não é um torneio oficial, nem classificatório para qualquer outro tipo de competição.
Em 2024, ela nem terá esse nome, sendo disputada em jogo único.
Mas em 2019 não se pode dizer que foi um torneio insignificante.
Naquele ano, a Florida Cup contou com 4 postulantes de peso: além do Fla, São Paulo, Ajax e Eintracht Frankfurt estavam no páreo.
Pelo regulamento, só houve enfrentamento entre os clubes sul-americanos e europeus.
Na primeira rodada, o Fla derrotou o Ajax nos pênaltis por 4 x 3, após empatar em 2 x 2 no tempo normal. O São Paulo perdeu para o Eintracht por 2 x 1.
O título do Mengo se confirmou com uma vitória por 1 x 0 sobre o time alemão, gol de Jean Lucas. Na outra partida, o São Paulo perdeu por 4 x 2 para Ajax.
E para quem contesta a relevância dos participantes, vale lembrar que o Eintracht é duas vezes campeão da Liga Europa e cinco vezes da Copa da Alemanha.
O Ajax dispensa maiores apresentações, mas não custa lembrar que os holandeses são 4 vezes campeões da Champions League e bicampeões do Mundial de Clubes.
A equipe do Orlando City é uma das mais fortes da Major League Soccer, a primeira divisão do futebol norte-americano. Seus jogos são disputados no Exploria Stadium, que deverá estar lotado para o duelo com o Flamengo.
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O time treinado pelo colombiano Óscar Pareja conta com jogadores conhecidos dos brasileiros, como os meias Junior Urso e Juninho, este último emprestado pelo Vasco.
No ataque, conta com o talento do uruguaio Facundo Torres, companheiro de seleção de Arrascaeta e De La Cruz.
O Orlando City está em grande forma, tendo vencido todos os seus últimos 5 jogos, válidos pela MLS.
Por isso, Tite deve colocar as “barbas de molho” e preparar o time para enfrentar um duro oponente.
Vale lembrar que esse é o segundo confronto entre Fla e Orlando. No primeiro, vitória rubro negra em 2015, no Maracanã, gol de Luiz Antonio.
Os rubro-negros mais experientes e que acompanham futebol desde sempre devem lembrar que, quase todo início de ano, era marcado por excursões do Mengão no exterior e pela disputa de torneios amistosos, muitos deles na Europa.
Alguns dos mais prestigiosos eram as taças Tereza Herrera, Palma de Mallorca e Ramon de Carranza, todos na Espanha.
Na Ásia, houve torneios que podiam quase se comparar com mini mundiais de clubes, como o Torneio de Kuala Lumpur, na Malásia, vencido pelo Flamengo em 1994.
Infelizmente, com o passar dos anos e os calendários cada vez mais apertados, essa tradição foi se perdendo.
Para os clubes europeus, talvez o impacto nem tenha sido tão grande, já que eles continuam sendo importadores de jovens talentos sul-americanos.
Já para os clubes daqui deste lado do Atlântico, a supressão dessas competições e amistosos acabou por diminuir o intercâmbio que sempre existiu.
Ou seja, enquanto o futebol europeu se manteve forte, graças ao aumento da influência e do poderio econômico, o da América Sul se viu diante de um esvaziamento que parece não ter fim.
De certa forma, a Florida Cup é um resgate desse contato entre clubes do Brasil e do exterior, perdido há tantos anos.
É uma maneira de os clubes brasileiros ganharem “casca” até para não se surpreenderem com azarões africanos e asiáticos no Mundial de Clubes da FIFA.
Embora esteja sendo tratada como um amistoso, o jogo único da Florida Cup vale taça.
Está também em jogo o prestígio do Flamengo em um mercado no qual a diretoria está claramente de olho, tanto pelo aspecto econômico quanto pela possível expansão da torcida.
Ou seja, se o Flamengo pretende internacionalizar sua marca, precisa cativar os fãs de futebol de países sem tanta tradição no esporte bretão.
Como os europeus dominam os mercados asiático e africano, resta o norte-americano como possibilidade de expansão territorial.
As investidas parecem estar aos poucos dando resultado, como mostra uma matéria publicada no New York Times.
Mas, até que o Flamengo tenha de fato torcida em território Ianque, o foco deve ser em fazer o que sabe de melhor: vencer, vencer, vencer, a começar pelo Orlando City.
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