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·02 de julho de 2020
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Nesta semana, a Coluna Catimbando irá relatar a história do primeiro título argentino conquistado pelo Club Ferro Carril Oeste. Desse modo, no dia 27 de junho de 1982, a equipe comandada por Carlos Griguol venceu o Quilmes por 2 a 0 e conquistou o torneio de forma invicta. Assim, afastou as derrotas sofridas em outras oportunidades, onde viu o troféu ficar com os adversários.
Anteriormente, vale ressaltar que o Ferro já havia tido a chance de conquistar o campeonato em duas edições. No entanto, não foi páreo para o Boca Juniors de Maradona no Metropolitano de 1981. Além disso, no mesmo ano, perdeu o Nacional para o River Plate de Mario Kempes. Dessa forma, a conquista no ano seguinte foi um marco no futebol argentino, visto que o clube já vinha se estruturando de acordo com suas limitações.
Enquanto as equipes se preparavam para as competições nacionais, a ditadura militar tomava conta. Nesse sentido, a crise financeira predominou sobre o país, fator que afetou principalmente os xeneizes e millonários. Alguns jogadores não podiam permanecer, craques como Maradona, Kempes e Passarela foram transferidos para o continente europeu após a Copa do Mundo de 1982. A Seleção Argentina comandada por César Luís convocou força máxima, desfalcando as potencias argentinas.
Contudo, o Ferro usufruiu de forma positiva naquela ocasião, priorizou o controle das finanças e montou um plantel equilibrado para a disputa do campeonato. Sendo assim, apesar de não ser um futebol bem visto pela torcida, garantia resultados seguros, indo de acordo com o objetivo proposto. Desta maneira, o principal trunfo de Carlos Griguol foi utilizar as categorias de base para fortalecer o elenco.
Normalmente, equipes vencedoras são compostas por destaques individuais que podem decidir a partida a qualquer momento. Entretanto, não foi o caso do Oeste, o conjunto foi primordial na campanha. O plantel que começou a ser montado em 1980, resultou na estrutura vencedora em 1982 e 1984. Dessa forma, o equilíbrio do elenco fez com que alguns jogadores despontassem, entre eles, Miguel Ángel Juárez, artilheiro da competição com 22 gols.
Escalação: Arregui, Gómez, Garré, Héctor Cúper, Rocchia e Basigalup; Saccardi, Juárez, Cañete, Márcico e Crocco; Téc: Carlos Griguol.
O atacante que se tornou ídolo do clube é o símbolo do conceito adotado pelo Ferro campeão em 1982. O fato de ter sido revelado nas categorias de base resultou em um vínculo especial do jogador, que viria a ser campeão em 84 também. Em seguida, foi transferido para o Toulouse, da França, onde atuou entre 85 e 92. Posteriormente, voltou para o futebol argentino, porém não seguiu o destino esperado, optou pelo Boca Juniors, equipe na qual também obteve grande identificação.
Após a partida contra o Quilmes, Márcico foi um dos jogadores mais emocionados do elenco, dando um testemunho comovente. Desse modo, o argentino relatou o falecimento do seu pai, que presenciou as derrotas sofridas no ano anterior e não pôde presenciar a tão almejada conquista.
“Foi finalmente dado a nós! Depois de tanto trabalho, tanto sofrimento. A minha é uma alegria muito especial. Pensar que no ano passado meu velho José Domingo estava nas duas finais e não conseguiu nos ver campeões. Agora não o tenho mais ao meu lado, mas prometi levar uma placa com o escudo de Ferro ao túmulo. Certamente do céu ele também está nos acompanhando neste momento … ” – relatou.
Se vencer um título inédito já é algo que fica marcado na história de uma instituição, o fato de ter sido invicto só tornou mais especial o momento. O torneio conquistado foi organizado pela AFA, na qual utilizou um modelo que consistia em separar as equipes em quatro grupos compostos de oito times:
A: River Plate, Quilmes, Independiente Rivadavia, Newell’s Old Boys, Sarmiento, Gimnasia y Esgrima, Nueva Chicago e Instituto.
B: Ferro Carril Oeste, Argentinos Juniors, Unión (Santa Fe), Independiente, Atlético Concepción, Estudiantes (Santiago del Estero), Unión San Vicente e San Lorenzo.
C: Boca Juniors, Estudiantes, Talleres, Rosario Central, Gimnasia y Esgrima, Central Norte, Huracán e Mariano Moreno
D: Vélez Sarsfield, Racing, San Martín, Renato Cesarini, Deportivo Roca, Platense, Guaraní Antonio Franco e Racing Club.
Antes de mais nada, vale ressaltar que um dos principais candidatos, o River Plate, ainda sofria as consequências da crise financeira. Assim, os jogadores entraram em greve, fator que fez os millonários colocarem atletas das categorias de base para atuarem no Nacional. Todavia, os xeneizes não tomaram conhecimento dos jovens e aplicaram uma goleada de 5 a 1 em seu principal rival. Curiosamente, nenhuma das equipes se classificaram para a fase final do campeonato.
O Vélez Sarsfield, clube que disputa o clássico do bairro contra o Ferro, foi um dos principais pontos da campanha campeã. A goleada aplicada na casa do adversário, por 4 a 0, fez com que o Oeste entrasse na lista de favoritos ao título de forma indiscutível. Portanto, ao término da primeira parte da competição, a equipe de Caballito terminou com 13 vitórias e três empates.
Após a classificação contra o Independiente, a equipe enfrentou um grande desafio. Dessa forma, decidir fora de casa é uma tarefa complicada, já que a responsabilidade foi focalizada no primeiro confronto. No entanto, o mandante não tomou conhecimento e aplicou 4 a 0 no rival de Córdoba, encaminhando o destino para a final.
Seguindo com o jogo de volta, pode-se dizer que foi a melhor partida do torneio, um empate com oito gols. A disputa terminou 4 a 4, destaque para Juárez, anotou três gols e comandou a manutenção da invencibilidade. Desse modo, o próximo adversário foi o Quilmes, que havia eliminado o Estudiantes em La Plata, resultado determinante para aumentar a confiança na decisão.
Na medida em que a decisão chegava, maior era a ansiedade dos torcedores do Oeste, visto que poderia afastar em definitivo as duas derrotas em 1981 e se firmar no cenário nacional. O primeiro confronto ocorreu em Buenos Aires, mais especificamente na cidade de Quilmes, o jogo terminou em um empate sem gols, porém com predominância dos visitantes.
No dia 27 de junho de 1982, houve a partida que definiu o campeão daquela edição. Em Caballito, o Ferro manteve o bom desempenho da ida e ganhou por 2 a 0, gols anotados por Juárez e Rocchia. Antes do término, a torcida já havia invadido o campo para comemorar o inédito título da primeira divisão argentina de forma invicta.
Foto destaque: Reprodução/Ferro Carril Oeste