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·18 de maio de 2022

Federação iguala pagamentos a mulheres e homens das seleções dos EUA – incluindo premiação da Copa do Mundo

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As seleções masculina e feminina dos Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira novos acordos coletivos que preveem o pagamento igualitário de premiações e bônus, uma demanda de longa data das jogadoras, e isso inclui a divisão do dinheiro que a Fifa repassa à Federação Norte-Americana pela disputa das duas Copas do Mundo – uma quantia muito, muito maior pela masculina que pela feminina.

Os novos CBAs, ou Collective Bargaining Agreements, acordos que precisam ser estabelecidos entre atletas e suas ligas em todos os esportes norte-americanos, e nesse caso foram fechados entre os sindicatos de jogadores e jogadoras e a Federação Norte-Americana, marcam o fim de um litígio de anos que gerou desgaste à US Soccer, como a federação é conhecida, cobranças de patrocinadores e a renúncia de um presidente da entidade por comentários machistas durante o processo que tramitou entre 2019 e o último mês de fevereiro.


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“Sinto muito orgulho pelas garotas que verão isso e reconhecerão o seu valor, em vez de precisar lutar por isso”, disse a atacante da seleção norte-americana Margaret Purce, integrante do comitê que negociou os acordos. “No entanto, meu pai sempre me disse que você não ganha recompensas por fazer o que deve que fazer, e pagar homens em mulheres igualmente é o que você deveria fazer. Então não vou sair entregando estrelinhas, mas estou grata por este feito e por todas as pessoas que se juntaram para fazê-lo acontecer”.

O zagueiro Walker Zimmerman, um dos líderes do sindicato de jogadores, disse que não foi o processo mais “suave” convencer seus colegas de seleção a ratificar o acordo, mas está feliz com o resultado. “Tentar expressar o que você acredita que deve acontecer, o que é possível, o que é certo, são conversas difíceis. Mas no fim, temos um grupo de jogadores, dos times masculino e feminino, que se uniram e conseguiram chegar a um acordo”, afirmou.

E, principalmente, é uma grande vitória à seleção feminina, inúmeras vezes mais bem sucedida do que a masculina e responsável por gerar mais receitas à federação. O modelo exclusivo que o time das mulheres utilizou na Copa do Mundo de 2019, na França, bateu recorde de vendas no site da Nike em uma única temporada para camisas de futebol masculino ou feminino, segundo o CEO da empresa, Mark Parker, na apresentação do balanço financeiro trimestral em agosto daquele ano.

Em fevereiro, as jogadoras e a US Soccer fecharam um acordo judicial para encerrar o processo que as jogadoras haviam apresentado em 2019 por “discriminação de gênero institucionalizada”. Elas receberam US$ 24 milhões (com US$ 2 milhões destinados a auxiliar as atletas após a carreira no futebol) e um compromisso de que a federação pagaria igualitariamente os homens e as mulheres. O acordo foi condicionado aos novos CBAs.

O principal ponto de fricção era a divisão das premiações das Copas do Mundo. A Fifa separou US$ 400 milhões para os participantes do Mundial da Rússia, em 2018, e apenas US$ 30 milhões para o torneio feminino do ano seguinte, na França. Esses valores subirão para US$ 440 milhões e US$ 60 milhões, respectivamente, para as próximas duas edições da Copa, uma diferença ainda maior.

Mas agora o que a US Soccer receber da Fifa pelas campanhas dos seus dois times será colocado em um mesmo pote e dividido igualitariamente pelos jogadores e jogadoras. A federação ficará com 10% do primeiro (2022 e 2023) e com 20% do segundo (2026 e 2027) dos dois ciclos de Copa do Mundo que estão cobertos pelo novo CBA. De acordo com uma apresentação analisada pelo New York Times, jogadores e jogadoras podem esperar receber US$ 450 mil por ano em média e até mais do que o dobro em anos bem sucedidos de Mundial.

Em torneios que não são a Copa do Mundo, como a Copa Ouro da Concacaf, a Liga das Nações ou mesmo a Copa América, a Federação ficará com 30% da premiação, e os outros 70% serão divididos igualmente entre os times masculino e feminino, que também passarão a receber uma porcentagem dos acordos comerciais, incluindo direitos de transmissão, e da venda de ingressos em partidas controladas pela US Soccer, com um bônus de 10% para jogos com casa cheia.

As jogadoras tiveram que abrir mão de salários fixos para defender a seleção, que faziam parte dos seus CBAs desde 2005, mas receberão o mesmo bônus por partida que a seleção masculina. Até US$ 18 mil por vitória em amistosos e e US$ 24 mil pelo triunfo em jogos oficiais das Eliminatórias da Fifa. A US Soccer também prometeu condições de trabalho igualitárias, como a qualidade dos estádios, das hospedagens e das viagens.

Após não conseguir vaga na Copa do Mundo de 2018, a seleção masculina conseguiu assegurar sua participação no Mundial do Catar, que será realizado no fim deste ano. A feminina buscará classificação para o torneio sediado por Austrália e Nova Zelândia em 2023 na Concacaf W Championship, marcado para julho, que vale um lugar tanto na Copa do Mundo quanto na Olimpíada de 2024 em Paris.

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