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OneFootball·06 de abril de 2022
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OneFootball·06 de abril de 2022
Nesta quarta-feira (6), o Chelsea recebe o Real Madrid, em Stamford Bridge, no jogo de ida das quartas de final da Champions League.
E nós, do OneFootball, batemos um papo exclusivo com Trevoh Chalobah, joia da zaga dos Blues, que contou um pouco do seu “conto de fadas”.
Começando como gandula, passando por muitas decepções e retornando para ser titular do clube do coração na principal competição de clubes da Europa.
“O bairro onde cresci chama-se Gipsy Hill. O futebol era muito forte lá. Havia como uma quadra, onde íamos. Meu irmão mais velho, Nathaniel, e os meninos mais velhos armavam a partida, apenas jogavam um grande torneio. Não importa a idade, era grande, era pequeno… toda a comunidade se unindo e apenas brincando e se divertindo juntos”.
Mas os tempos de diversão jogando bola na infância ficaram para trás e deram lugar à intensa competição nas categorias de base de um dos maiores clubes do mundo. Era preciso um trabalho forte mental, e Chalobah admite que chegou a pensar em desistir.
“Estava no carro com o olheiro que me levava para treinar e de volta para casa. E comecei a chorar no banco de trás, dizendo ‘não sou bom o suficiente, isso é muito difícil para mim'”.
“Meu irmão jogou contra o Chelsea na base, quando ele estava no Fulham. O Chelsea o observou naquele jogo. Algumas semanas depois eles vieram atrás de mim, e eu fiquei sem acreditar. Mas os primeiros momentos foram difíceis, fazendo a transição da Liga de Domingo (torneios amadores da Inglaterra).
E quando foi o momento em que a “chave virou”? Chalobah lembra que se comparava com colegas de time e que, graças a um técnico da base, foi jogado para o sistema defensivo e passou a admirar Thiago Silva, hoje seu companheiro de zaga no time principal do Chelsea.
“Lembro-me dos jogadores porque estou na mesma faixa etária de Mason Mount, Declan Rice. Achei muito difícil por causa da velocidade e outras coisas. Um dos nossos treinadores disse: ‘Vou tentar você na parte de trás.’ Comecei a ir bem lá! E depois comecei a acreditar mais em mim mesmo, tinha altura, tinha força, melhorei minha velocidade, meu cabeceio. A partir dos 16 anos, foi quando comecei a melhorar. Thiago Silva, passando para essa posição, era o meu jogador favorito”.
Depois de um longo período de empréstimos para Ipswich Town, Huddersfield Town e Lorient, este último na Ligue 1, Chalobah retornou ao Chelsea onde viu sua vida dar uma guinada. Graças ao técnico Thomas Tuchel, ex-PSG.
“Quando voltei do empréstimo, obviamente o técnico me conhecia de antes, da liga quando estava em Paris. Eu joguei mais de 100 jogos, então ele sabia que eu tinha experiência. Eu só precisava de um empurrão . Porque eu sabia que estava pronto”.
E, mesmo se sentindo pronto, é possível imaginar a surpresa e emoção ao ser chamado para estrear pelo seu clube de infância logo em uma Supercopa da Europa, contra o Villarreal, em agosto de 2021.
“Seria minha primeira final da Uefa pelo clube. Eu estava tão animado para o jogo. Você quer impressionar. E você quer uma chance de ganhar um troféu. E acabamos fazendo isso e foi uma ótima maneira de começar a temporada para mim”.
“Temos um grupo no celular onde eles apenas colocam o time que vai viajar, e foi aí que vi meu nome e fiquei muito feliz. Liguei para meu pai, meu agente, para que eles soubessem que eu estava viajando. Mas eu disse a eles que provavelmente poderia estar no elenco, não no banco, mas eles disseram: ‘Apenas tenha fé’. E me lembro do encontro duas horas antes do jogo e vi que estava no time titular. Fiquei chocado também, mas ao mesmo tempo feliz e nervoso”, disse o zagueiro, antes de completar.
Foto: Catherine Ivill/Getty Images
Se sua história no Chelsea terminasse ali, já seria um grande exemplo de resignação e persistência. Mas Chalobah, o garoto nascido em Serra Leoa e criado em um bairro no sul de Londres, queria mais. E sabia que podia ir além. E o sonho de jogar a Premier League se tornou realidade logo na primeira partida e marcando um gol na vitória por 3 x 0 sobre o Crystal Palace.
“Quando comecei a jogar futebol, queria ser uma lenda, onde quer que estivesse. Isso levou a um bom caminho. Poder representar um time da Liga de Domingo até então um dos maiores clubes do mundo, sim, é uma jornada inacreditável”.
No auge dos seus 22 anos, o zagueiro ainda está longe de colocar um ponto final em sua carreira. E ele escreverá mais um belo capitulo de sua história no futebol ao enfrentar o Real Madrid – o maior campeão da Liga dos Campeões -, em sua casa.
“Eu costumava ser um gandula nos jogos da Champions. Agora, jogar pelo seu clube de infância, estreando e marcando também. Sim, é algo importante. Para mim, isso me faz sentir que percorri um longo caminho. Eu gostaria de vencer novamente o torneio, obviamente. Estou confiante o suficiente de que podemos ir bem. Não será fácil, mas seria um grande feito”.
Tecnicamente seguro, o que lhe garantiu até mesmo jogar como volante quando esteve rodando o mundo por empréstimo, Chalobah é mais eficaz jogando como central em um esquema com três zagueiros, podendo se aproveitar de sua velocidade em comparação com os atacantes e sendo capaz de distribuir bem o jogo com a bola nos pés.
Aos 22 anos, o zagueiro já tem quatro gols na atual temporada, aproveitando bem o jogo aéreo do Chelsea. Comparando com seus companheiros de equipe, Chalobah tem (contando os que jogam 90 minutos):
Foto: Mike Hewitt/Getty Images
Então, se você está procurando um zagueiro que saiba fazer tudo, fique tranquilo que você encontrou.
Com 20 partidas em todas as competições pelo Chelsea sob o comando de Tuchel, onde se destacam os jogos contra Juventus e Liverpool, Chalobah parece ter um futuro brilhante nos Blues, que devem ficar sem os zagueiros Rüdiger e Christensen no meio do ano.
Seu futebol parece ter sido esculpido para o futebol inglês, e o Chelsea pode aproveitá-lo por muitos anos.
Foto de destaque: Julian Finney/Getty Images