FNV Sports
·27 de abril de 2020
In partnership with
Yahoo sportsFNV Sports
·27 de abril de 2020
O Futebol na Veia segue firme da cobertura do futebol uruguaio, apesar da paralisação do Apertura 2020. Desta vez trouxemos uma entrevista internacional. Trata-se do atacante uruguaio Renato César, jogador do Rentistas, atual líder do Apertura Uruguaio 2020. O camisa 16 já anotou três importantes gols, em três jogos, neste início de competição.
“Rena”, como fora apelidado, tem sido uma peça fundamental do time comandado pelo técnico Alejandro Cappuccio. Apesar de naturalmente chutar com a perna direita, todos os gols do jogador nesta temporada foram de canhota, mostrando muito recurso. Fez parte do duro retorno do Rentistas à elite em 2019, e vem sendo o destaque em 2020.
Fez o gol que garantiu a vitória sobre o Nacional na estreia, em pleno Centenário, o tento de esperança para a virada sobre o Boston River e sacramentou a goleada na 3ª rodada, pré-paralisação, contra o Deportivo Maldonado. Assim, o Rentistas é a única equipe invicta no Apertura Uruguaio com 100% de aproveitamento.
Nascido na cidade de Maldonado, no Uruguai, Renato César começou na base do gigante uruguaio Nacional, aos 16 anos. Ainda jovem, com apenas 17 anos, estreou pelo time principal no dia 4 de junho de 2011, no Torneio Clausura, na derrota do Bolso para o Rampla Juniors por 1 x 0, em pleno Gran Parque Central. Mas, até então, o jogador tinha poucas chances para mostrar seu futebol.
Foi na Libertadores Sub-20 que começou a ter mais oportunidades e, dessa forma, passou a ser chamado mais assiduamente para o primeiro time do então novo técnico Marcello Gallardo. Pelo Nacional foram 34 jogos, quatro gols e cinco assistências. Sua velocidade fez dele um atleta valioso, o que rendeu convocações para o time sub-20 da Seleção Uruguaia. Foram sete jogos e um gol.
Porém, em 2013, durante um amistoso para a equipe sub-20 que estava se preparando para a Copa do Mundo, na Turquia, sofreu uma fratura do quinto metatarso e perdeu o torneio em que os Celestes ficaram com o vice-campeonato. Após se recuperar, foi emprestado para o Lugano, da Suíça, em 2014, para ganhar experiência.
O Lugano disputava a 2ª divisão suíça quando o atleta chegou. O time estava recheado de uruguaios, o que facilitou a adaptação do charrúa na Suíça. Quando chegou, o brasileiro Rafael Silva era o destaque do time, mas logo saiu, o que lhe daria mais oportunidades. Com seu compatriota Jonathan Sabbatini de titular e mais Matías Valvino, Jonathan Barboza, Federico Rodríguez, Sergio Cortelezzi e Leonardo Melazzi no time, Renato ajudou o Lugano a retornar à 1ª divisão.
Devido a seguidas lesões, foram poucos minutos, sendo 16 jogos e somente um gol, mas seis assistências, e o jovem de 21 anos começava a adquirir experiência. Ainda amadurecendo, foi emprestado novamente, desta vez para o Liverpool, de Montevidéu, em 2015. Foram 11 jogos e um gol, mas nunca teve a chance de jogar 90 minutos completos. Seu gol foi frente ao El Tanque Sisley, na 5ª rodada do Apertura 2015.
Em 2016, foi para o Villa Española, também do Uruguai, disputar a 2ª divisão. Foram 21 jogos, um gol e duas assistências. Seu único gol foi na derrota por 4 x 2 para o Plaza Colonia, pela 4ª rodada do Clausura. Além do gol quando perdiam por 2 x 0, cabeceou a bola que fez com que o goleiro desse rebote para o segundo gol de seu time.
Em 2017 novamente foi emprestado, desta vez para o Palestino, do Chile, por um ano. Foram apenas oito jogos e um gol, quando fez o gol de empate contra o Antofagasta, na partida que terminou em 1 x 1. No meio da temporada voltou ao Villa Española e, após um mês, acertou sua transferência para o Rentistas. No final da temporada 2017, foram 15 jogos, sendo capitão em 14 deles, marcando oito gols e dando duas assistências.
Porém, no meio da temporada, foi emprestado ao Inter Playa, de Playa del Carmen, no México, da 3ª divisão. A chegada ao México era uma tentativa de chegar a um mercado forte e foi bem. Marcou 12 gols, a equipe ficou em 5º lugar na tabela, mas não conseguiu o acesso. A esperança era que uma equipe da 2ª divisão ou até da elite o visse jogar, mas tornou-se uma ilusão, pois ninguém foi. Sentindo-se desvalorizado, mas melhor financeiramente, regressou ao Rentistas.
Novamente no Rentistas, mas desta vez mais maduro, Renato César se encontrou. Em entrevista exclusiva ao FNV, contou que vive a melhor fase de sua carreira: “Sou jovem, tenho apenas 26 anos, pelo menos pessoalmente me sinto assim. Estou no melhor momento da minha carreira, tanto física, mental, quanto futebolisticamente, assim me sinto”. Aproveitou para explanar também seu desejo de voltar a Seleção Uruguaia, mas desta vez a profissional:
“Quem não sonha em vestir a camisa do seu país? Representar seu país num jogo é o máximo e obviamente que creio que qualquer jogador uruguaio trabalha para isso. Sou consciente que fazendo um bom campeonato, boas atuações, seja a equipe que for, as oportunidades podem chegar. Obviamente que tem mais repercussão estando num time grande ou no exterior, mas creio que o futebol uruguaio está crescendo muito nesse sentido. Hoje em dia não se vê tanta diferença entre os times grandes e os demais. Então, acredito que fazendo boas atuações, podemos ser convocados por qualquer time”.
Rápido, técnico e inteligente dentro de campo, essas são as características de Renato César. O atacante joga em todas as funções do ataque, mas tem preferência em jogar pelo meio, mais próximo do gol. Já falamos da ambidestria do uruguaio mais cedo neste texto. Mas, além disso, é um atleta completo. Já cobrou escanteios, marcou gols de cabeça e etc. Quando perguntado em quem se espelhava de jogadores em sua posição, Rena afirmou não ter somente um nome, mas alguns, como Gabigol (Flamengo), Dario Benedetto (ex-Boca Juniors e atual Olympique de Marseille) e Luis Suárez (ídolo uruguaio e jogador do Barcelona e da Seleção):
“Sinceramente não tem uma referência exata de um só jogador. Sou de ver muito futebol e de qualquer jogador, qualquer posição, tento tirar alguma coisa: movimentos, como se posicionam em campo e um monte de coisas que o fazem um bom jogador. Mas, para nomear alguns, Luis Suárez me encanta, (Dario) ‘Pipa” Benedetto, Gabigol e uma grande quantidade. Mas de qualquer jogador e posição tento tirar coisas positivas”.
Foto destaque: Edição/Eric Filardi