Estes são os 25 convocados do Irã para a Copa do Mundo de 2022 | OneFootball

Era de se esperar que a convulsão social ocorrida no Irã durante os últimos meses afetasse o ambiente da seleção para a Copa do Mundo. O início dos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini coincidiram com a última Data Fifa e alguns jogadores se manifestaram nas redes sociais. Além disso, veteranos do Time Melli mais engajados nos movimentos passaram a sofrer retaliações do governo, como Ali Daei e Ali Karimi. Já neste final de semana, a divulgação da convocação para o Mundial teve seus tumultos, embora não estejam claros os motivos. A coletiva de Carlos Queiroz chegou a ser adiada duas vezes, até que ele soltasse a lista final. Serão apenas 25 nomes, incluindo quatro goleiros. Entre os jogadores está Sardar Azmoun, após especularem o corte do atacante – que se recupera de lesão, mas também se posicionou em prol dos manifestantes.

Azmoun foi um dos poucos atletas iranianos que se posicionou no início dos protestos e foi quem fez isso de maneira mais contundente entre os companheiros de seleção. Em seu Instagram, o atacante escreveu em setembro, na época da Data Fifa: “Segundo as regras da seleção, somos proibidos de falar até o campo de treinamento terminar, mas não posso mais ficar quieto. Se for expulso da seleção nacional por isso, este sacrifício não vale nem um único fio de cabelo na cabeça de uma mulher iraniana. Vocês deveriam se envergonhar pela facilidade com que matam pessoas. Viva as mulheres do Irã!”. A postagem depois foi apagada, mas repercutiu independentemente disso. Mahsa Amini, iraniana de origem curda, sofreu repressão da polícia religiosa local por “usar de maneira imprópria” seu véu. A mulher de 22 anos faleceu horas depois da detenção, no que teria sido consequência da violência sofrida.

Diante da postura pública de Sardar Azmoun, vieram as especulações de que ele poderia ser cortado da lista final do Irã. Existiam até motivos plausíveis além da questão política, já que o atacante não atua desde o início de outubro, ao sofrer uma lesão pelo Bayern Leverkusen, e a recuperação estimada duraria de seis a oito semanas. De qualquer maneira, os adiamentos no anúncio da convocação causaram estranhamento. A divulgação deveria acontecer no início do domingo, mas só ocorreu horas depois do horário marcado – aventou-se inclusive uma mudança da coletiva para a segunda-feira. Haveria uma queda de braço entre Carlos Queiroz e seus superiores.

No fim das contas, Azmoun está confirmado como uma das estrelas do Irã, ao lado de Mehdi Taremi, destaque do Porto. Outros nomes importantes dos persas também estão presentes, como o volante Saeid Ezatolahi e o goleiro Alireza Beiranvand. Chama atenção a opção por chamar quatro arqueiros diferentes para o Mundial, assim como de deixar uma vaga em aberto entre as 26 possíveis, assim como fez a França. Apesar desses detalhes, o elenco não foge muito do que se imaginava sobre o Time Melli.

O Irã já vinha concentrado nos últimos dias, com um grupo de jogadores nos quais não se incluíam os atletas em atividade na Europa, e venceu a Nicarágua em amistoso disputado na última quinta-feira. O principal desfalque veio desse compromisso, com a lesão do volante Omid Ebrahimi. Aos 35 anos, o veterano era cotado inclusive como possível titular. A lista final inclui nove jogadores do Campeonato Iraniano, outros três de ligas vizinhas da Ásia e mais 13 de clubes europeus.

Vale lembrar ainda que o Irã já vinha de meses conturbados pela mudança no comando técnico. A federação foi e voltou na ideia de demitir Dragan Skocic, até confirmar a saída do sérvio após eleições na entidade. Carlos Queiroz, que conduziu um histórico ciclo de oito anos com os persas, retornou em setembro para dirigir um elenco que já conhecia muito bem. Por sua estatura dentro do país e pelo próprio histórico no futebol, não é de se duvidar que o veterano de 69 anos tenha tomado decisões mais firmes diante de possíveis interferências em seu trabalho. Resta esclarecer o que realmente se passou nos bastidores do Time Melli.

Goleiros: Alireza Beiranvand (Persepolis), Hossein Hosseini (Esteghlal), Payam Niazmand (Sepahan), Amir Abedzadeh (Ponferradina)

Defensores: Ramin Rezaeian (Sepahan), Abolfazl Jalali (Esteghlal), Hossein Kananizadegan (Al Ahli), Shoja Khalilzadeh (Al Ahli), Mortza Pouraliganji (Persepolis), Majid Hosseini (Kayserispor), Sadegh Moharrami (Dinamo Zagreb), Milad Mohammadi (AEK Atenas), Ehsan Hajisafi (AEK Atenas)

Meio-campistas: Saeid Ezatolahi (Vejle Boldklub), Ahmad Nourollahi (Shabab Al Ahli), Ali Karimi (Kayserispor), Rouzbeh Cheshmi (Esteghlal), Vahid Amiri (Persepolis), Mehdi Torabi (Persepolis), Alireza Jahanbakhsh (Feyenoord), Ali Gholizadeh (Charleroi), Saman Ghoddos (Brentford)

Atacantes: Sardar Azmoun (Bayer Leverkusen), Karim Ansarifard (Omonia), Mehdi Taremi (Porto)