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·30 de setembro de 2020

Especialista em “fazer mais com menos”, Monchi detalha processo do Sevilla para encontrar seus alvos

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Nos últimos anos, Monchi construiu uma enorme e merecida reputação como um dos melhores diretores de futebol do mundo. Especialista em encontrar bons negócios ao Sevilla e em vender atletas com enorme lucro, o dirigente falou ao Telegraph sobre o seu trabalho no time andaluz, o processo de recrutamento de jogadores que emprega, o crescimento do clube nos anos recentes e a importância do papel de um diretor de futebol na atualidade, dizendo não entender, por exemplo, como um clube do tamanho do Manchester United não tem ninguém nesta posição.

Monchi explica que o trabalho que lidera no Sevilla tem dois pilares: a observação de jogadores e a coordenação com o técnico, hoje Julen Lopetegui. “No Sevilla, o treinador não decide o nome do jogador. Ele diz o perfil de jogador que quer, e nós trabalhamos em cima disso”, revela ao Telegraph.


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O período de observação então é divido em dois. O primeiro vai de julho a dezembro, e os olheiros do clube, 12 no total, fazem uma varredura mais generalizada, identificando diversos nomes para cada posição. Todos esses nomes então são adicionados a um banco de dados.

Monchi conta que, ao fim desse primeiro período, em dezembro, o Sevilla tem de 400 a 450 jogadores no sistema, com seis ou sete funcionários fazendo o acompanhamento deles, que não é feito jogo a jogo. A partir de janeiro, começa o trabalho de afunilar o número de atletas, chegando por fim a uma triagem final, em maio.

“Ainda estamos em 15 jogadores por posição, então temos cerca de 150 a 160 jogadores, e nos sentamos com o treinador e dizemos: ‘Míster, o que você acha que precisamos para este ano?’ Aí temos esses 15 jogadores de uma posição e perguntamos: ‘Quais preenchem as características que o treinador busca?’ Então, chegamos aos sete finalistas, e esses são os nomes que damos ao treinador”, conta.

Com a lista reduzida, é hora de ter um novo feedback do técnico e, a partir disso, verificar a viabilidade de se fazer negócios. Neste estágio, os métodos seguem bastante lógicos. “Avaliamos os jogadores em ‘A, B, C, D e E’, e ‘A’ é obviamente um jogador de um nível altíssimo. Então o nível vai descendo a cada categoria.”

Monchi se orgulha de dizer que, quando começou como diretor de futebol no Sevilla, em 2000, teve que partir do zero e construir o que é hoje um dos clubes melhor administrados no continente: “Hoje, somos um clube que as pessoas querem estudar e ver como trabalhamos. Não paramos. E a informação é o segredo por trás de tudo”.

Sem o mesmo poder financeiro que, digamos, os clubes ingleses, o Sevilla precisou encontrar a sua própria maneira de reforçar a equipe e ser um destino atraente aos jogadores. “Talvez não possamos pagar tanto (quanto os ingleses), mas podemos oferecer um desafio esportivo bastante exclusivo, eu diria quase única. Os números estão aí: 20 finais neste século, dez títulos, reis da Liga Europa. Somos especialistas em fazer mais com menos”, crava.

Perguntado sobre qual negócio lhe traz mais orgulho, Monchi afirma que isso é como perguntar a um pai qual de seus filhos é o seu preferido. Ainda assim, cita alguns nomes, com destaque para Daniel Alves.

“Talvez o jogador, pela maneira como o contratamos, o nível de desempenho e o que ele deu ao clube em termos econômicos, seja o Dani Alves (contratado por € 200 mil, conquistou cinco títulos e foi vendido por € 36 milhões ao Barcelona). Tem outros nomes, como Luís Fabiano, Rakitic, Banega. Eu passaria a entrevista inteira falando sobre os jogadores importantes.”

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Tão metódico e bem-sucedido em seu papel de diretor de futebol, Monchi afirma não entender como é que um clube como o Manchester United não tem alguém na posição. Há anos, a crítica especializada afirma que um dos motivos pro trás da aparente bagunça nos Red Devils e em sua montagem de elenco desde a saída de Ferguson é a falta de uma organização hierárquica mais clara, centrada na figura do diretor esportivo.

“Todos os clubes deveriam ter este cargo, esta é a minha opinião. (…) Eu entendo que há clubes muito bem-sucedidos (que não contam com esta posição). O Manchester United é provavelmente um dos cinco maiores do mundo, mas eles não têm este cargo específico. Mas acho que cada vez mais os clubes estão cientes de que realmente precisam desta posição, e, também, nós, diretores de futebol, somos a conexão entre a comissão técnica, o elenco, a diretoria. Conhecemos o mercado, recebemos muita informação por meio de diferentes olheiros”, argumenta.

“Portanto, para mim, não consigo acreditar que um clube não tenha este cargo em particular. Claro que eu tenho que acreditar nisso (na importância do cargo), porque é o que eu faço. Mas eu acho, sim, que é essencial”, completa.

Para quem gosta deste lado do futebol e se interessa por seus bastidores, Monchi lançou uma série de 13 episódios falando sobre o seu trabalho no canal oficial do Sevilla no YouTube – confira aqui. O conteúdo está disponível, é claro, em espanhol, com legendas em inglês.

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