Gazeta Esportiva.com
·21 de janeiro de 2025
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Augusto Melo seguirá na cadeira de presidente do Corinthians. Pelo menos por enquanto. Na última segunda-feira, o Conselho Deliberativo do clube decidiu suspender a votação de impeachment do atual mandatário e irá marcar uma nova reunião para definir o futuro do dirigente no cargo máximo do executivo alvinegro.
Ainda não há data definida para o novo encontro dos conselheiros. Ao contrário da expectativa inicial, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, afirmou que a votação não deve ocorrer dentro de uma semana, a pedido da defesa de Augusto Melo.
“Ficou deliberado no plenário, até por uma questão de justiça, eu conversei com a defesa do presidente, atendi um pedido deles, porque o representante dele não poderá estar presente daqui a uma semana. Então ficou deliberada que, antes de uma semana, não poderá ser marcada a continuidade da reunião. A data não está deliberada, vou deliberar em um momento oportuno”, declarou.
As duas primeiras pautas da reunião já foram superadas. Restam, portanto, outros quatro tópicos: a manifestação da Comissão de Ética do clube, as ponderações da defesa de Augusto Melo, a votação do impeachment propriamente dita e a proclamação do resultado da eleição.
Sendo assim, o encontro no Conselho será retomado a partir deste terceiro item. Não haverá a necessidade de uma nova votação de admissibilidade, como foi feito nesta segunda-feira, para decidir se o processo de destituição do presidente deve ser levado adiante.
“O próximo passo é seguir a pauta. Os dois primeiros itens da pauta já foram superados, o próximo passo é a palavra da Comissão de Ética, depois da defesa do presidente ou do representante legal dele e a votação para a destituição ou não do cargo”, justificou Romeu Tuma.
Vale dizer que também que a reunião, apesar de suspensa, ainda está aberta. Isso significa que os conselheiros que não participaram desta reunião podem se apresentar no próximo encontro para participar da votação que definirá o futuro de Augusto Melo na presidência do Corinthians.
A tendência é que, em breve, seja convocada uma nova reunião para votar a destituição de Augusto Melo. Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube.
Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube.
Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.
Se o impeachment não passar no Conselho Deliberativo, o caso será encerrado e Augusto Melo continuará normalmente no cargo de presidente. No entanto, vale lembrar, há um outro processo de destituição correndo paralelamente, este a pedido do Conselho de Orientação e motivado em dados técnicos e números apresentados no último relatório do órgão sobre as demonstrações financeiras do primeiro semestre da gestão, e que também pode vir a ser votado no Conselho Deliberativo.
Entenda os motivos
No dia 12 de agosto, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
-“Laranja” na intermediação da VaideBet.
-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.
-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.