Enorme decepção no Fenerbahçe, Özil deixa o clube e vai seguir sua carreira no Istambul Basaksehir | OneFootball

A contratação de Mesut Özil pelo Fenerbahçe fazia muito sentido quando aconteceu. O meia aventurava-se pela primeira vez na terra de seus pais e defenderia o clube pelo qual torcia na infância. Os Canários ganhavam um talento de alto calibre que, mesmo em queda de rendimento, poderia se provar num nível mais baixo. O clamor ao redor de Özil, porém, não se sustentou. O alemão teve problemas para se firmar no Fener e pouco rendeu em campo, também com problemas de lesão e de disciplina. Depois de um ano e meio, dá para dizer que o negócio foi um fracasso retumbante. O medalhão, então, faz as malas. Seguirá na Turquia, agora para defender o Istambul Basaksehir. Chega sem custos, depois de romper seu contrato em comum acordo com o Fenerbahçe, mesmo faltando dois anos para o final do vínculo.

“Uma das coisas que fazem a vida é que ela é cheia de incertezas. Nossos planos, desejos e vontades nem sempre vão na direção que você deseja. Eu queria alcançar o sucesso tendo mais chances de jogar com a camisa do Fenerbahçe, que era meu sonho de infância. Gostaria de agradecer à comunidade do clube e aos torcedores pelo grande apoio que demonstraram”, escreveu Özil, em sua despedida. Um mês antes, ele havia postado em suas redes sociais que “ainda tinha muitos objetivos” com o Fener e que “não deixaria o futebol até alcançá-los”. Antes disso, o próprio clube o deixou.

O currículo de Özil fala por si. O armador teve grandes momentos por Werder Bremen, Real Madrid e Arsenal. Também se colocou como um símbolo da seleção alemã, presente em três Copas. A transferência para o Fenerbahçe aconteceu num momento em que sua carreira se tornava mais inconstante, com problemas físicos e pouco destaque pelos Gunners. Além do mais, os entraves disciplinares se acumulavam e ele sequer entrou em campo em 2020/21, batendo de frente com Mikel Arteta e com a diretoria sobre diferentes temas. Apesar disso, por suas origens e por sua história, valia demais o investimento do Fener. Não à toa, o meia desembarcou como um rei em Istambul.

A chegada de Özil aconteceu em janeiro de 2021. O Fenerbahçe lutava pelo título no Campeonato Turco e o meia era um acréscimo de peso para aumentar as credenciais Entretanto, as lesões reapareceram. Foram apenas dez partidas em 2020/21, com uma assistência oferecida e nenhum gol. Chegou a ficar quase dois meses fora do time, por conta de um rompimento ligamentar no tornozelo, e o desfalque teve seu custo na busca pela Süper Lig. O Fener terminou em terceiro, fora até das preliminares da Champions. O impacto do craque já não era o estimado, mas o alemão ganharia créditos para a sua primeira temporada completa.

Olhando para os números frios, Özil não foi tão mal em 2021/22. O armador disputou 25 partidas, com oito gols e duas assistências. Chegou a usar a braçadeira de capitão e teve algumas atuações de maior destaque, inclusive na vitória sobre o Galatasaray fora de casa pela liga. O problema é que pequenas contusões custaram sua sequência, com problemas na virilha e na lombar. E muito pior era o péssimo desempenho do Fener coletivamente. O clube foi eliminado na fase de grupos da Liga Europa e passou boa parte do Campeonato Turco brigando para entrar na zona de classificação à Conference. Não era o que se esperava.

A gota d’água para Özil aconteceu no último mês de março. O Fenerbahçe optou por suspender o meia de seu elenco. O rendimento baixo era criticado, enquanto o veterano desejava mais minutos em campo. Além disso, o presidente chegou a dizer que o medalhão deveria “se preocupar mais com o lado esportivo e menos com os acordos comerciais”. Havia uma queda de braço. Sem o astro, o Fener continuou uma curva ascendente na Süper Lig e saltou rumo ao vice-campeonato, que valeu a vaga na Champions.

Özil era um luxo na folha de pagamentos do Fenerbahçe, com salários estimados em €5 milhões anuais. Fora dos planos de Jorge Jesus, que logo na apresentação falou sobre o “fim da era Özil”, o alemão precisou buscar novos rumos. E encontrou no Istambul Basaksehir, algo que faz mais sentido ainda. Primeiro, pela política de reforços do clube, acostumado a adicionar veteraníssimos. Depois, pelo contexto político, com a equipe fomentada pelos partidários do presidente autoritário Recep Tayyip Erdogan. O apoio ao político culminou na conturbada saída de Özil da seleção alemã e, meses depois, Erdogan compareceu até ao casamento do meia. Natural que o Basaksehir arranjasse um espaço para o medalhão.

O Istambul Basaksehir vem de uma temporada razoável, em que terminou na quarta colocação do Campeonato Turco. O técnico atual é o ex-meia Emre Belözoglu. O clube tem se movimentado bastante na atual janela de transferências, incluindo as contratações de Lucas Biglia e Leo Duarte. Özil chega para ser a estrela da companhia, e para mostrar que ainda pode render algo às vésperas de completar 34 anos. Além da Süper Lig, a equipe disputará a próxima Conference League.

Enquanto isso, o Fenerbahçe também passa por uma reformulação. Outros a saírem foram José Sosa e Ozan Tufan. O clube busca reforços mais jovens, sobretudo no setor ofensivo. Diego Rossi foi comprado em definitivo junto ao Los Angeles FC, enquanto também vieram Bruma (PSV), Emre Mor (Fatih Karagümrük) e Lincoln (Santa Clara). Já a confirmação mais recente foi a de William Arão, homem de confiança de Jorge Jesus nesta nova empreitada. Özil é parte do passado, e um passado para os Canários esquecerem.