Empresa de Piqué fechou comissão de € 24 milhões por intermediar ida da Supercopa da Espanha à Arábia Saudita | OneFootball

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Trivela

·18 de abril de 2022

Empresa de Piqué fechou comissão de € 24 milhões por intermediar ida da Supercopa da Espanha à Arábia Saudita

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A Kosmos, empresa do zagueiro Gerard Piqué, do Barcelona, receberá € 24 milhões por intermediar um acordo entre a Federação Espanhola e o governo da Arábia Saudita para disputar a Supercopa da Espanha naquele país, segundo áudios e documentos vazados ao jornal espanhol El Confidencial.

Antes da primeira edição na Arábia Saudita, em 2019, o presidente da federação, Luis Rubiales, havia admitido que Piqué o ajudara a fechar o negócio, mas negou que a sua entidade havia pagado comissão a ele. “A empresa Kosmos nos apresentou essa galera da Arábia Saudita, e a Federação lhes comunicou que não pagaríamos nenhuma comissão. A Federação não pagou nenhuma comissão à Kosmos porque negociamos diretamente com a administração saudita. Não posso falar sobre outros, nem conheço esse outro lado (se a Arábia havia pagado à Kosmos)”, disse Rubiales à Cadena Cope, segundo o El País.


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A Federação Espanhola fechou um acordo de três anos, estendido para seis e com opção para mais quatro, em que recebe € 40 milhões por edição realizada na Arábia Saudita, que paga uma comissão de 10% para a empresa de Piqué. O torneio passou por uma remodelação ao mesmo tempo em que foi transferido, com a expansão para quatro clubes – os melhores da Copa do Rei e do Campeonato Espanhol – e semifinais. O Real Madrid, duas vezes, e o Athletic Bilbao foram os campeões neste formato até agora.

Em um dos áudios vazados ao El Confidencial, Piqué discute diretamente a repartição das cotas do negócio. “Vamos ver, Rubi, se é uma questão de dinheiro”, diz o zagueiro. “Se eles (Real Madrid) iriam por oito. Pagam oito ao Real Madrid e oito ao Barça… e aos outros pagam dois (Atlético de Madrid) e um (Valencia)… São 19, e a Federação fica com seis. E colocamos pressão na Arábia Saudita, dizemos que, do contrário, o Real Madrid não vai… e conseguimos um tostão a mais ou dois a mais”.

Em outra conversa, antes do acordo com os sauditas ser fechado, Rubiales discute com Piqué a realização da Supercopa da Espanha no Camp Nou, estádio do Barcelona. “Acredito que o Real Madrid me dirá não. Dizemos que é o estádio com mais capacidade, que é o campeão da liga, que é o campeão da copa ou o finalista da Copa… Acredito que temos legitimidade”, disse o dirigente.

Depois, Rubiales enviou um áudio comunicando Piqué que o acordo com a Arábia Saudita havia sido fechado. “Geri, parabéns. E não me refiro ao seu partidaço de ontem, nem ao seu gol. Me refiro que já passaram das 12h e portanto é fechado o acordo com a Arábia Saudita. Um abraço, obrigado por tudo e estou aqui para o que precisar. Um abraço enorme, cuide-se, amigo”, afirmou o dirigente.

Segundo o El País, a transação não feriu o artigo 24 do Código Ético da Federação Espanhola, que diz que “as pessoas sujeitas a ele não aceitarão, entregarão, oferecerão, prometerão ou pedirão comissões, em seu benefício ou de terceiros, por negociar ou fechar acordos ou outras transações em relação a suas funções, a menos que seja estabelecida em um contrato legítimo”.

O Mundo Deportivo afirma que a operação está sendo analisada para descobrir se existe alguma ilegalidade em que o Conselho Superior de Esportes ou o Tribunal Administrativo de Esportes possa atuar, mas que se parte do princípio de que foi tudo tranquilo porque a comissão é paga pelo governo da Arábia Saudita.

Um outro artigo do Código Ético da Federação – que tem o objetivo de regulamentar a atuação de dirigentes; jogador em atividade atuando como dirigente é um caso mais raro – diz que “as pessoas sujeitas a este Código não podem exercer suas funções, especialmente preparar e participar da tomada de decisões, em situações em que há um conflito de interesse que possa afetar a sua atuação, seja este conflito real ou possível”.

“Um conflito de interesses surge quando as pessoas sujeitas ao presente Código têm, ou dão a impressão de ter, interesses secundários que possam influenciar no cumprimento independente, íntegro e objetivo de suas obrigações”, continua.

Ao Marca, a Federação Espanhola afirmou que “essas informações não mostram nada novo” do que foi levado a público em 2019. “Todos os números da operação foram apresentados, explicados e respaldados pela Assembleia do futebol”, disse a entidade, acrescentando que o vazamento dessas informações faz parte de uma “campanha de assédio e discreto com a qual já estamos acostumados”. Semana passada, a federação disse que havia sido vítima de um ataque cibernético e que houve roubo de diversos materiais.

Claro que se todos os números da operação foram apresentados em 2019, e que esse vazamento não trouxe nenhuma informação nova, há um conflito com o que Rubiales disse na ocasião – que não sabia se Pique estava recebendo comissão da Arábia Saudita.

A empresa de Piqué, muito atuante nos esportes, tocou a reformulação da Copa Davis de tênis e também entrou em uma discussão ética ao produzir um documentário em que Antoine Griezmann anunciava sua permanência no Atlético de Madrid – um ano antes de finalmente assinar com o Barcelona.

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