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·14 de junho de 2022

Empate com a Polônia na estreia da Copa de 1982 gerou dúvidas sobre o potencial da Itália

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Se o Brasil vivia um dos melhores momentos da história da seleção antes da Copa do Mundo de 1982, pode-se dizer que a Itália estava quase no caminho oposto. O futebol da Velha Bota estava em crise devido ao Totonero, um esquema de manipulação de resultados envolvendo clubes das séries A e B. Jogadores importantes, como a estrela Paolo Rossi, participaram do lamentável episódio, e sofreram sanções que impactaram em suas carreiras. E, mesmo assim, a Squadra Azzurra conseguiu se reerguer na campanha que terminaria com o título mundial.

O treinador Enzo Bearzot, à frente da Nazionale desde 1977, tinha nas mãos a difícil missão de repetir a boa campanha de 1978, em que terminou com o quarto lugar no Mundial. A classificação nas Eliminatórias Europeias em segundo lugar, ficando atrás da Iugoslávia por causa de uma derrota para a Dinamarca, também não contribuía para o otimismo dos torcedores italianos. Apesar de a geração de atletas ser muito boa, a moral estava em baixa e, nos primeiros jogos da competição, disputada na Espanha, foi necessário atuar com cautela.


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Em partida travada, defensores, como Scirea, levaram a vantagem sobre atletas criativos, como Lato (imago/Pressefoto Baumann)

Felizmente para os azzurri, a defesa contava com alguns dos melhores do mundo nas funções. Dino Zoff, espetacular arqueiro da Juventus, estava à caminho da sua terceira Copa do Mundo, com 40 anos de experiência na bagagem. Aliás, os bianconeri estavam muito bem representados no setor: o líbero Gaetano Scirea era outro pilar no esquema de Bearzot e vivia o auge da carreira. Antonio Cabrini, destaque como melhor jovem em 1978, fazia a lateral esquerda enquanto Claudio Gentile cumpria o papel de fechar o flanco oposto. Fulvio Collovati, zagueiro do Milan, completava o miolo central.

No primeiro jogo contra a Polônia, no estádio Balaídos, em Vigo, a Itália entrou numa linha com três defensores, que se fechava com quatro no momento sem bola. No meio-campo, Marco Tardelli, outro bianconero, chegava para seu segundo Mundial. Gianpiero Marini, da Inter, e Giancarlo Antognoni, ídolo da Fiorentina, se juntavam ao inventivo Bruno Conti, da Roma. Lá na frente, o bomber Francesco Graziani, da Viola, fazia dupla com a grande estrela Paolo Rossi, que retomava a titularidade após uma suspensão de dois anos após participação no Totonero.

Nenhum dos grandes nomes da parte ofensiva conseguiu fazer a diferença nos primeiros jogos de 1982. Antes da Copa do Mundo disputada na Espanha, a Squadra Azzurra disputou três amistosos. Foram duas derrotas e um empate, sendo esse último o único em que a Itália marcou um gol: 1 a 1 com a Suíça, tento de Cabrini. Duas semanas depois, a seleção enfrentava o desafio de interromper a sequência de maus resultados, o que não aconteceu.

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A Itália tinha boa geração, mas chegou questionada à Copa do Mundo de 1982 (imago)

Futura estrela da Juventus, Zbigniew Boniek liderava o ataque polonês, ao lado do veterano Grzegorz Lato e de Wlodzimierz Smolarek. Mesmo sem balançar as redes, Zibi chamou atenção, criando as principais chances para sua seleção no duelo. Com 15 minutos de bola rolando, fintou na entrada da área e bateu forte, rasteiro, mas ao lado na meta de Zoff. Tirando isso, a partida não engrenava. O juiz francês Michel Vautrol fez questão de aparecer bastante e picotar o jogo em diversos momentos.

Depois da finalização da Polônia, a Itália começou a criar mais e ditar o ritmo. Abusando das bolas longas para sua dupla de ataque, conseguiu uma oportunidade com Graziani. Com a esquerda, o camisa 19 encheu o pé e parou em boa intervenção do goleiro Józef Mlynarczyk. O arqueiro contaria com a sorte no fim do primeiro tempo: Conti rabiscou pela ponta esquerda, foi ao fundo e cruzou na área. Rossi, de cabeça, tirou tinta da trave numa finalização que o arqueiro adversário só pode torcer para não entrar.

No geral, a Itália foi melhor na primeira metade. Mesmo criando pouco, foi bem segura na defesa e dependeu dos lampejos de Conti para criar. E, assim como foi no começo do duelo, a Polônia precisou ameaçar os italianos no início do segundo tempo para que a equipe de Bearzot acordasse. Boniek, novamente, incomodou a defesa com suas investidas velozes, mas pecou na finalização. Assim que o sistema defensivo azzurro entendeu seus movimentos, o jogo ficou praticamente travado.

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Após suspensão, Rossi voltou aos campos perto da Copa do Mundo e comandou o ataque da Itália contra a Polônia (Onze/Icon Sport)

Nenhum dos times se abria. Com muitos lançamentos, recuos para os goleiros e faltas excessivas marcadas pela arbitragem, a partida caminhava para o 0 a 0. Foram só nos últimos momentos que alguns lampejos apareceram e, por pouco, a Squadra Azzurra não conseguiu colocar a bola para dentro. Aos 82 minutos, em cobrança de escanteio, Collovati subiu mais alto do que todos e testou para o chão. Em cima da linha, um defensor polonês afastou, mas a pelota caiu na entrada da área. Sem deixar ela tocar no chão, Tardelli emendou um canhão que carimbou o travessão de Mlynarczyk.

Não era exatamente o primeiro passo que a Nazionale esperava na sua campanha, porém, não foi de todo ruim. Pela frente, os italianos ainda tinham dois adversários acessíveis: Peru e Camarões. Mesmo assim, o clima passava longe de ser dos mais otimistas, o que seria justificado pela ausência de vitórias nesses confrontos. A fase de grupos desesperadora por pouco não começou (ou terminou) em desastre.

Itália 0-0 Polônia

Itália: Zoff; Gentile, Scirea, Collovati; Conti, Marini, Tardelli, Cabrini; Antognoni; Graziani, Rossi. Técnico: Enzo Bearzot. Polônia: Mlynarczyk; Majewski, Zmuda, Janas, Jalocha; Matysik; Lato, Boniek, Buncol; Smolarek, Iwan (Kupcewicz). Técnico: Antoni Piechniczek. Árbitro: Michel Vautrot (França) Local e data: estádio Balaídos, Vigo (Espanha), em 14 de junho de 1982

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