
MKT Esportivo
·17 de março de 2025
Em novo relatório, FIFA detalha disparidade entre futebol feminino e masculino

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·17 de março de 2025
A Fifa publicou, nesta segunda-feira (17), o Relatório de Benchmarking do Futebol Feminino, que evidencia a persistente desigualdade financeira entre o futebol feminino e o masculino.
De acordo com o estudo, a receita média anual de uma jogadora profissional gira em torno de US$ 10.900, um valor que é elevado principalmente devido aos clubes de elite, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.
Nos clubes de nível 1, categoria estabelecida pela Fifa que abrange 41 equipes de 16 países, o salário médio anual atinge aproximadamente US$ 24.030. Dentro dessa elite, 16 clubes pagam salários brutos superiores a US$ 50 mil. Os salários mais altos chegam a até US$ 120 mil, mas, mesmo assim, esses números são modestos quando comparados ao futebol masculino.
Os salários caem substancialmente à medida que a liga perde força financeira. O relatório aponta que as jogadoras de clubes de nível 2 recebem, em média, US$ 4.361 por ano, enquanto as atletas de times de nível 3 ganham apenas US$ 2.805 anuais.
O relatório destaca que “as jogadoras precisam alcançar um certo patamar para garantir um salário que possibilite viver exclusivamente do esporte, reduzindo a dependência de outras fontes de renda e permitindo que dediquem o tempo necessário para se manter em alto nível no futebol”.
Além disso, os clubes de nível 1 tendem a oferecer contratos mais longos, geralmente de um a três anos, com salários mais elevados para os contratos de dois a três anos. Por outro lado, os clubes de nível 3 frequentemente assinam contratos de menos de três meses.
O estudo afirma ainda que “um contrato mais longo oferece maior estabilidade para as jogadoras, permitindo um comprometimento mais sólido com o clube e a cidade, além de proporcionar mais foco na carreira”.
Outro ponto abordado no relatório é a diferença no público dos jogos de futebol feminino, que continua sendo bem menor que o do futebol masculino. Na última temporada, o confronto entre Arsenal e Manchester United, pela Superliga Feminina, atraiu um público recorde de 60.160 pessoas no Emirates Stadium, em Londres. No entanto, essa marca é uma exceção, pois a média de público em jogos de ligas nacionais femininas é muito menor. Para a temporada 2023/2024, os clubes de nível 1, que representam a elite do futebol feminino mundial, tiveram uma média de 1.713 torcedores por partida. Já as equipes de nível 2 não ultrapassaram 480 espectadores, e os times de nível 3 ficaram com uma média de 380 torcedores por jogo.
Além disso, apenas 23% dos clubes de futebol feminino mandam seus jogos nos estádios principais, frequentemente compartilhados com os times masculinos. O Arsenal, por exemplo, disputou apenas cinco partidas no Emirates Stadium em 2023/2024, com capacidade para mais de 60 mil pessoas, enquanto o restante das suas partidas ocorreu no Meadow Park, um estádio de 4.500 lugares.
No que diz respeito à presença feminina em funções de comando, o relatório revela que as mulheres continuam sub-representadas. Elas ocupam apenas 22% dos cargos de treinadoras em todas as divisões do futebol feminino. Contudo, a arbitragem tem demonstrado maior equidade de gênero, com 42% dos árbitros de campo sendo mulheres. Esse percentual varia de 57% nas ligas de nível 1 até 25% nos torneios de nível 2 e 3.
A pesquisa da Fifa envolveu o envio de questionários para 135 ligas e 1.518 clubes ao redor do mundo. Do total, 90 ligas e 677 equipes forneceram respostas. Para classificar as competições, a Fifa utilizou critérios como a existência de um sistema de licenciamento para os clubes, a quantidade de jogadoras que participaram da Copa do Mundo Feminina de 2023 e os orçamentos dos clubes envolvidos nas ligas analisadas.