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·01 de junho de 2022

Em meio a uma difícil provação, Yarmolenko está reforçando seu papel de líder da seleção ucraniana

Imagem do artigo:Em meio a uma difícil provação, Yarmolenko está reforçando seu papel de líder da seleção ucraniana

As consequências ao futebol estão entre as menos importantes da guerra na Ucrânia, mas os últimos meses foram difíceis para os jogadores da seleção. Mesmo os que atuam em outros países, e mesmo os que receberam permissão do governo para ir ao exterior, tiveram que se concentrar em uma partida muito importante com a cabeça em seus parentes e amigos que permanecem na linha de tiro. Esportivamente, tiveram que se contentar com amistosos contra clubes na Eslovênia para se preparar, e durante todo esse processo o papel de liderança de Andriy Yarmolenko parece ter sido fortificado.

O ponta de 32 anos é um dos jogadores mais experientes do elenco. Capitão na ausência de Andriy Pyatov e que já teve uma contribuição importante na reta final da primeira fase das Eliminatórias Europeias. Marcou contra Finlândia e Bósnia em outubro, deu assistência em um segundo jogo contra os bósnios. E isso atuando muito pouco pelo West Ham em seu último ano de contrato, após temporadas prejudicadas por lesão. Ele também foi um jogador essencial na campanha na Eurocopa na qual a Ucrânia chegou às quartas de final.


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Nascido na antiga Leningrado, atual São Petersburgo, filho de ucranianos, a família de Yarmolenko deixou a Rússia para uma cidade no norte da Ucrânia, depois do colapso da União Soviética. Ele defendeu o Dínamo de Kiev durante muitos anos antes de se aventurar no Borussia Dortmund e posteriormente no West Ham. Quando a guerra eclodiu, ficou tão abalado que pediu alguns dias de folga para assimilar a notícia, prontamente concedidos pelos Hammers.

No começo de março, cobrou que os jogadores russos mostrassem seus “colhões” criticando a guerra em público, em uma menção a Dzyuba, que havia acompanhado sua oposição ao conflito reclamando também da discriminação contra o povo russo em meio aos conflitos. “Por que vocês estão sentados como merdas e não dizem nada? Em meu país, estão matando pessoas, esposas, mães, crianças. Mas vocês não dizem nada, não comentam nada. Digam-me, por favor, o que aconteceria se todos nós, juntos, mostrássemos às pessoas o que está acontecendo de verdade no meu país”, disse Yarmolenko. “Conheço muitos de vocês e todos me dizem que ‘não deveria ser assim’, que é o seu presidente que está agindo errado. Então, caras, vocês têm influência sobre as pessoas, mostrem isso, estou pedindo por favor”.

Algumas semanas depois, ele saiu do banco de reservas para marcar seu único gol nesta temporada da Premier League contra o Aston Villa e não resistiu às lágrimas na comemoração. “É tão difícil para mim neste momento pensar sobre futebol porque todos os dias o exército russo mata o povo ucraniano. Eu não estou 100% pronto porque nas últimas duas semanas eu treinei talvez três ou quatro vezes. Desde 26 de fevereiro (quando a invasão começou), tive que descansar por quatro dias porque era impossível treinar. Eu conseguia apenas pensar na minha família e no meu povo. Eu só tentei dar tudo em campo”, afirmou, na época.

Dar tudo em campo foi o que Yarmolenko fez mais uma vez nesta quarta-feira. Ele foi um dos principais jogadores da seleção ucraniana durante os 79 minutos em que esteve em campo. Exigiu defesas importantes de Craig Gordon – três das cinco que ele acabou realizando no total – e abriu o placar com um golaço. Recebeu o lançamento de Malinovskiy nas costas da defesa, dominou e encobriu o goleiro com um toque de muita classe.

A missão ainda não está completa. Para dar ao povo ucraniano as “emoções incríveis que eles tanto merecem neste momento”, como disse outro líder da seleção, Oleksander Zinchenko, antes da partida contra a Escócia, a Ucrânia ainda precisa passar por Gales no próximo domingo em Cardiff, e certamente poderá contar outra vez com a qualidade e a personalidade de Yarmolenko.

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