Em 1973, a Juventus sucumbiu ao futebol total do Ajax de Johan Cruyff e amargou vice europeu | OneFootball

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Calciopédia

·24 de julho de 2023

Em 1973, a Juventus sucumbiu ao futebol total do Ajax de Johan Cruyff e amargou vice europeu

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A coroação de uma equipe lendária. No começo da década de 1970, não existia um time na Europa capaz de bater de frente com o Ajax de Johan Cruyff. O revolucionário que mudou o esporte liderava o maior clube da Holanda no período mais vitorioso de sua história, que resultou na conquista de três Copas dos Campeões consecutivas. Em 1971, o Panathinaikos foi o derrotado pelos Godenzonen na decisão da antecessora da Champions League; em 1972, a Inter de Gianni Invernizzi viu seu catenaccio ser amassado; e, por fim, em 1973, o futebol total chegou ao seu último triunfo batendo outra italiana na final: a Juventus.

Maior vice da competição, com sete medalhas de prata, a Juve viveu sua primeira decisão do torneio nesse encontro. Isso não quer dizer que a equipe não era experiente: treinados por Cestmír Vycpálek, os bianconeri eram os atuais campeões italianos, somando já catorze scudetti faturados no total. Para a temporada, além de contar com os atacantes históricos Pietro Anastasi e Roberto Bettega, além do inventivo Franco Causio e do futuro treinador Fabio Capello no meio-campo, a Vecchia Signora se reforçou com dois nomes de experiência, provenientes do Napoli: Dino Zoff, talvez o melhor goleiro do mundo, e o veterano ítalo-brasileiro José Altafini.


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O caminho até a final europeia começou com uma derrota. Na estreia, os italianos perderam para o Olympique de Marseille por 1 a 0, na França. Na volta, um amasso dos donos da casa no primeiro tempo garantiu a virada. Dois gols de cabeça de Bettega e outro de Helmut Haller, um pouquinho antes do intervalo, sacramentaram a classificação para as oitavas. Na época, a competição era inteiramente disputada em mata-mata.

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Em Belgrado, Ajax e Juventus fizeram a final europeia de 1973 (Anefo)

Na fase seguinte, duas vitórias magras: um chute cruzado de esquerda no cantinho foi a única bola a balançar as redes contra o Magdeburg, na casa bianconera, que deu a vantagem na partida de ida. Na Alemanha Oriental, Antonello Cuccureddu invadiu a área para marcar o segundo do agregado.

Apesar do nome desconhecido nos tempos atuais, o Újpesti Dózsa vivia uma de suas eras de ouro, momento em que chegava constante até as últimas fases da Copa dos Campeões. E, por pouco, não eliminou a Juventus. Na ida, jogando no estádio Comunale de Turim, segurou um ótimo empate por 0 a 0. O problema ficou ainda maior na Hungria.

Pressionando forte desde o começo, o time treinado por Gyula Szűcs precisou de 15 minutos para colocar seus rivais contra a parede. Primeiro foi Ferenc Bene; depois András Tóth, ambos com chutes fortíssimos no canto, e que morreram dentro do gol. Uma goleada, que parecia estar sendo construída aos poucos, não terminou a tempo. O balde de água fria para os mandantes veio ainda na metade inicial.

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O Ajax abriu o placar logo aos 4 minutos, numa cabeçada de Rep que não deu chances a Zoff (Anefo)

Aos 30 minutos, Capello encontrou Anastasi pela esquerda na grande área. Depois de trazer para a direita, colocou com perfeição na cabeça de Altafini, e o veterano não desperdiçou. Na segunda etapa, Anastasi apareceu de novo, com outro cruzamento. Porém, dessa vez a bola voltou para ele, sem goleiro, e o atacante só completou de peixinho, sem dificuldades para anotar mais um para os bianconeri no duelo. Perto do apito final, Zoff fez uma belíssima defesa, impedindo o terceiro dos húngaros no abafa. Pelos gols fora, com bastante sofrimento, a Juve avançou.

O último passo antes da finalíssima reservou um encontro com um dos maiores conto de fadas da história do futebol. O Derby County, treinado por Brian Clough, lutava na época pelo Campeonato Inglês – no qual se sagrou vitorioso ao final da temporada – e também pela Copa dos Campeões, mas com um elenco curto. E isso não impediu o lendário técnico de demonstrar sua habitual confiança, misturada com irreverência.

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Capitão do Ajax, Cruyff deu trabalho para a marcação da Juve (Anefo)

Perguntado sobre qual resultado lhe faria voltar completamente satisfeito da Itália, ele preferiu responder ao pé da letra. “5 a 0. Agora, se você me questionasse sobre qual eu aceitaria, com certeza um 0 a 0. No entanto, o único resultado que me faria retornar completamente feliz seria um 3 a 0 ou 4 a 0. Você sabe que é impossível, mas essa é a resposta para sua pergunta”.

Bem, não chegou nem perto do sonho. Em noite inspirada, Altafini marcou o primeiro da Vecchia Signora finalizando de esquerda, na cara do gol. Um minuto depois, Kevin Hector empatou para os visitantes. No segundo tempo, Causio colocou sua equipe em vantagem, com belo chute de fora da área e José fez outro bonito gol, fechando o placar em 3 a 1. Na Inglaterra, um 0 a 0 foi suficiente para garantir a vaga na final. Foi um caminho mais tranquilo do que dos holandeses.

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Assim como a Inter, no ano anterior, a Juventus enfrentou dificuldades de parar o Ajax (imago)

O Ajax não precisou disputar a primeira fase por ser o atual campeão do torneio. Na estreia, já nas oitavas, os neerlandeses bateram o CSKA Sofia, da Bulgária, com tranquilidade: 6 a 1 no agregado. Nas quartas de final, o gigante Bayern Munique foi a vítima. Os alemães contavam com Franz Beckenbauer, Gerd Müller e outras estrelas, porém, levaram um sacode de 4 a 0 em Amsterdã. Na Alemanha Ocidental, obtiveram um resultado sem nenhuma importância: venceram por 2 a 1. Por fim, na sequência, os Godenzonen encararam outra camisa pesadíssima, a do Real Madrid de Amancio Amaro. Sem problemas: mais duas vitórias para os holandeses, em casa e fora, somando 3 a 1. Eram, sem dúvidas, os favoritos para levantar o troféu.

Cerca de 90 mil pessoas se juntaram no estádio do Estrela Vermelha, em Belgrado, capital da antiga Iugoslávia, para acompanhar a decisão. Era mais uma vez Ajax ante os italianos, mas com um cenário um pouco diferente. Contra a Inter, o jogo ocorreu em Roterdã, nos Países Baixos, o que permitiu aos Godenzonen contar com o fator casa, que talvez pudesse servir como impulso para o amplo domínio sobre os nerazzurri. Daquela vez não havia nenhum aspecto que pudesse colocar qualquer vírgula na superioridade holandesa. Mais uma vez, a escola do Belpaese seria derrotada.

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O ítalo-brasileiro Altafini era uma das esperanças de gol da Juventus, mas não conseguiu balançar as redes adversárias (Anefo)

E foi rápido. Aos 4 minutos, Horst Blankenburg fatiou a bola na área bianconera e Johnny Rep subiu nas costas de Silvio Longobucco, cabeceando no canto oposto de Zoff, que foi encoberto. No lance seguinte, quase saiu o segundo, em uma testada de Piet Keizer, que passou ao lado da meta. O Ajax do romeno Stefan Kovács usou e abusou dessas descidas pelo lado esquerdo de seu ataque, conseguindo sempre superioridade no setor.

Curiosamente, a segunda finalização no gol veio pelo outro lado. Circulando a bola com tranquilidade, aos 13 minutos o time holandês, trajado inteiramente de vermelho, encontrou Barry Hulshoff acelerando como um foguete pela direita. O ala encheu o pé e parou na defesa segura de Zoff. Pouco tempo depois, o defensor Ruud Krol, perto da área da Juve, também arriscou de longe. O momento de pressão dos então campeões era acompanhado de total domínio da posse.

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No segundo tempo, o jogo ficou mais truncado – para o deleite do Ajax e o desgosto da Juve (Anefo)

Os comandados de Vycpálek buscavam bolas longas a todo momento, o que não vinha funcionando enquanto o adversário conseguia chutar – pelo menos de longa distância. Só na metade da etapa inicial é que apareceu a primeira grande oportunidade da Juventus. Em vacilo holandês no meio-campo, Anastasi acelerou e encontrou Altafini nas costas da defesa. No entanto, na hora de o brasileiro concluir, Wim Suurbier se recuperou a tempo de atrapalhar o arremate e facilitou a vida do goleiro Heinz Stuy.

A confiança da Juve cresceu. Bettega já arriscou de longe na jogada seguinte, obrigando o arqueiro a fazer mais uma boa defesa. Apagado, Causio chegou a aparecer sutilmente com um lance de efeito no meio-campo, dando uma caneta. A dez minutos do intervalo, Giuseppe Furino caiu bem pela ponta direita, jogou na área e, por pouco, a defesa do Ajax não se complicou com a bola pipocando.

Nos últimos lances antes do descanso, oportunidades de ouro perdidas. Primeiro, Gerrie Mühren cabeceou do lado errado da trave, após cruzamento difícil de Cruyff. Na sequência, Bettega subiu livre na área, mas não direcionou a testada e a mandou no centro da meta, facilitando para Stuy. O começo do duelo indicava um domínio dos holandeses, porém a Juve conseguiu equilibrar as ações e até criar.

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Festa no início do jogo e ao apito final: o placar mínimo bastou para o Ajax superar a Juventus e se sagrar tricampeão europeu (Anefo)

O confronto deu uma bela esfriada na segunda metade e Vycpálek tentou buscar soluções no banco de reservas, com Haller entrando no lugar de Bettega no último terço do tempo regulamentar. Enquanto isso, o Ajax cozinhava muito bem o jogo, aproveitando os vacilos do oponente, como aconteceu aos 69 minutos: Capello bobeou e viu Mühren roubar a bola, deixando Arie Haan na cara do gol. Zoff fez uma defesaça e ainda deu sorte de Rep desperdiçar o rebote. Aos 78, mais uma mudança infrutífera: Cuccureddu entrou no lugar de Causio, completamente sumido. Mas ficou nisso: uma etapa complementar sem grandes emoções e mais do que suficiente para os Godenzonen cravarem seu nome na história.

Como dito anteriormente, essa foi a terceira Copa dos Campeões Europeus consecutiva para o time de Amsterdã, e a última dessa sequência. Depois, Cruyff rumaria para o Barcelona e o elenco perderia seu líder técnico. A Juventus, por sua vez, não teve uma temporada só de fracassos. Aliás, ficou perto de um ano perfeito.

Apesar de terem perdido o caneco europeu para o Ajax e a da Coppa Italia para o Milan, nos pênaltis, os bianconeri faturaram o scudetto depois de emendarem seis vitórias seguidas na reta final do campeonato, deixando os rossoneri e a Lazio para trás. Por fim, só foram chegar em outra decisão da maior competição europeia de clubes em 1983, quando terminaram novamente derrotados – dessa vez, pelo Hamburgo, da Alemanha. Entre essas disputas, ao menos levantou a sua primeira taça internacional: a da Copa Uefa, em 1977, após triunfo sobre o Athletic Bilbao.

Ajax 1-0 Juventus

Ajax: Stuy; Suurbier, Blakenburg, Hulshoff, Krol; Haan, Neeskens, Mühren; Rep, Cruyff, Keizer. Técnico: Stefan Kovács. Juventus: Zoff; Marchetti, Salvadore, Longobucco; Morini; Causio (Cuccureddu), Capello, Furino; Anastasi, Altafini, Bettega (Haller). Técnico: Cestmír Vycpálek. Gol: Rep (4’) Árbitro: Milivoje Gugulovic (Iugoslávia) Local e data: estádio Estrela Vermelha, Belgrado, antiga Iugoslávia, em 30 de maio de 1973

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