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·05 de agosto de 2020
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A coluna Parabéns ao Craque desta quarta-feira (5) é dedicada a Salvador Cabañas Ortega. O atacante paraguaio, que encerrou a carreira precocemente, completa 40 anos com muitas glórias conquistadas do Paraguai ao México, país que o acolheu em 2006. Em Assunção, capital paraguaia, foram seus primeiros passos no futebol profissional.
A carreira profissional no Paraguai começou no 12 de Octubre. Time do bairro de Itauguá, próximo da capital, em 1998. O desempenho logo chamou a atenção do Guaraní, que o contratou por empréstimo para ter ciência se a camisa iria pesar ou não nessa troca. Definitivamente não pesou. Contudo, seu time na juventude não o quis vender aos rivais. Também já tinha começado a ser convocado para seleções de base e deixado sua marca na Seleção Paraguaia.
Cabañas sairia de seu clube formador somente para o Chile em 2001. Destino: Audax Italiano. Por lá, foram 29 gols em 52 jogos nas duas temporadas chilenas, que lhe rendeu ainda uma artilharia do Apertura do Chileno, com 18 tentos anotados. A passagem do atleta no clube foi tão marcante aos torcedores, pois em um pequeno livro, que tem citações daqueles que tiveram presente no Audax, o nome dele está.
Colo-Colo e Palestino foram as vítimas preferidas. Sendo que, no time mais popular do Chile, Cabañas fez quatro gols no mesmo jogo. Mas o time saiu derrotado por 6 x 4. Já o Palestino, que recentemente enfrentou Flamengo e Botafogo em competições internacionais, não teve a mesma sorte. Ao marcar quatro gols, ajudou na goleada por 5 x 1. Porém, também teve o revés. Em outro momento marcou apenas um tento, no duelo que terminaria 3 x 2 para os rivais.
A ascensão da carreira na América do Sul era nítida no começo do século XXI. A chegada ao México se deu em 2003 pela transferência para o Jaguares Chiapas por 380 mil euros. No pequeno clube mexicano marcou época. Logo na sua estreia anotou um gol contra um time dos mais populares do país, que é o Cruz Azul. Nesta passagem, San Luis e Pumas foram contemplados com um hat-trick de Cabañas.
Outro ponto a se registrar é que Salvador Cabañas se tornou ídolo dos torcedores pelos e pela máscara típica da região de Chiapas, que o mesmo usava quando saia para comemorar. No clube, se tornou ídolo na mesma prateleira de Luis Hernández, ‘El matador’, que fazia lembrar o argentino Cannigia, pelas madeixas longas e loiras. Posteriormente, Danilinho, de passagem no Atlético-MG e Santos, também alçou essa relevância para a torcida.
O nível de jogo de Cabañas formou dupla com o brasileiro Didi. As atuações do paraguaio impressionavam, e o assédio se tornava a cada temporada inevitável. Até que o América, do México, desembolsou a bagatela de 4 milhões de euros para tirá-lo do Jaguares.
O time mais popular e maior campeão do mexicano não podia começar a temporada de 2006 sem um de seus algozes no campeonato, como Cabañas. Além disso, sua carreira ia progredindo com sucesso também na seleção do Paraguai. E a sua estreia no estádio Azteca já foi histórica. Fez nada mais nada menos que quatro gols, no primeiro tempo, contra o Veracruz. À época ainda era o camisa 9 e não o 10 da equipes, pois essa era de Cuauhtémoc Blanco.
A forma física do atleta fora mais notada a partir da ida ao clube de maior visibilidade do país. Mas isso pouco atormentava seus torcedores.
“Isso não o impede de ser habilidoso. E sempre faz gols”, afirmou o jornalista Rodrigo Garcia, do diário esportivo “Estadio”, naquele momento.
De fato, a sua perfomance nunca foi abaixo dos demais. Ao contrário, sempre muito acima. Cabañas também marcou na sua estreia na Libertadores, quando ainda os mexicanos a disputavam, também chegando com três gols. A vítima da vez foi o Sporting Cristal, comandado por Sampaoli, que estava em seu início de carreira.
Cabañas foi empilhando grandes atuações ao longo dos quatro anos presentes pelo América, do México. Um caso de amor que poucos conseguem no esporte. Ainda mais quando sua origem é de outro país. Entretanto, isso se deixa levar por um detalhe. Por consequência, alcançou títulos coletivos e individuais nesta temporada. Inclusive participou do Mundial de Clubes de 2006, deixando sua marca na derrota para o Al-Ahli. Por fim, o título da competição foi conquistado pelo Internacional.
O agora camisa 10 conseguiu o feito de ser eleito para o prêmio entregue ao melhor do continente em 2007. Acabou se tornando o quinto paraguaio com a honraria que tivera anteriormente Romerito, Raúl Amarilla, Chilavert e José Cardoso, o último, até então. Nomes brasileiros como Tostão (1971), Pelé (1973), Zico (1977, 1981 e 1982), Sócrates (1983), Bebeto (1989), Raí (1992), Cafu (1994), Romário (2000), Neymar (2011 e 2012), Ronaldinho Gaúcho (2013), Luan (2017) e Gabigol (2019). Só para exemplificar, o prêmio foi criado somente em 1971.
SAIBA MAIS
Com tanto brasileiro na lista não seria possível que Cabañas passaria ileso em enfrentá-los. Porém, teve 100% sucesso nos únicos em embates que tivera contra os times. Flamengo e Santos foram os atingidos. Dois gols para cada um. No entanto, o maior trauma foi para os cariocas. Enquanto Joel Santana se despedia para ir treinar a seleção da África do Sul, o paraguaio se apresentava aos brasileiros e ao estádio do Maracanã para jamais ser esquecido. Pela seleção, foram dois gols. Uma vitória e uma derrota contra o Brasil.
Um golpe irrefutável. Uma tragédia encerra a carreira em alto nível de Salvador Cabañas Ortega. O ex-atacante havia feito seu último jogo e seus últimos gols pelo América, do México, no dia 17 de janeiro de 2010 sem saber. O rival, que sofrera, foi o San Luis na vitória por 5 x 1. Isso porque durante a ida ao Bar Bar, uma casa noturna mexicana, acabou em discussão nas primeiras horas de 25 de janeiro. Posteriormente foi atingido na cabeça com um tiro e foi levado para o hospital.
Milagrosamente escapou da morte. Todavia, a bala segue alojada em sua cabeça. Porém, engana-se se acham que o atleta tenha ódio ou quadre pensamento ruim sobre o agressor, que era um traficante do México.
“Eu estou bem. Já me esqueci disso. Eu já havia dito publicamente e repito, eu perdoo ao cara que me fez isso e destruiu minha carreira. Não tenho nenhum problema em dizê-lo. O importante é que eu estou vivo”, salientou em janeiro de 2020, mês que completou 10 anos do atentado.
Durante a passagem no México foram 218 jogos com 155 gols marcados e 25 assistências.
Cabañas, que completa 40 anos nesta quarta-feira (5), ainda tentou retomar as atividades profissionais, porém não conseguiu. O Brasil, tão vítima dele, também foi casa do paraguaio, precisamente o Tanabi, de São Paulo. Mas sem sucesso. Por outro lado, o que se soube pós o precoce encerramento da carreira foi um pré-contrato, que já estava em vias de assinatura com Manchester United.
Devido a isso, os ingleses acabaram mudando os rumos da negociação e contratando outra estrela do México. Chicharito Hernández, hoje, no LA Galaxy, estava em crescente no Chivas Guadalajara, outro clube muito popular no país.
Os problemas e tentativas de novas funções fora do futebol são coisas do passado para Cabañas. Ainda mais que está agora trabalhando como assistente técnico no Paraguai e pretende seguir essa carreira e que em sabe um dia dirigir o time que lhe acolheu tão bem, como o América, do México. Logo, a sua inspiração é Tata Martino, segundo o ex-atacante, o melhor com quem trabalhou na carreira. Paraguaio de nascimento, mas mexicano por devoção dos torcedores do América e do Jaguares Chiapas.
Foto Destaque: Reprodução/TeleMundoDeportes