Do céu não cai só chuva | OneFootball

E... respirem. O SC Braga venceu, este domingo, o Casa Pia AC, na jornada 32 da Liga Portugal Betclic (4-3). Num duelo com voltas e reviravoltas, os arsenalistas agarraram-se à crença e foram buscar, com menos uma unidade, uma vitória que permite continuar a sonhar com o terceiro lugar do campeonato.

Depois de uma primeira parte controlada pelos forasteiros, sem a corda na garganta em relação à manutenção, o melhor dos arsenalistas ficou guardado para a segunda metade. Foi com a desvantagem no marcador que o SC Braga espevitou e arrancou para os minutos mais convincentes. A expulsão de Álvaro Djaló parecia ter deitado depois tudo a perder, mas a fé de Abel Ruiz, expressa na bota direita quando decidiu pelo pontapé de fora da área, manteve a equipa de Rui Duarte com o objetivo à vista.

Nenhuma pressão, muito futebol

A derrota do Portimonense em Alvalade, no sábado, fez com que o Casa Pia AC chegasse a Braga já com a manutenção na Liga Portugal Betclic confirmada. Sem a pressão de ter de pontuar, a equipa de Gonçalo Santos preocupou-se com apenas uma coisa: jogar bom futebol. E que bom futebol jogou nos primeiros 45 minutos!

No seu habitual 3x4x3, sem Felippe Cardoso como referência ofensiva, mas com Pablo Roberto a alternar entre uma espécie de falso 9 e um terceiro médio junto de Beni Mukendi e Telasco Segovia, os gansos entraram melhor na Pedreira e os posicionamentos do '80' pareceram surpreender o adversário nos primeiros minutos. A pouco e pouco, o SC Braga foi encaixando e abriu o ativo no primeiro lance de perigo: Bruma lançou Álvaro Djaló nas costas da defesa, Tchamba ganhou a frente, mas falhou o corte e permitiu o desvio do extremo para a baliza.

O golo atordoou os visitantes durante algum tempo e os arsenalistas somaram mais um par de aproximações perigosas, sempre na largura, mas sem grande proveito. Ultrapassado o momento mais difícil em toda a primeira parte, o Casa Pia AC voltou a ter confiança com a bola e por várias vezes conseguiu ligar jogo de um lado ao outro do relvado com muito critério, utilizando Telasco Segovia como referência para queimar a primeira pressão bracarense e depois envolver as unidades mais adiantadas. Um dos lances mais bonitos da primeira parte foi desenhado aos 29 minutos e teve o venezuelano como protagonista, mas Matheus fez uma grande defesa.

O crescimento dos forasteiros foi evidente e o cheiro a golo cada vez mais intenso. Aos 35 minutos, Rodrigo Zalazar comprometeu em zona proibida e ajudou a que os visitantes comprovassem que o olfato estava, de facto, apurado: Pablo Roberto aproveitou o erro e ofereceu o empate a Yuki Soma. Um prémio justo e ao mesmo tempo insuficiente para a equipa de Gonçalo Santos, a melhor na primeira parte.

Abelito, herói na montanha-russa

Seria de pensar que o 1-2 conseguido pelo Casa Pia AC logo nos primeiros minutos da segunda parte, num pontapé de fora da área de Leonardo Lelo (52'), fosse uma notícia terrível para o SC Braga. A verdade é que a vantagem conseguida tornou-se pior para os visitantes, até então corajosos e ambiciosos com a bola, mas daí em diante demasiado cautelosos perante o resultado.

Os gansos recuaram e entregaram a iniciativa ao adversário com demasiado tempo para jogar e o SC Braga não se fez rogado. A equipa anfitriã acedeu ao convite para assumir as rédeas e deu a volta ao resultado em cinco minutos, primeiro com um desvio subtil de Abel Ruiz (59') e depois com um pontapé de Zalazar (64'), uma bomba de todo o tamanho e que deixou a Pedreira em erupção.

O momento mudou por completo de lado, mas os minutos seguintes trouxeram uma série de peripécias que voltaram a fazer a balança pender para o lado do Casa Pia AC. Rui Duarte foi expulso do banco por protestos, Paulo Oliveira fez auto-golo (72') num dos poucos lances de ataque dos visitantes na etapa complementar e Álvaro Djaló foi expulso com dois cartões amarelos em menos de um minuto.

Com menos um elemento, os minhotos perderam capacidade, mas o Casa Pia AC também não entrou em loucuras e manteve-se arrumadinho, à espera de uma aberta - que nunca apareceu - para poder desferir o golpe final. Ao cair do pano, quando já pouco fazia prever, Abel Ruiz, de fora da área, seguiu a lei de Zalazar e disparou, em arco, para um golaço.

Do céu não caiu só chuva em Braga. Quando o objetivo do pódio parecia já bem distante no horizonte, Abelito pincelou a mais bela obra deste domingo e manteve os Gverreiros do Minho no encalço do FC Porto, a duas jornadas do final do campeonato.