Diretor da Treecorp, Bruno D’Ancona, comenta sobre reforços em julho e futuro esportivo do Coritiba | OneFootball

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·06 de junho de 2023

Diretor da Treecorp, Bruno D’Ancona, comenta sobre reforços em julho e futuro esportivo do Coritiba

Imagem do artigo:Diretor da Treecorp, Bruno D’Ancona, comenta sobre reforços em julho e futuro esportivo do Coritiba

Nas últimas semanas a SAF do Coritiba tem feito parte do dia a dia do clube cada vez mais e nesta terça pela primeira vez, desde a assinatura do contrato, algum representante da Treecorp falou sobre o planejamento da SAF. Bruno D’Ancona, sócio diretor, da empresa concedeu uma entrevista exclusiva ao GE e falou sobre reforços em julho, futuro esportivo do clube e outros tópicos.


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Nas últimas semanas, a SAF do Coritiba foi aprovada pelo seu Conselho Deliberativo e pelo seus sócios, ambos com mais de 95% de aprovação. Agora, a única etapa que resta para a entrada completa da SAF é a aprovação da juíza que vem cuidando da Recuperação Judicial do clube.

No início da conversa, Bruno comentou sobre as mudanças que vem acontecendo nos bastidores do clube e sobre a chegada de reforços, que é uma cobrança da torcida e do treinador Zago.

“Sabemos do desafio que vamos enfrentar. Nossa primeira luta será para manter o Coritiba na elite. É importante a torcida entender que, neste momento, se inicia um processo de reconstrução desportiva. Mudamos drasticamente a espinha dorsal do departamento de futebol, com cinco alterações de profissionais das áreas de gerência, saúde, nutrição e preparação física.” — Bruno Levi D’ Ancona, sócio-diretor da Treecorp.

— Vamos trazer reforços importantes na janela de transferência para trazer maior equilíbrio ao elenco. Mas temos ciência de que os obstáculos, para terminarmos 2023 na elite, são enormes.

A compra do Coritiba é a primeira feita pela Treecorp, que é nova no ramo. Bruno explicou como funcionou este movimento.

— A natureza de um fundo de Private Equity é investir em empresas diferentes, mas que estão em áreas de competências que o grupo possui. Sem a lei da SAF, o universo de futebol não era um setor amigável para investimento – todas as tentativas passadas foram frustradas. Já temos investimentos em empresas de marca forte, no ramo de consumo, de tecnologia e de saúde, que nos ajudaram a entender a complexidade de indústria do futebol e nos permitiram ter confiança para investir. Outro fator, foi o desenvolvimento global e quantidade de negócios que aconteceram no esporte nos últimos anos.

— Nossa filosofia de investimento é procurar negócios com grande possibilidade de crescimento, que ainda não atingiram todo seu potencial, como no caso do Coritiba. Após analisar bastante o setor e entender diversas oportunidades, acreditamos que o Coritiba tem todos os elementos para ser uma SAF de sucesso. Trata-se de um clube com uma torcida grande e apaixonada, uma marca consolidada, com tradição, multicampeão, localizado em uma capital de estado de muita expressão.

— Não devemos criar falsas promessas. No Estadual, o Coritiba continuará sendo protagonista. Já nas competições nacionais, teremos a concorrência de equipes com um poder de investimento bastante superior. Em um médio e longo prazo, a nossa expectativa é que essa distância financeira encurte, mas o grande foco inicial será a construção de alicerces para permitir que o clube consiga almejar grandes coisas no futuro. A renovação da infraestrutura, especialmente com a construção de um novo CT que integre as categorias de base e elenco profissional, é a prioridade absoluta do projeto.

Bruno falou sobre qual o resultado esportiva que a Treecorp busca com o Coritiba, afirmou que é algo fundamental para o futuro do clube e confirmou que o plano é montar um time jovem.

— Importante ficar claro para o torcedor que o sucesso esportivo é fundamental para o nosso projeto. Como chegar lá, não é óbvio. O que foi muito bem construído em conjunto com a associação foi uma análise do que é necessário para se criar um modelo vencedor e, principalmente, sustentável. Concluímos que passa por investimentos estruturais, como governança e gestão transparente, CT de ponta, um orçamento competitivo e um estádio moderno.

— Fizemos um acordo que está buscando performance esportiva relevante, mas ambas as partes concordaram que é importante focar no processo e não em um resultado de curto prazo. Na nossa visão, o segredo está na consistência. Ficamos muito felizes com os resultados das votações, pois a comunidade viu esse alinhamento dos objetivos da Treecorp com o sucesso do clube. As aprovações foram muito contundentes, com sinalização positiva de 98% e 96% dos Conselheiros e Sócios, respectivamente.

— A ideia do Coritiba SAF é desenvolver uma equipe jovem, com grande presença de jogadores formados nas categorias de base, que possam proporcionar resultados esportivos para a instituição. E, nesta equipe jovem, mesclar com atletas experientes, dando o equilíbrio.

Até aqui apenas Carlos Amodeo, CEO do Coritiba, e Arthur Moraes, Executivo do Futebol, foram anunciados para a direção do Coxa. Bruno explicou o porque da escolha desses dois profissionais e garantiu que mais nomes chegaram.

— Nos cercamos de sócios operadores e experts do setor, que nos deram muita informação. Achar lideranças e talentos é grande parte do que fazemos todos os dias. Os profissionais contam com uma bagagem importante na modalidade, demonstraram muito interesse pelo projeto e possuem metas alinhadas com o desenvolvimento do negócio.

— Acreditamos na capacidade que os dois tem em virar esse jogo de curto prazo e construir o futuro. Os dois tem experiências em grandes clubes e também complementaram com pós-graduações importantes na FIFA e UEFA. Nós ainda temos ainda a previsão da chegada de novos executivos que tenham vasta experiência no mercado do futebol. A administração do Coritiba SAF será altamente capacitada e conduzida por profissionais especializados em gestão e negócios. Sabemos que os resultados no campo não vem no curto prazo com essas mudanças estruturais, mas elas virão em uma construção bem feita.

Bruno afirmou que a Treecorp não teve nenhuma participação na janela do começo de ano e admitiu que a situação atual não é agradável, mas que estão prontos para virar a mesa.

— Não tivemos nenhum papel, seja nas contratações de reforços ou nas demais escolhas. A atual gestão nos informou de decisões que já estavam tomadas. Não era nossa função participar do processo. Estamos em um período de transição e, a partir do momento que finalizarmos as formalidades que este processo exige, as decisões serão 100% da SAF.

— É bastante desafiador, mas estamos preparados para encarar a situação. É evidente que nossa meta é manter o clube na elite, mas, mesmo que haja uma frustração deste objetivo, precisamos ressaltar que isso não mudará em nada as ambições que temos para o Coritiba. O trabalho da empresa será de longo prazo, sem depender de resultados esportivos imediatos. Como falei anteriormente, é importante focar na construção de alicerces de um clube vencedor, algo que infelizmente não será resolvido no curto prazo.

Um dos grandes personagens dessa chegada da Treecorp ao Coritiba foi o publicitário Roberto Justus, ele já concedeu entrevistas falando do clube e garantiu que quer fazer parte do trabalho. Bruno comentou sobre qual será o papel do empresário, que é sócio minoritário da Treecorp.

— O Roberto Justus é conselheiro e sócio minoritário da Treecorp, mas não participa da administração da gestora e nem estará no dia a dia da SAF. No entanto, é um apaixonado pelo esporte e está muito entusiasmado com este projeto. Ele participará do conselho do clube e vai agregar com experiência no mercado publicitário e como empresário de sucesso. O Roberto é um grande ativo que está alinhado com todas as empresas do portfólio da Treecorp.

No contrato com o Coritiba, dois investimentos se destacaram bastante: a reforma do CT do clube e modernização do Couto Pereira. Bruno falou que o CT é a primeira prioridade e depois focaram 100% no Estádio do Coxa.

— A modernização na infraestrutura contempla o pilar mais importante do plano estratégico. Inicialmente, a prioridade será a construção do novo Centro de Treinamento, espaço que será referência no futebol mundial. Nos comprometemos a investir R$ 100 milhões para o desenvolvimento. É o clube que receberá os frutos deste projeto.

— Após a conclusão do CT, iremos concentrar as atenções no Estádio Couto Pereira, espaço que possui uma importância imensurável na história do Coritiba. Enxergamos enorme potencial de crescimento para a modernização de um espaço multiúso, com capacidade para receber shows e eventos de primeira linha, com o conforto e a segurança que os torcedores do Coxa merecem.

Para finalizar, Bruno encerrou comentando quais são as metas do Coritiba a curto, médio e longo prazo.

— Nossa meta é a perenização do Coritiba na Série A e a frequência constante em campeonatos continentais. Já em termos de gestão, vamos tornar o clube uma referência de administração e investimentos tecnológicos.

— Dentro das quatro linhas, imaginamos que será o tempo necessário para que a agremiação mude o patamar competitivo. Fora de campo, a ideia é que a estrutura esteja completamente modernizada, com a concepção de um estádio multiúso e um Centro de Treinamento entre os mais modernos do país.

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A dívida da associação será totalmente quitada pela SAF, ao longo de 10 anos, respeitando os prazos e condições negociadas com os credores. Ela irá repassar os valores para a Associação cumprir com os pagamentos.

Os principais pontos do acordo

  • Quitação total da dívida do clube – em torno de R$ 270 milhões;
  • Construção de um novo centro de treinamentos – investimento de R$ 100 milhões;
  • Reforma e modernização do estádio Couto Pereira – R$ 500 milhões;
  • Mais R$ 450 milhões para operação (reforços e capital de giro);

Investimento

No acordo, investimento em reforços e na construção do novo centro de treinamento são obrigatoriedades por contrato. A Treecorp terá dez anos para investir a quantia acima em reforços. O CT de Campina Grande do Sul, agora é propriedade da SAF, o aporte deverá ser feito imediatamente.

Diferente do CT, o Couto Pereira seguirá como propriedade do Coritiba, que por sua vez assinará um contrato de cessão por 50 anos, renováveis por mais 50, para a SAF. No investimento da Treecorp, a quantia direcionado para a reforma do estádio é um compromisso formal, condicionado a determinado fatores.

A Treecorp tem sete anos para começar as obras e no máximo dez para a reforma ser completa, caso essa linha do tempo não seja cumprida, existem punições contratuais, como o impedimento de retirar dividendos (participação sobre os lucros da empresa) por parte dos investidores.

Dívida do Coritiba

Em relação a dívida do Coritiba, o clube paranaense tomou um caminho diferente dos outros clubes que já são SAF no futebol brasileiro. O Coxa já concluiu sua recuperação judicial, na qual obteve descontos de credores e alongou o pagamento da dívida em 12 anos.

Na criação da SAF, a Treecorp agora fica responsável pela dívida e outros ativos, contratos de jogadores, patrocínios e direitos de transmissão, por exemplo, o Coritiba perderá a maior parte de suas receitas.

Em troca, a associação civil receberá da empresa investimento para o futebol e outros setores. Esses valores variam a cada ano e têm como finalidade o cumprimento do acordo feito na recuperação judicial. Portanto, a SAF não receberá as dívidas, porém agora é a responsável para efetuar o pagamento dela.

Quem vai liderar?

Como acionista minoritária, o Coritiba manterá a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários, por meio da governança, além de ter força para negar mudanças em relação a tradição.

Haverá um Conselho de Administração, com até dez integrantes, dos quais a associação poderá indicar um representante. O Conselho Fiscal terá cinco nomes, sendo um deles nomeado pelo Coritiba. Essas são as pessoas que ficarão incumbidas de participar da administração do clube pelos próximos anos.

Metas para o futebol

No contrato com a Treecorp, o Coritiba incluiu alguns acordos mínimos para que as coisas andem no futebol.

A empresa terá que gastar por ano um mínimo de R$ 120 milhões ou 50% da receita, o que for maior, no item que chamou de “investimento em futebol”. Ele é composto pela folha salarial e por contratações.

Na teoria, significa que, se a soma de salários e direitos de imagem for de R$ 80 milhões no ano, pelo menos R$ 40 milhões deverão ser utilizados para comprar direitos federativos e econômicos de atletas.

A meta do Coritiba é a estabilidade no Campeonato Brasileiro e a conquista de títulos, não existe punição para a Treecorp caso as metas esportivas não sejam cumpridas. O mecanismo é financeiro.

Também vale lembrar que, caso o Coritiba seja rebaixado para a Série B, o investimento sofrerá um corte, pois não existe necessidade de uma quantia tão grande para a disputa da segunda divisão.

Quem é a Treecorp?

Criada em 2010, a Treecorp tem três sócio-diretores e aproximadamente R$ 2 bilhões sob gestão em 11 empresas de seu portfólio. Ademicon, Zeedog, Cabana Burguer e Zul digital são algumas delas.

Coritiba, inclusive, tem uma parceria com Ademicon: o “Consórcio Coxa” de forma digital. Ao adquirir, o torcedor do Coxa estará automaticamente contribuindo com o clube. Não existe relação de interesse antigo, já que o consórcio foi realizado em 2021.

O nome mais conhecido, contudo, é do ex-publicitário Roberto Justus, que entrou na empresa há dois anos. No final do ano passado ele disse que estava comprando um clube de futebol em entrevista ao podcast Flow e que não era o “seu time de coração”. Justus torce para o São Paulo.

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