Santos FC
·24 de setembro de 2021
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·24 de setembro de 2021
Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
O tradicional bairro da Mooca, reduto de muitas famílias italianas na capital paulista, viu nascer no dia 24 de setembro de 1934, uma segunda-feira, o menino Emmanuele Del Vecchio, filho de Frank Del Vecchio e dona Alboccini, que anos mais tarde se consagraria no time do Santos vestindo a camisa nove.
Ainda jovem o menino veio com a família morar em São Vicente, a Céllula Mater da Nacionalidade, onde começou a bater bola na praia com outros garotos de sua idade. Seu desempenho na areia vicentina chamou a atenção de sócios do Peixe que o recomendaram treinar na base do Alvinegro em 1951.
Na Vila Belmiro foi campeão nas categorias infanto-juvenil, juvenil e amador, e chegou à equipe principal em 1953. Sua primeira partida no Peixe foi em um amistoso no dia 21 de junho de 1953 na goleada pelo placar de 4 a 0 contra o Bonsucesso/RJ entrando no lugar do ponta-esquerda Tite.
O time dirigido por Artigas entrou em campo definido com Manga, Hélvio e Cássio; Feijó (Nenê), Formiga (Pascoal) e Nélson Adams; Nicácio, Walter, Hugo (Antoninho), Vasconcelos e Tite (Del Vecchio).
O primeiro gol marcado como atleta profissional ocorreu meses depois no dia 3 de outubro na vitória sobre o Comercial da capital por 2 a 0, pelo Campeonato Paulista, no Estádio Parque Antártica. Del Vecchio fez o segundo tento do Alvinegro, aos 37 minutos do segundo tempo e o primeiro foi de Orlando.
Coube a ele a autoria do primeiro gol santista fora do Brasil e ocorreu na Argentina no primeiro giro internacional do Alvinegro em sua história. Esse feito foi marcado no empate em 1 a 1, diante do Gymnasia y Esgrima, no Estádio Juan Carmello Zerillo, em La Plata.
Após 20 anos, o Santos voltava a vencer novamente um campeonato paulista e Del Vecchio foi muito importante nessa conquista memorável no ano de 1955, pois além de sua contribuição como atacante ele foi também o artilheiro do campeonato com 22 gols.
Já na conquista do bicampeonato estadual, em 1956, marcou 13 gols, dois deles na grande decisão diante do São Paulo.
Artilheiro raçudo e comprometido com a equipe
O craque Del Vecchio não desistia de nenhuma jogada, mostrava disposição e muita garra defendendo o time praiano, além de preciso nos arremates. Com a camisa do Peixe marcou 105 gols em 177 jogos se tornando o 20º maior artilheiro do clube.
Seu pai, um ex-boxeador, ensinou muito dessa nobre luta a ele que era de um temperamento forte e se envolveu em uma confusão com o radialista Ernani Franco da Rádio Atlântica, muito querido pela torcida santista e também muito amigo dos dirigentes santistas.
Esse imbróglio aconteceu no dia 23 de julho de 1957, na Vila Belmiro. Durante a partida contra o Benfica, Del Vecchio não participou, mas se envolveu na agressão ao radialista, motivo pelo qual o clube negociou sua saída para a equipe do Verona da Itália.
Lá na terral de seus pais, Del Vecchio jogou durante um ano no Verona e depois se transferiu para o Nápoli. No ano de 1961 jogou no Calcio Padova e entre 1962/63 atuou pelo time do Milan quando ganhou a Champions League.
De volta à América do Sul vestiu a camisa azul e amarela do Boca Juniors por um curto período e depois jogou também pelo São Paulo, em seu retorno ao Brasil em 1964.
O retorno à Vila Belmiro
Aos 31 anos, no ano de 1965, tentou novamente jogar no time de Vila Belmiro, ficando pouco tempo no elenco santista. Ainda jogou pelo Bangu e encerrou a carreira no Atlético Paranaense, em 1970.
Novamente no Alvinegro em 1984 trabalhou como técnico em substituição a Chico Formiga e dirigiu o time em apenas seis partidas vencendo uma, empatando outra e perdendo quatro partidas. Em seu lugar no comando da equipe entrou Carlos Castilho que nesse mesmo ano venceu o campeonato paulista.
Del Vecchio dirigiu diversas equipes, como o Botafogo/PB, Barretos/SP, Internacional de Bebedouro/SP, Internacional de Limeira/SP e por último no Jabaquara AC.
O artilheiro raçudo e temperamental, que pode ser também chamado de um autêntico Menino da Vila, veio a óbito no dia 7 de outubro de 1995, aos 61 anos, sendo sepultado em Santos.