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·11 de junho de 2025

Defesa, um 'novo titular', repertório e mecanismos ofensivos: o que extrair do início com Ancelotti?

Imagem do artigo:Defesa, um 'novo titular', repertório e mecanismos ofensivos: o que extrair do início com Ancelotti?

Carlo Ancelotti completou seus primeiros compromissos com a seleção brasileira com vitória sobre o Paraguai, nesta terça-feira, na Neo Química Arena, e classificação garantida na próxima Copa do Mundo. Em duas semanas, qual foi o saldo do novo comando da seleção brasileira?

No dia seguinte da despedida do Santiago Bernabéu, Carlo Ancelotti já viajou ao Rio de Janeiro e deixou uma coisa clara: não dormiria pelas próximas duas semanas. O tempo foi o grande inimigo do trabalho do italiano.


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O 'novo titular'

Na primeira convocação pela seleção, já no dia seguinte ao desembarque no Rio, Ancelotti aceitou indicações do departamento de análise de desempenho da CBF, mas trouxe seus homens de confiança e uma grande aposta: Alexsandro Ribeiro.

Adversário de Ancelotti na Liga dos Campeões, na vitória do Lille sobre o Real Madrid, o defensor brasileiro ficou no radar da comissão técnica de Ancelotti. Na primeira chance que teve, o italiano o convocou. E não só: o colocou como titular.

Alexsandro foi a grande novidade desse primeiro período da seleção com Ancelotti, e uma das grandes notícias. Teve duas atuações seguras, sendo um dos destaques tanto no empate contra o Equador, quanto na vitória sobre o Paraguai. Defensivamente seguro, agressivo na marcação e com vigor para acompanhar os atacantes, conseguiu desequilibrar, também, na saída de bola, com passes verticais importantes, principalmente em Guayaquil.

Alexsandro Ribeiro nos dá, também, outros dois bons ganchos sobre as primeiras semanas de trabalho de Ancelotti na seleção. O primeiro deles é a defesa, que foi a primeira grande prioridade do treinador. Um contexto é necessário aqui: em 14 jogos das Eliminatórias sem Ancelotti, o Brasil havia ficado sem levar gol em dois. Com dois jogos sob o comando do italiano, nenhum gol foi sofrido...

Repertório tático

O Brasil adotou esquemas diferentes nas duas partidas com o novo técnico, algo também verdade na fase defensiva. No geral, a estrutura usada foi um 4-4-2, mas em Guayaquil, por exemplo, com um rival mais adiantado, a seleção chegou a defender em 4-1-4-1 e 4-5-1, somente com Richarlison adiantado.

Ancelotti buscou equilíbrio nas laterais: um lateral de mais ataque a profundidade, outro mais contido, algo que, por sinal, ressaltou quase em toda a coletiva e que será tendência com ele na seleção. Vanderson sofreu um pouco na marcação aos pontas equatorianos no primeiro jogo, mas teve menos trabalho em Itaquera. Alex Sandro fez boa dupla do outro lado com Ribeiro, apesar de ter participado menos com a bola (e com mais erros) diante dos Guaranís.

A solidez defensiva da seleção tem protagonismo de dois líderes: Marquinhos, que seguiu como capitão, e principalmente Casemiro. Em 4-1-4-1, como único homem na frente dos zagueiros, ou 4-4-2, ao lado de Bruno Guimarães, ou até 4-5-1, quando teve ao lado também Gerson, Casemiro dominou o corredor central do campo e ajudou a seleção a proteger bem o "funil", a área central do campo da entrada da área até o gol.

O segundo ponto de reflexão que Alexsandro Ribeiro nos dá como gancho é a saída de bola. Contra o Paraguai, houve uma evolução grande nesse sentido, também por uma postura menos agressiva dos paraguaios, que marcaram em blocos médios e baixos. Mas o Brasil conseguiu sair de trás com mais velocidade, com Casemiro e Bruno Guimarães posicionados nas costas de Sanabria e Almirón ou Enciso.

Mais uma vez, a seleção fez uma saída 3+2, com Alex Sandro se juntando aos zagueiros. Na primeira fase de construção, Casemiro distribuiu o jogo sempre clareando a jogada, e Bruno Guimarães conseguiu receber de frente para o campo adversário para avançar com bola.

O quarteto ofensivo

Na fase ofensiva, se criou pouco contra o Equador e contou com Richarlison em uma noite pouco inspirada, a seleção mostrou nova cara diante dos paraguaios. O quarteto ofensivo, com Martinelli, Vinícius Júnior, Matheus Cunha e Raphinha conseguiu mostrar bons mecanismos ofensivos.

Os quatro atacantes trocavam de posição o tempo todo. Martinelli, geralmente, invertia com Vini, enquanto Matheus Cunha ajudou muito recuando no meio-campo para receber a bola e ajudar a criar superioridade numérica no setor, com Bruno Guimarães e Casemiro. O Brasil, por vezes, atacou em 3-2-5. Precisou mostrar paciência, mas furou o bloqueio ofensivo paraguaio e poderia ter vencido por mais.

No jogo em Itaquera, o Brasil mostrou mais a cara de Ancelotti: um time muito mais funcional, sem posições fixas aonde os jogadores do ataque flutuam de acordo com os espaços dados pela defesa e com o movimento da bola.

Uma coisa é importante: Ancelotti foi coerente com tudo o que prometeu: evitou rótulos, garantiu que iria adaptar o esquema e a postura do time de acordo com os jogos, e conseguiu vender sua ideia aos jogadores. O principal desse início de trabalho do italiano talvez seja isso: a seleção brasileira hoje é um time com perspectivas, que vê a luz no fim do túnel, apesar de esse túnel parecer que vai desabar inúmeras vezes. Como falou ontem Alisson, que pode definir melhor do que qualquer um a "virada de chave" destes dias na seleção.

"A mudança é evidente, a gente pode analisar que algo está começando a mudar aqui dentro. O desempenho dos jogadores foi melhor, tanto individual quanto coletivamente. Nosso time é jovem, eles precisam dessa confiança. Em um ambiente conturbado, em pressão por resultado, que é normal, não é fácil. Tem sido muito difícil correr carregando uma carga dobrada. Mas fico feliz por a gente conseguir trazer esse sentimento de que algo novo está surgindo aqui dentro. Ancelotti, junto com sua comissão, tem todo o mérito", garantiu, em entrevista ao Sportv depois do jogo.

"Algo novo está surgindo". É tudo o que o torcedor brasileiro queria ouvir. Há sinais. Mas antes de tudo, será necessário muito trabalho...

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