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·10 de outubro de 2024
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"O futebol é a maior invenção do homem". A frase, dita muitas vezes por fãs do esporte, certamente só é possível porque a "paz" não pode ser inventada. Na vida, muitas prioridades vêm antes do esporte, apesar de seu poder de transformação social. Ainda assim, a Data Fifa tentará tornar o futebol parte do noticiário em países em conflito.
Já falamos aqui, há um ano, sobre a escalada da invasão russa na Ucrânia. Apesar do fracasso militar até o momento, e sem conseguir avançar como esperava, a Rússia continua a ocupar parte do território ucraniano, em conflito sem qualquer data para acabar. E os números seguem assustadores.
A BBC divulgou, em agosto, que em maio e junho, cerca de 1.200 soldados russos morreram ou foram feridos por dia. Só em 2024, mais de 50 mil pessoas já morreram no conflito.
Se a seleção russa continua suspensa pelas entidades do futebol, a Ucrânia entra em campo dias 11 e 14 diante de Geórgia e República Tcheca, pela Liga das Nações. A declaração do lateral da seleção, Konoplya, para oGol há um ano continua atual.
"Quando vamos para os jogos, tentamos não apenas jogar bem, tentamos fazer mais, tentamos lutar pelo nosso povo. Agora, significa mais do que nunca", afirmou.
A tensão no Oriente Médio é antiga. Mas a invasão de Israel por parte do Hamas, em 2023, colocou o conflito em um novo nível. Dessa vez, o conflito deixou a Faixa de Gaza e foi além da tensão entre israelenses e palestinos. Avançou até o Líbano e, nos últimos dias, contou com um ataque do Irã a Israel, que prometeu vingança.
Israel joga as competições da Uefa e, nesta Data Fifa, enfrenta França e Itália pela Nations League. Partidas no momento mais tenso do conflito no país.
"Devemos nos assegurar que isso continue sendo um jogo de futebol, como deve ser, mas realmente o contexto é muito tenso. Infelizmente, é a nossa realidade", disse o capitão da seleção de Israel, Dor Peretz, jogador do Maccabi Tel Aviv.
"Há coisas mais importantes que o jogo, mas neste momento daremos o melhor por nosso país. Acima de tudo, somos cidadãos de Israel, tudo o que acontece nos afeta, mas vamos buscar o equilíbrio para separar o pessoal do profissional", completou.
Palestina e Irã jogam pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo, enquanto o Líbano, já eliminado, fará amistosos na Índia e no Vietnã.
Segundo o Journal of Peace Research, 2023 foi o ano com mais mortes em conflitos armados desde 1994, ano do genocídio em Ruanda. Quase 240 mil pessoas morreram em conflitos armados no mundo ano passado.
O continente africano sofre com um sangrento conflito armado na região do Sahel, que envolve dez países e superou as 30 mil mortes, com mais de três milhões de pessoas obrigadas a mudar para lugares mais seguros. Países envolvidos no conflito (embora não seja uma guerra entre países), como Burkina Faso e Costa do Marfim, jogam pelas Eliminatórias para a CAN de 2025. Outros países do continente, que vivem guerras civis internas, como Nigéria e Congo, também jogam.
Não é de hoje, na verdade, que o futebol africano tem de se adaptar em meio ao caos das guerras civis. Histórias de partidas em cenário de guerra remontam desde o Santos, de Pelé, a Costa de Marfim, de Drogba.
Futebol e guerra se encontram há muito tempo. O esporte sempre foi visto como uma ferramenta política e social importante. Para o bem, e para o mal. Uma história que, também, se repete ao longo dos anos, de Mussolini e Hitler a Vladimir Putin.
O futebol continua sendo, apenas, mas não somente, um reflexo das complexidades da nossa sociedade. Enquanto a bola continua a rolar nos campos pelo mundo, inclusive em algumas zonas de conflito, o futebol serve de lembrete tanto da nossa capacidade de união, mas ao mesmo tempo das divisões persistentes que permeiam a humanidade.