Esporte News Mundo
·15 de maio de 2022
Esporte News Mundo
·15 de maio de 2022
A partida entre Internacional e Corinthians foi de muita qualidade no último sábado (14). O empate em 2 a 2, no entanto, ficou marcado por um episódio de séria acusação. Próximo a metade do segundo tempo, o jogo foi paralisado por causa de uma confusão, em que o volante Edenilson, do Colorado, acusou o lateral-direito Rafael Ramos, do Timão, de injúria racial. Diante de todos os desdobramentos, confira abaixo, em ordem cronológica, a sequência de acontecimentos.
Aos 31 minutos do segundo tempo, a bola sai para linha lateral no campo de ataque do Internacional. Neste momento, Edenilson se movimenta para receber, enquanto é marcado por Rafael Ramos. Então, quando Renê ia realizar a cobrança, o volante Colorado corre em direção ao árbitro e pede para paralisação do jogo, afirmando que havia sido chamado de “macaco” pelo atleta do Corinthians, sendo alvo de injúria racial.
Diante da acusação de injúria racial, então, o árbitro Bráulio Machado paralisou o jogo, e chamou os atletas para darem suas versões. Na súmula, ele relata que Edenilson afirma que Rafael Ramos disse “foda-se macaco”, enquanto o português se defendeu, argumentando que falou “foda-se caralho”. Na hora, todavia, a arbitragem nada pode fazer, já que não escutou o flagrante e o VAR não pode interferir em lances de leitura labial.
No momento em que Edenilson acusou Rafael Ramos de injúria racial, já foi possível ver uma reação amistosa dos jogadores do Corinthians ao volante. Atletas como William e Renato Augusto foram conversar e acalmar o atleta do Internacional, além de tentarem entender exatamente o que havia ocorrido.
Em meio a confusão, então, mais um lance que chamou a atenção. Cercado por jogadores do Corinthians, Edenilson apontou o dedo em direção a Rafael Ramos e cobrou que o lateral assumisse o que havia falado. O jogador, todavia, discordou do Colorado, o virando as costas para o reinício do confronto.
Depois que o jogo foi retomado, Vítor Pereira se apressou em substituir Rafael Ramos. Bastante pressionado pela torcida, e marcado pelos atletas do Internacional, pela suposta injúria racial, o lateral foi retirado de campo. Junto com ele saiu Willian, conhecido pelo combate antirracista nas redes sociais, que conversou com o português enquanto se dirigiam ao banco de reservas. Isso, como era de se esperar, sob muitas vaias no Beira-Rio.
Diante da situação de injúria racial sofrida por Edenilson, os jogadores do Internacional concordaram em somente falar após o capitão. Diante disso, nenhum atleta do Colorado deu entrevista assim que o árbitro finalizou o duelo.
Pelo lado do Corinthians, por sua vez, também houve uma espécie de blindagem. Somente o experiente Jô, que estava distante do lance, se pronunciou. Na fala, para o canal, “Premiere”, o centroavante se limitou a dizer que não poderia afirmar ter havido injúria racial, já que estava distante e comentou que, Rafael Ramos havia afirmado que se trataria de um mal-entendido linguístico, já que ele é de Portugal.
Após o duelo, já nos vestiário, Edenilson e Rafael Ramos se encontraram. Conforme confirmado por ambos, houve uma conversa, em que o volante falou aqui que havia entendido e o lateral argumentou se tratar de um mal-entendido, que não teria cometido injúria racial. Na versão do atleta do Timão, inclusive, eles teriam apertado as mãos ao final. No entanto, pelo relato do Colorado, o português se recusou a admitir o crime.
Depois de se encontrar com Rafael Ramos, Edenilson acionou a Polícia Civil, junto ao delegado da partida, para prestar queixa contra o lateral por injúria racial. Aberta a ocorrência, o volante foi ouvido pelas autoridades, dando início ao processo que se seguiu nos corredores do Beira-Rio.
Então, após ouvir Edenilson, a Polícia Civil colheu os depoimentos do árbitro Bráulio Machado, que reforçou o colocado em súmula, com a versão de ambos mas sem ter conseguido escutar a possível injúria racial. E de Rafael Ramos, que voltou a defender-se, afirmando que disse “foda-se caralho” e não “foda-se macaco”.
Para saber tudo sobre o Campeonato Brasileiro, siga o Esporte News Mundo no Twitter, Facebook e Instagram.
Já depois de deixar as dependências do Beira-Rio, e passar sua versão para a Polícia Civil, Edenilson comentou sobre o caso de injúria racial. Em nota através das redes sociais, o volante afirmou ter certeza de que ouviu Rafael Ramos o chamando de macaco. Além disso, reforçou que evitou uma paralisação maior da partida pois “o jogo estava bom” e pediu desculpas por não reagir “da maneira certa”, já que foi a primeira vez que sofreu com algo do tipo no futebol.
Após ouvir as versões de cada um, a Polícia Civil mandou prender Rafael Ramos pelo crime de injúria racial. De acordo com o delegado da partida, em entrevista para a imprensa, o jogador cometeu sim o crime, e precisou ser detido no estádio Beira-Rio, para que não voltasse junto ao elenco para o hotel.
Somente depois de mais de três horas de terminada a partida Rafael Ramos foi liberado. Como o crime de injúria racial é afiançável, o lateral do Corinthians pagou R$ 10 mil em dinheiro vivo, mas somente após a contratação de uma advogada, por parte do Timão, para o defender no caso. Com isso, o atleta português pôde retornar ao hotel.
Liberado mediante o pagamento de fiança, e mesmo após ter sido preso, Rafael Ramos manteve sua versão sobre os fatos. Em entrevista, afirmou estar com a “consciência tranquila”, pois o caso de injúria racial teria sido apenas um “mal-entendido”.
Através de uma nota oficial nas redes sociais, inclusive, Rafael Ramos postou um pequeno desabafo. Nele, afirmou que nunca cometeu crime de injúria racial na vida e que foi criado para respeitar a todos. Além disso, finalizou uma mensagem de “racismo não!”.
O fato de ter sido preso e pago fiança não finaliza a acusação de injúria racial para Rafael Ramos. Como Edenilson abriu ocorrência na Polícia Civil, o lateral do Corinthians responderá a um processo criminal. Os R$ 10 mil pagos serviram, justamente, para que o português respondesse em liberdade.