Cria do Newell’s e campeão já veterano, Heinze volta ao clube agora como treinador | OneFootball

Gabriel Heinze começou e terminou sua carreira como jogador profissional no Newell’s Old Boys. O defensor é cria das categorias de base, embora tenha deixado o clube ainda na adolescência para atuar na Espanha. Mais marcante seria seu retorno, após uma trajetória de conquistas importantes por equipes como Real Madrid, Manchester United, Paris Saint-Germain e Olympique de Marseille. O veterano voltou aos leprosos para ser campeão nacional em 2013, temporada na qual ainda foi semifinalista da Libertadores. Aposentado em 2014, Heinze iniciou sua carreira como técnico e fez alguns trabalhos de relevo no futebol argentino. Resolveu agora retornar à velha casa, anunciado como novo treinador do Newell’s para 2023.

A experiência adquirida por Heinze em alto nível, também pela seleção argentina, se reflete em bons trabalhos como treinador. E se engana quem pensa que o ex-defensor opta por times mais retrancados. Pelo contrário, uma de suas características mais marcantes à beira do campo é o futebol ofensivo e de ótimo trabalho coletivo, agressivo com e sem a bola. Foi assim que ganhou moral rapidamente e até virou um nome por vezes cotado a vir para o futebol brasileiro. Por enquanto, finca raízes em seu país.

A primeira experiência de Heinze foi ruim. Em 2015, treinou o Godoy Cruz por apenas dez jogos e terminou demitido com apenas duas vitórias. A nova oportunidade surgiu em 2016, mas numa situação de maior pressão. O Argentinos Juniors tinha caído para a segundona argentina e o ex-defensor precisava resgatar os colorados. Conseguiu cumprir a missão com um futebol vistoso, que deixou ótima impressão pelas sequências de vitórias e pelas goleadas. Seria um período também marcado pela revelação de jovens promessas, incluindo Alexis Mac Allister e Nicolás González, hoje prováveis convocados à Copa do Mundo com a Argentina.

Depois de conquistar o acesso, Heinze preferiu deixar La Paternal e teve uma nova oportunidade na primeira divisão à frente do Vélez Sarsfield. Assumiu o time em janeiro de 2018 e ficou dois anos no cargo. Os velezanos também tiveram oscilações no período, mas o aproveitamento superou os 50% e o bom futebol prevaleceu em parte da jornada. Conseguiu um terceiro lugar no Campeonato Argentino de 2019/20, que recolocou o clube na Libertadores após sete anos de ausência. Mais uma vez, a capacidade de revelação de promessas também transpareceu em Liniers. Thiago Almada é outro pupilo do técnico com chances de disputar o Mundial de 2022.

Após optar por deixar o Vélez durante a pausa da pandemia em março de 2020, Heinze passou os meses seguintes sem clube. Assumiu o Atlanta United em 2021, na sua primeira experiência no exterior. Não deu certo na MLS, com apenas 17 partidas à frente da equipe que vinha de bons desempenhos anteriores. Saiu queimado no país, especialmente por entrar em conflito com o elenco. Os jogadores chegaram a se queixar ao sindicato de atletas por causa dos métodos rígidos de treinamentos, que restringiam até o consumo de água. Desde então, Heinze permaneceu no aguardo de uma nova oportunidade. O Newell’s Old Boys aposta não só nas aptidões de seu antigo prata da casa, como também na ligação com a agremiação. E isso faz a diferença num momento em que Heinze era cotado inclusive como substituto de Marcelo Gallardo no River Plate.

O Newell’s fez uma campanha de meio de tabela no Campeonato Argentino, no 11° lugar, apesar da liderança em parte das primeiras rodadas. Os leprosos se classificaram à Copa Sul-Americana e terão um calendário mais recheado em 2023. É ver o que o comandante consegue tirar de um elenco que não vive mais a profusão de talentos de uma década atrás, quando o próprio Heinze fazia parte do grupo. Os rosarinos não conseguiram emplacar seus últimos técnicos por tanto tempo e a nova escolha dá uma impressão de continuidade. O currículo favorece Heinze, enquanto sua história na casa deve garantir mais respaldo.