Courtois atingiu a perfeição na final, dentro de uma campanha já monstruosa – seus passos definitivos para a história | OneFootball

Courtois atingiu a perfeição na final, dentro de uma campanha já monstruosa – seus passos definitivos para a história | OneFootball

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·28 de maio de 2022

Courtois atingiu a perfeição na final, dentro de uma campanha já monstruosa – seus passos definitivos para a história

Imagem do artigo:Courtois atingiu a perfeição na final, dentro de uma campanha já monstruosa – seus passos definitivos para a história

Existem goleiros excelentes que se tornam intransponíveis em grandes jogos. E, em certas circunstâncias, as atuações irrepreensíveis se tornam mitológicas. Thibaut Courtois entra para esta categoria, por aquilo que fez durante os 90 minutos no Stade de France – e por aquilo que permitiu ao Real Madrid. Não há exagero nenhum em dizer que a conquista merengue só foi possível através da perfeição atingida pelo camisa 1 ao longo da final contra o Liverpool. O belga possui atuações sensacionais na carreira, em decisões, em Copa do Mundo. Ainda assim, a partidaça que fez é o seu passo definitivo para a eternidade da Champions e do Real Madrid. Conquista o maior título de sua vitoriosa carreira, numa noite para fazê-lo lembrado entre os melhores goleiros deste século.

Faz muito tempo que Courtois é visto como um grande goleiro. Os 30 anos de idade, aliás, não representam totalmente a experiência de quem atua há mais de uma década em altíssimo nível. Estourou precocemente no Genk para ser campeão belga, iniciou a série de conquistas do Atlético de Madrid, levou troféus enormes pelo Chelsea. A tão badalada “geração belga” contou bastante com o talento do goleiro para ganhar reconhecimento mundial, e a campanha que confirma a grandeza daquele grupo vem exatamente com os milagres do camisa 1 nas quartas de final da Copa do Mundo. Entre tantos feitos, porém, o Real Madrid providencia o maior agora.


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A transferência de Courtois para o Real Madrid aconteceu sob grande pressão. Era um movimento impactante, após a Luva de Ouro na Copa de 2018, mas que gerou também críticas. A chegada do belga era vista como “ingratidão” com Keylor Navas e os argumentos eram compreensíveis. Courtois, por outro lado, vinha num momento com o Chelsea em que não era mais considerado imprescindível ao time. Como se não bastasse, o passado colchonero trazia mais um ruído. A primeira temporada no Bernabéu não seria simples. Num time em reconstrução, Courtois não transmitia total confiança e oscilou. Levou um tempo até, de fato, provar seu valor.

Imagem do artigo:Courtois atingiu a perfeição na final, dentro de uma campanha já monstruosa – seus passos definitivos para a história

(FRANCK FIFE/AFP via Getty Images/One Football)

A partir de 2019/20, Courtois se agigantou na meta do Real Madrid. Navas saiu e o belga não tinha mais a sombra do debate. Faria uma campanha excelente no Campeonato Espanhol, para garantir a conquista aos merengues. A primeira das muitas que viriam a partir de então. Se a temporada de 2020/21 não seria igualmente vitoriosa, não foi por culpa do belga, que se manteve em ótima forma. Mas nada que se compara ao que ocorre em 2021/22. Foi novamente um dos motivos na conquista de La Liga. E a Champions consegue ser maior, pelas exibições absurdas que acumulou ao longo de toda a campanha.

Se a trajetória do Real Madrid nesta Champions é tão repleta de espetáculo, Courtois permitiu que esses milagres acontecessem. Contra o PSG, o goleiro pegou pênalti de Messi na ida e fez boas defesas na partida de volta – apesar de certos questionamentos nos gols sofridos. Diante do Chelsea, voltou a se agigantar em Londres, em especial. Já na façanha contra o Manchester City, a ressurreição merengue no Bernabéu passa pelas luvas do belga. Realizou algumas defesas ótimas ao longo da noite, até que operasse seus milagres na reta final. Antes de Rodrygo aparecer, o camisa 1 segurou nas unhas a vida dos madridistas na competição. Voou na pancada de João Cancelo, tirou o gol de Jack Grealish com as travas da chuteira. Na prorrogação, quando a reviravolta estava desenhada, também se esticou todo para tocar com a ponta dos dedos a tentativa de reação de Phil Foden. Ali, sua participação nesta Champions já virava memorável. Tornaria-se maior em Saint-Denis.

Courtois esteve bem protegido na decisão contra o Liverpool. Diferentemente das outras fases, o goleiro passou longe de estar exposto em sua meta. Os merengues baixaram suas linhas, trancaram sua área, concederam poucos espaços à pressão dos Reds. Mesmo assim, a proteção merengue só foi total graças ao camisa 1. Courtois impediu um resultado pior no primeiro tempo. Primeiro, recuperou-se muito bem para defender no contrapé uma bola em cima, que Mohamed Salah não pegou em cheio. Pouco depois, a sua intervenção mais bonita da noite. Precisou de toda a sua envergadura para tocar o chute de Sadio Mané no limite e ainda contar com a ajuda da trave. Além disso, nos arremates dos adversários que não foram bons, muita segurança. O belga parecia sentir que ninguém passaria por ele na noite.

Foi no segundo tempo, de qualquer forma, que o Liverpool teve a certeza de que não venceria Courtois nessa partida. O goleiro exibia todas as suas virtudes: envergadura, senso de posicionamento, tempo de reação. Vinícius Júnior abriu o placar do outro lado e os Reds não demoraram a responder. O desespero dos ingleses se tornou maior pela forma como o arqueiro agia impecavelmente em sua meta. Esticou-se todo para barrar um chute colocado de Salah, da entrada da área. Logo depois, num lance difícil quase na linha de fundo, percorreu toda a pequena área e bloqueou Salah com o pé, sem margem para erro. Quando Diogo Jota desviou no meio do caminho, o belga se recuperou a tempo para espantar o perigo.

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(JAVIER SORIANO/AFP via Getty Images/One Football)

Isso até que viesse o milagre final, aos 36, no enésimo embate com Salah. O egípcio estava de frente para o gol e tinha suas melhores condições para finalizar em todo o jogo. Encheu o pé e tentou mandar longe do goleiro, cruzado. Courtois fechou o ângulo e esticou o punho para concretizar o desvio salvador. A vitória foi assegurada naquele momento, e os próprios companheiros sentiram isso. David Alaba chegou a pular no colo do arqueiro para comemorar. Naqueles braços, ninguém estaria mais seguro no mundo inteiro. A taça da Champions logo repousaria ali também.

Courtois ganhou o prêmio de melhor em campo, indiscutivelmente. É uma das maiores atuações de um goleiro nas finais de Champions e também uma das maiores campanhas de um jogador da posição na história do torneio. Os próprios números dizem isso. Foram 59 defesas realizadas em toda a competição, um recorde desde que os dados são computados pela Opta, a partir de 2003/04. Nenhuma outra decisão de LC no período tinha visto um arqueiro fazer nove defesas. Uma estatística que impressiona e que se torna ainda mais fantástica pela dificuldade dos lances.

Ao longo da carreira, mesmo com tantas conquistas, Courtois não conseguiu ser exatamente uma unanimidade. Ele mesmo declarou nesta noite que “não ganhou respeito suficiente nos tempos de Inglaterra”. A resposta veio em campo, através de trabalho e de talento. O belga passa a ocupar um lugar privilegiado entre os maiores goleiros da história do Real Madrid e pode ser considerado o maior de seu país na posição, mesmo com a concorrência pesadíssima de Michel Preud’Homme e Jean-Marie Pfaff. Agora, sua grandeza se expressa na Champions, e de uma forma que as pessoas não vão se esquecer. A glória no Stade de France foi escrita pelas luvas de Courtois.

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(Shaun Botterill/Getty Images/One Football)

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