Contra a Inglaterra, em Manaus, a Itália fez seu único grande jogo na Copa do Mundo de 2014 | OneFootball

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·14 de junho de 2024

Contra a Inglaterra, em Manaus, a Itália fez seu único grande jogo na Copa do Mundo de 2014

Imagem do artigo:Contra a Inglaterra, em Manaus, a Itália fez seu único grande jogo na Copa do Mundo de 2014

Segundo o ditado, a primeira impressão é a que fica. A Itália, porém, contrariou a sentença na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil. O trabalho do técnico Cesare Prandelli era sólido, a equipe protagonizava um futebol envolvente e a estreia, contra a Inglaterra, foi muito boa. Em Manaus, os azzurri derrotaram os britânicos por 2 a 1 e largaram bem no chamado “grupo da morte”. Pena, porém, que os grandes momentos da Nazionale na competição se resumiram àquele duelo.

A Itália que chegou ao Brasil começara a ser moldada em 2010, após o vexame na Copa da África do Sul, que ficou na conta da teimosia de Marcello Lippi, tão fiel aos tetracampeões mundiais de 2006 que foi incapaz de avaliar friamente a má fase de vários medalhões e efetuar uma renovação no grupo azzurro. Prandelli foi o nome escolhido pela Federação Italiana de Futebol – FIGC para reformular o elenco de convocados e também fazer a seleção espelhar o estilo atrativo que havia desenvolvido na Fiorentina. Funcionou. A Nazionale voltou a atuar bem e chegou a ser vice-campeã da Euro, em 2012.


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Na campanha continental, a Itália encarou a Inglaterra de Roy Hodgson, veterano que conhecia bem o Belpaese – afinal, treinara Inter e Udinese anos antes. Nas quartas de final, italianos e ingleses fizeram um grande jogo, que só foi decidido nos pênaltis, com direito a uma cavadinha desmoralizante de Andrea Pirlo e cobrança decisiva de Alessandro Diamanti. Dois anos depois, na Arena da Amazônia, os britânicos teriam a chance da revanche num duelo que reunia os mesmos técnicos e elencos bastante similares àqueles que haviam se enfrentado em Kyiv, capital da Ucrânia.

Itália e Inglaterra fariam o segundo jogo do Grupo D, considerado o da morte. Um pouco mais cedo, em Fortaleza, o Uruguai havia perdido por 3 a 1 para a Costa Rica, na primeira das surpresas daquela chave. O resultado fazia crer que, se houvesse vencedor no duelo amazônico, em Manaus, este ficaria em grande vantagem perante as adversárias.

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Barzagli e Chiellini compuseram a zaga da Itália contra a Inglaterra, mas Prandelli optou por Paletta no lugar de Bonucci (AFP/Getty)

Para a estreia no Mundial, Prandelli teve de lidar com o desfalque de última hora de Gianluigi Buffon, seu capitão. O técnico optou por escalar Gabriel Paletta no lugar de Leonardo Bonucci. Como armava a defesa com uma linha de quatro atletas, nem sempre se valia do chamado trio BBC da Juventus – entretanto, Andrea Barzagli, na zaga, e Giorgio Chiellini, na lateral esquerda, atuaram em Manaus.

O esquema do treinador ainda contava com muita qualidade no meio-campo, já que Pirlo, Daniele De Rossi, Claudio Marchisio e Marco Verratti compunham o setor. Por fim, na frente, Mario Balotelli era o 9. Do outro lado, uma Inglaterra bem menos badalada do que o habitual tinha várias lacunas na retaguarda e precisava confiar a solução de seus problemas aos veteranos Steven Gerrard e Wayne Rooney.

Imaginando o quanto a temperatura e a umidade de Manaus poderiam gerar desgaste com o decorrer do jogo, a Inglaterra tentou colocar a Itália nas cordas logo nos minutos iniciais da peleja. Com intensidade, os ingleses imprimiram um ritmo muito alto pelos lados, concentrando-se em Raheem Sterling. Se Paletta errava no posicionamento, Barzagli e Chiellini se precipitavam nos botes – devem ter esquecido que Bonucci não estava em campo para cobri-los. Assim, Salvatore Sirigu teve que segurar as pontas e contar também com os erros dos adversários.

Com o passar do tempo, a Itália melhorou de rendimento. Em meados da etapa inicial, os azzurri já tinham o controle da partida e cerca de 70% de posse da posse de bola, com Pirlo e Verratti controlando o círculo central, De Rossi executando a saída a três e Matteo Darmian e Antonio Candreva imprimindo ótimo ritmo na direita. Como Chiellini não dava amplitude na esquerda e, mais preso, atuava quase como um terceiro zagueiro, Marchisio ficou isolado e sem a possibilidade de encostar em Balotelli para explorar a deficiência inglesa entre linhas. Isso também acabou numa participação tímida do camisa 9, que não se movimentava bem e acabava encaixotado entre Gary Cahill e Phil Jagielka, permitindo desarmes fáceis dos britânicos.

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Após um corta-luz magistral de Pirlo, Marchisio marcou um lindo gol para a Itália na Arena da Amazônia (Getty)

As investidas pelo flanco direito não resultaram em ocasiões claras para a Itália. Então, foi através de uma jogada ensaiada por Prandelli que, aos 35 minutos, o placar foi aberto. Candreva cobrou escanteio curto para Verratti, que passou para Pirlo. Sem espaço para dominar, o capitão fez belo corta-luz para permitir que a bola chegasse a Marchisio, na entrada da área. Il Principino ajeitou e disparou um foguete rente ao chão, que não deu chances a Joe Hart. Estava aberto o placar.

A vantagem da Itália, contudo, durou muito pouco. Aos 37 minutos, um desleixo italiano em contra-ataque resultou no empate dos ingleses. Em rápida descida pela esquerda, Rooney recebeu na ponta e cruzou na medida para Daniel Sturridge igualar o marcador, em nova falha posicional de Paletta e Chiellini.

O gol de empate saiu em momento que a Itália dominava a partida e, até por isso, o já calejado time de Prandelli não perdeu o controle. Seguiu com a bola e ainda criou duas ocasiões cristalinas de marcar antes do intervalo. Primeiro, Balotelli apareceu bem e teve calma para pensar na melhor solução: tentou encobrir Hart e viu Jagielka cortar a sua grande iniciativa em cima da linha. Depois, Candreva disparou um chute na trave. A pelota não estufou a rede, mas os azzurri sabiam que estavam no caminho certo.

A propósito, no início da segunda etapa, foi justamente uma jogada entre os dois citados acima que resultou em outro gol da Itália. Numa tônica que se repetiu em todo o tempo complementar, os azzurri passaram a buscar incessantemente os desmarques do seu atacante de referência – o que geraria sete impedimentos até o apito final. Mas, aos 50 minutos, tudo deu certo. O então laziale Candreva efetuou um cruzamento na medida para Balotelli, que se movimentou perfeitamente, saindo do encaixe de Jagielka e Cahill para aparecer atrás do zagueiro do Chelsea e testar para as redes.

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Balotelli não fez grande primeiro tempo, mas começou a segunda etapa com brilhantismo e foi decisivo (Getty)

Prandelli havia corrigido a movimentação de Super Mario, mas também estancou a sangria do sistema defensivo, que passou a ter maior segurança com atuação mais sólida de Chiellini e De Rossi, além da participação de Candreva e Marchisio no fechamento de espaços pelos lados, que eram as regiões do campo mais exploradas pela Inglaterra. Também foi providencial a entrada de Thiago Motta, que tinha atuado mal nos amistosos preparatórios para aquela Copa do Mundo.

Esgotados, os ingleses foram perdendo confiança devido às mexidas táticas de Prandelli e só ameaçaram realmente com um chute de Rooney, que buscou o contrapé de Sirigu, mas mandou para fora. Finalização no alvo? Só numa cobrança de falta de Leighton Baines, que o arqueiro italiano não teve problemas em rebater. Por outro lado, uma Squadra Azzurra dominante ainda carimbou o travessão num arremate de Pirlo, fenomenal e cheio de efeito.

Depois do apito final do árbitro Björn Kuipers, os azzurri puderam comemorar a vitória e a sensação de dever cumprido naquele que parecia o maior desafio da chave. Em Manaus, os italianos superaram a intensidade dos velozes ingleses e executaram bem o plano do seu treinador, produzindo volume de jogo bem superior ao que conseguira criar nos amistosos anteriores ao Mundial. A Nazionale teve vantagem na posse de bola, nos passes trocados, na porcentagem de toques certos – 93%, a maior em quase cinco décadas em Copas.

Começamos este texto com um ditado e terminamos com outro: quando a esmola é muita, até o santo desconfia. O histórico da Itália registrava complicações em fases de grupos de Copas do Mundo e, apesar da estreia com vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, não seria diferente na edição 2014 do torneio. O drama viria a seguir, com uma inesperada derrota para a surpreendente Costa Rica, em Recife, e um roteiro estrambólico na queda para o Uruguai, em Natal, que resultou na precoce eliminação dos azzurri e num injusto fim para o ótimo trabalho de Prandelli na Nazionale.

Inglaterra 1-2 Itália

Inglaterra: Hart; Johnson, Cahill, Jagielka, Baines; Henderson (Wilshere), Gerrard; Welbeck (Barkley), Sterling, Rooney; Sturridge (Lallana). Técnico: Roy Hodgson. Itália: Sirigu; Darmian, Barzagli, Paletta, Chiellini; De Rossi; Candreva (Parolo), Verratti (Thiago Motta), Pirlo, Marchisio; Balotelli (Immobile). Técnico: Cesare Prandelli. Gols: Sturridge (37′); Marchisio (35′) e Balotelli (50′) Árbitro: Björn Kuipers (Países Baixos) Local e data: Arena da Amazônia, Manaus (Brasil), em 14 de junho de 2014

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