Comparado a Guardiola, van Persie quer repetir idolatria no Feyenoord como treinador | OneFootball

"Uma jornada como nenhuma outra". Foi assim que o Feyenoord anunciou o retorno do grande ídolo Robin van Persie, agora para ser treinador. Depois de 12 anos dedicados ao clube holandês, entre experiências de jogador e de auxiliar técnico, agora é hora do lendário atacante exercer a função mais importante na beira do gramado.

Novo comandante do Feyenoord, van Persie assume o clube na terceira colocação da Eredivise, mas relativamente longe dos líderes. O que resta é o sonho de repetir a temporada 69/70 na Liga dos Campeões, quando o título veio no final. Nos playoffs, a equipe holandesa eliminou o Milan e voltará a Milão para enfrentar a Inter nas oitavas.

De volta para casa

O Feyenoord contempla uma linhagem marcante de treinadores em sua história. Nomes como Ruud Gullit, Ronald Koeman, Giovanni van Bronckhorst e, mais recentemente, Arne Slot treinaram o clube holandês. Não é diferente com jogadores. Nomes como Dirk Kuyt, Johan Cruyff e Peter Bosz são alguns que já vestiram vermelho e branco.

Robin van Persie não poderia ficar de fora da lista de maiores ídolos do Feyenoord. O atacante holandês surgiu como uma grande promessa no início dos anos 2000 e, depois de fazer história por Arsenal e Manchester United retornou para brilhar em sua última dança como jogador no futebol holandês em 2017, permanecendo por duas temporadas e conquistando dois títulos em copas.

"Esta é a quarta vez que venho para casa. Isso é ótimo. Me sinto honrado. Dá um sentimento de orgulho. Farei tudo o que puder para retribuir a confiança. Dia e noite tudo girará em torno do Feyenoord. Estou realmente ansioso por isso", disse o agora comandante em sua apresentação na equipe holandesa.

O retorno de van Persie ao Feyenoord pode marcar um grande momento para o treinador e sua família. O também centroavante canhoto e filho de Robin, Shaqueel van Persie atua pelo sub-19 do clube holandês, e aos 18 anos pode estrear como profissional justamente sob o comando do pai, quem sabe ainda nessa temporada.

Meia temporada de Eredivise

Depois de iniciar sua trajetória como treinador nas categorias de base do próprio Feyenoord, entre as categorias sub-18 e sub-19, van Persie aceitou o desafio e foi comandar o Heerenveen no início da temporada 24/25, disputando a primeira divisão do Campeonato Holandês. Em 26 jogos de casamento entre ambos, foram nove vitórias, seis empates e 11 derrotas.

"Conseguimos ter uma boa imagem de Robin em sua primeira fase aqui como treinador. Continuamos a acompanhá-lo durante seu curto, mas bom período no Heerenveen. Decidimos que este é um bom momento e não devemos esperar até depois desta temporada", pontuou o diretor geral e técnico do Feyenoord, Te Kloese.

Na visão dos cartolas holandeses, essa seria a hora exata para colocar o ídolo nessa função. Na terceira colocação da Eredivise, o Feyenoord está 14 pontos do líder Ajax e briga para terminar "pelo menos em terceiro", nas palavras do próprio comandante.

Além da disputa do Campeonato Holandês, van Persie também comanda os holandeses na Liga dos Campeões, onde a equipe enfrenta a Internazionale nas oitavas de finais depois de passar pelo Milan. O treinador não perdeu a oportunidade de demonstrar a ansiedade pelo confronto e pontuou que "quanto maior a competição, melhor".

Semelhanças com Guardiola

Van Persie foi bem avaliado em seu tempo de Heerenveen. Graças a ele, o clube adotou um estilo mais radical e virou assunto por frequentar a primeira metade da tabela. Sua preferência pela posse de bola vem diretamente da inspiração no estilo de Pep Guardiola. A pressão e a busca pelo ataque também têm essa origem.

Como foi feito em seu antigo clube, van Persie deve manter a estratégia de buscar o controle da posse de bola com muita cautela e passes curtos. Com maestria nesse quesito, o Heerenveen ficou entre os cinco clubes com mais posse de bola na atual disputa do Campeonato Holandês. Outro ponto que assemelha o comandante a Guardiola é a taxa alta de recuperações na pressão alta.

Mas o início de trajetória de van Persie não foi somente com aspectos positivos. Um problema que o holandês teve de enfrentar na atual temporada foi a baixa conversão em gols. Apesar do estilo ofensivo, nos 23 jogos da equipe no Campeonato Holandês, foram apenas 27 gols marcados. Isso se explica pela carência de jogadores incisivos nas pontas e pelos maus momentos vividos pelos atacantes da equipe.

A estratégia adotada por van Persie, no entanto, rendeu também momentos negativos. A obsessão pela linha alta foi um tiro que saiu pela culatra contra equipes com rápido contra-ataque. Contra o AZ, sua equipe saiu goleada por 9 a 1.

E, com outra derrota por 3 a 0 na sequência, a estabilidade defensiva ficou em xeque. A quantidade de gols sofridos colocou a equipe entre as piores defesas da competição. São 42 gols em 23 rodadas de Eredivise até aqui. Só os dois últimos colocados e o Heracles Amelo, 15º, foram mais vazados.

Com melhores jogadores no Feyenoord, o estilo ofensivo e de risco pode ter mais sucesso que nos tempos de Heerenveen. Com contrato até 2027, van Persie terá, na teoria, tempo suficiente para colocar seus planos em prática.