
Stats Perform
·06 de agosto de 2019
Como Guardiola adaptou a saída de bola do City à nova regra de tiro de meta

In partnership with
Yahoo sportsStats Perform
·06 de agosto de 2019
Pep Guardiola sempre foi um dos maiores inovadores do futebol. E não é surpresa que o técnico do Manchester City já está tentando tirar proveito da nova regra do futebol que permite os defensores receber a bola dentro da área em uma cobrança de tiro de meta.
Antes da mudança, zagueiros que estavam sob pressão podiam dominar a bola dentro da área para que o jogo fosse parado. Mas a nova regra pretende fazer com que isso não aconteça mais, dando prioridade ao time que está atacando. Entretanto, atacantes ainda não podem entrar na área para interceptar um passe na cobrança do tiro de meta.
A construção das jogadas desde a defesa com uma estruturada e ensaiada organização é uma das marcas dos times dirigidos por Guardiola, e no primeiro tempo da Community Shield, no domingo, o City neutralizou toda pressão do Liverpool.
Não foi a primeira vez que o City tentou se livrar da “máquina de pressão” do time de Jurgen Klopp com passes curtos dentro da sua própria grande área. No empate em 0 a 0 no Anfield, na temporada passada, os citizens jogaram da mesma maneira.
Em entrevista para o Telegraph Sport no ano passado, o zagueiro John Stones disse que o Manchester treina para jogar assim meticulosamente. “Esse não é o típico futebol inglês, não é? É para atrair a pressão e criar mais espaços para os outros jogadores. Eu não acho que seríamos capazes de fazer isso com qualquer outro treinador e a forma com que ele nos treinaria para fazer isso. Isso vem do Guardiola e das suas ideias. Ele é muito detalhista no que ele quer e todos nós sabemos onde cada um estará, então isso facilita para mim”.
Na antiga regra, Kyle Walker e Aymeric Laporte abriam nas laterais da grande área, com Stones e Fernandinho centralizados, formando um esquema 1-2-2 com o goleiro Ederson.
A nova regra de saída de jogo oferece a Guardiola a chance de inovar. Na Community Shield, um dos zagueiros se aproximava do goleiro Cláudio Bravo para fazer uma espécie de pivô. Isso fazia com o Liverpool tivesse mais uma linha de jogadores do City para se preocupar.
Por exemplo, quando o pivô era Nicolas Otamendi, Stones e o novo contratado Rodri formavam uma segunda linha, fora da grande área, de forma que eles estivessem abertos para receber passes tanto de Bravo como de Otamendi.
Depois da troca de passes entre o goleiro e o zagueiro, Roberto Firmino decidiu fechar a linha de passe para Stones, o que fez com que Rodri estivesse aberto para receber o passe de Bravo. Se esse passe também não estivesse disponível, outra opção segura seria devolver a bola para Otamendi.
Essa troca de passes é arriscada e ainda deixa os fãs do City apreensivos nas arquibancadas, mas a ideia era ou desencorajar o Liverpool de uma pressão alta no ataque ou criar espaços vazios mais à frente no campo, fazendo possível se jogar ali.
Do outro lado, o Liverpool empregou um sistema mais tradicional, com o lateral Joe Gomez e o zagueiro Virgil Van Dijk dentro da grande área, com um dos meio campistas entre eles.
A organização do City não era somente para trocar passes curtos. O Manchester City usa o goleiro, seja Ederson ou Bravo, como um elemento surpresa, chutando a bola para o ataque explorando a velocidade de Raheem Sterling ou Leroy Sane.
Como um discípulo de Johan Cruyff, Guardiola pensa da seguinte maneira: fazer o campo pequeno quando se defende, mas abri-lo ao máximo quando se ataca.
Com defensores se aproximando mais da pequena área e com pontas bem abertos no ataque, o Manchester City consegue criar espaços para jogar com muito mais profundidade.
Tentar e condensar o espaço, mas correr o risco de ser derrubado por um passe longo ou por cima, ou ir para o ataque e permitir que o City jogue no contra-ataque com facilidade? É um enigma que os treinadores vão ter que pensar ao longo de toda a temporada.