Com seleção fora da Copa, russos apoiam seus “irmãos” sérvios | OneFootball

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·28 de novembro de 2022

Com seleção fora da Copa, russos apoiam seus “irmãos” sérvios

Imagem do artigo:Com seleção fora da Copa, russos apoiam seus “irmãos” sérvios

Com uma bandeira sérvia nos ombros, um torcedor mantém um silêncio solene enquanto o hino nacional toca na televisão: há algo mais normal em um bar de Belgrado em plena Copa do Mundo? Mas a cena se passa em Moscou.

Excluída das grandes competições esportivas devido à invasão da Ucrânia, a Rússia, país-sede da Copa do Mundo de 2018, apoia a seleção sérvia no Catar. Povoadas principalmente por eslavos de confissão cristã ortodoxa, russos e sérvios mantêm relações estreitas, forjadas ao longo de séculos de história e que não sofreram com a intervenção russa na Ucrânia.


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Nesse sentido, torcer para a Sérvia durante o torneio no Catar parece natural para Kirill Gnevuchev, diretor de uma empresa de materiais de refrigeração. Ele esteve em um bar lotado de Moscou na noite da última quinta-feira para o primeiro jogo das Águias Brancas contra o Brasil, na derrota por 2 a 0.

“Sempre os apoiamos e continuaremos a fazê-lo: acredito que os sérvios são um povo irmão”, disse segurando uma garrafa de vinho branco.

Aqui, o conflito na Ucrânia e sua série de horrores parecem distantes: vários jovens pintaram a bandeira sérvia nas bochechas, outros clientes discutem táticas entre doses de cerveja, enquanto duas funcionárias de uma casa de apostas passam de mesa em mesa.

“Apostei no Brasil, mas torço pela Sérvia. Se o Brasil ganhar, eu ganho dinheiro. Se a Sérvia ganhar, ficarei feliz”, comentou Roman Marchak, um jogador profissional de pôquer de 34 anos

O barman Roman Iantchinski, de 41 anos, se mostrou exultante: “É graças à Sérvia que lotamos hoje!”

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“Mesmas cores, mesma fé”

Na ausência do time que chegou às quartas de final em 2018, os comentaristas esportivos russos analisam o desempenho dos sérvios, com destaque para os atacantes Aleksandar Mitrovic e Dusan Vlahovic.

Em uma pesquisa realizada há algumas semanas pelo Championnat, um site russo de informações esportivas, a Sérvia liderava em termos de apoio popular.

“Boa sorte! Acreditamos no sucesso de vocês, irmãos!”, lançou a seleção russa no início do torneio.

Até a agência russa de intercâmbio cultural e ajuda humanitária, Rossotrudnitchestvo, fez um apelo para apoiar a Sérvia: “Mesmas cores, mesma fé. Avante os sérvios!”

Apesar do apoio à Sérvia, a ausência da Rússia lembra aos seus habitantes o quanto seu país está isolado, apenas quatro anos após a Copa do Mundo de 2018, que então simbolizou a abertura de Moscou ao mundo.

Roman Marchak, jogador de pôquer, lamenta não poder viajar para o exterior com tanta facilidade e se pergunta sobre o futuro do campeonato de futebol russo, que viu suas estrelas estrangeiras deixarem o país em massa.

“Talvez beneficie os jovens talentos russos. Mas ninguém na Europa vai querer contratá-los nesse contexto”, disse.

Afastada da cena diplomática e esportiva, a Rússia pode, em todo caso, contar com a solidariedade dos sérvios. Um dos poucos times estrangeiros a viajar à Rússia, o Estrela Vermelha de Belgrado visitou São Petersburgo no dia 22 de novembro para enfrentar o Zenit em um amistoso.

Na ocasião, torcedores russos exibiram uma bandeira sérvia e uma bandeira russa com centenas de metros nas ruas da segunda maior cidade da Rússia. Mas em um país apaixonado por futebol, não ver a Rússia na Copa do Mundo causa dor.

“O esporte não deveria sofrer as consequências da política”, relatou Gleb, um estudante de 18 anos.

Roman Marchak compara a situação atual da seleção russa com a da Iugoslávia, que foi excluída da Eurocopa em 1992 e da Copa do Mundo de 1994, em um contexto de guerra, antes de ser reintegrada.

“Também vamos voltar”, declarou. “Mas enquanto durar a situação política, nada vai mudar. Hoje, esporte e política não podem ser separados.”

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