Com forte defesa, a Lazio bateu o Atlético de Madrid e se tornou finalista da Copa Uefa, em 1998 | OneFootball

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Calciopédia

·19 de setembro de 2023

Com forte defesa, a Lazio bateu o Atlético de Madrid e se tornou finalista da Copa Uefa, em 1998

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A edição da Copa Uefa de 1997-98 ficou marcada por uma final entre equipes italianas, que dominavam a competição na época. Apesar do massacre da Inter de Ronaldo Fenômeno na decisão, realizada em Paris, a Lazio vinha de uma ótima campanha no torneio, embalada por sua sólida retaguarda. Esta defesa, inclusive, segurou o Atlético de Madrid numa semifinal duríssima.

A Lazio vivia tempos de dinheiro nos cofres. Desde 1992, quando fora adquirida por Sergio Cragnotti, presidente da multinacional alimentícia Cirio, a equipe capitolina se tornou muito competitiva, devido a grandes craques que vestiram a camisa celeste. Em 1996-97, comandada por Dino Zoff, fora quarta colocada na Serie A e se classificara para a Copa Uefa. O verão europeu de 1997 marcava um ponto de virada, entretanto: a diretoria buscou o técnico sueco Sven-Göran Eriksson, que mudou o patamar da agremiação.


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Em 1997-98, seu ano de estreia no comando da Lazio, Eriksson fez uma campanha mediana na Serie A – sua equipe foi sétima colocada. Porém, os aquilotti venceram a Coppa Italia, batendo o Milan por 3 a 1 e abrindo caminho para a conquista da Recopa Uefa, seu primeiro título continental, em 1999. Antes disso, os biancocelestes ficaram por um triz de levantar a taça da Copa Uefa.

A Lazio de Eriksson fez uma campanha consistente na Copa Uefa: a única derrota seria justamente na final do torneio, para a Inter, e a equipe sofreu apenas três gols até a decisão. A trajetória dos capitolinos começou com uma surra sobre o Vitória de Guimarães, em Portugal: 4 a 0, que viraria 6 a 1 no placar agregado.

Na sequência, facilidade ante Rotor Volgogrado, da Rússia, e Rapid Vienna, da Áustria – 3 a 0 na soma dos resultados. Nas quartas de final, os italianos chegaram a abrir três gols de vantagem no confronto com o Auxerre e relaxaram a ponto de permitirem que o grosso Stéphane Guivarc’h, artilheiro do torneio com sete bolas nas redes, empatasse o jogo na França. O 3 a 2 total levou a Lazio para as semifinais contra o Atlético de Madrid.

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Grande goleador da Espanha em 1997-98, Vieri sucumbiu ao sistema defensivo da Lazio na Copa Uefa (AFP/Getty)

O Atleti tinha um elenco que já havia feito história. Treinado pelo iugoslavo Radomir Antic, o time da capital espanhola conservava grande parte da base que garantira a dobradinha nacional em 1995-96, com os títulos de La Liga e da Copa do Rei, e havia se reforçado com um tal de Christian Vieri – o atacante italiano terminaria 1997-98 com 29 gols marcados no campeonato e o prêmio Pichichi, dado ao artilheiro do certame.

Para chegarem às semifinais da Copa Uefa, os colchoneros tiveram um caminho ligeiramente complicado, com resultados díspares. Os espanhóis passaram por Leicester (Inglaterra, num placar agregado de 4 a 1), PAOK (Grécia, com rocambolesco 9 a 6), Croatia Zagreb (atual Dinamo Zagreb, da Croácia, 2 a 1) e, por fim, pelo Aston Villa. Neste segundo encontro com um clube inglês, que teve uma soma de 2 a 2 após ida e volta, se garantiu entre os quatro melhores do torneio graças ao gol qualificado.

O confronto entre os times de Madri e Roma teve início na capital espanhola, com o estádio Vicente Calderón recebendo quase 55 mil pagantes na noite de 30 de março de 1998. Dentro de campo, Vieri representava a principal ameaça para os seus conterrâneos, apoiado pelos criativos Milinko Pantic e José Luis Caminero – o versátil Kiko, entretanto, era um desfalque importante para os colchoneros, assim como Juninho Paulista, vítima de fortíssima entrada de Míchel Salgado num duelo com o Celta de Vigo, dois meses antes. No lado italiano, o pilar Alessandro Nesta, suspenso, não estava à disposição de Eriksson. O argentino José Chamot foi escolhido para ocupar o seu lugar, enquanto Alessandro Grandoni ocupou a vaga deixada pelo lesionado Giuseppe Pancaro.

No Calderón, a Lazio fez o suficiente para ter voltado para a Itália com vida mais tranquila. O capitão Diego Fuser teve a primeira grande chance para os visitantes depois de um contra-ataque resultante de um escanteio. O meia recebeu enfiada primorosa de Pavel Nedved, ficou de frente para o gol e, ao se deparar com o arqueiro José Francisco Molina adiantado, tentou uma cavadinha sem sucesso. Quem também perdeu ótima oportunidade foi o checo, que jogava na outra ponta. O craque foi acionado por Alen Boksic quando estava sozinho dentro da área, mas se atrapalhou na finalização com o pé direito e efetuou um chute mascado, que saiu pela linha de fundo.

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A Lazio segurou o Atleti no Calderón e, contando com estilo de jogo bastante vertical, venceu fora de casa (AFP/Getty)

O gol solitário da semifinal – belíssimo, aliás – foi anotado aos 33 minutos da etapa inicial. O tento da Lazio começou a ser construído no campo de defesa. No tiro de meta, o arqueiro Luca Marchegiani deixou a bola com Giuseppe Favalli, que buscou a ligação direta com Boksic. O croata puxou a marcação do brasileiro Andrei num único movimento e, de primeira, fez o trabalho de pivô para ajeitar o lançamento para Vladimir Jugovic, que atacava o espaço em velocidade. Santi Denia e Daniel Prodan até tentaram impedir que a jogada tivesse prosseguimento, mas o meia iugoslavo arrancou sozinho e efetuou um disparo firme, no canto direito da baliza colchonera. A pelota ainda tocou charmosamente o pé da trave antes de balançar as redes.

Com a vantagem no placar, a Lazio ficou ainda mais confortável para continuar o seu jogo defensivo, com constantes dobras na marcação. Vieri, por sua vez, ficou isolado e quase sempre era acionado por bolas longas, sendo obrigado a girar sobre os adversários para finalizar. O italiano era hábil nisso e até teve três boas oportunidades, mas em todas elas parou em Marchegiani.

Na segunda etapa, o Atleti foi melhor e buscou o empate a todo momento. Além da luta de Vieri, Pantic e José Mari também tiveram chances, mas finalizaram para fora. Eriksson ainda sacou Roberto Mancini para dar lugar a Guerino Gottardi e, num 4-5-1, dificultar ainda mais a vida dos mandantes. Do outro lado, Fuser chegou a ficar cara a cara com Molina, porém arrematou em cima do arqueiro. No fim das contas, os espanhóis passaram em branco pela primeira vez na competição e o tento do iugoslavo Jugovic garantiu a vitória italiana.

Na volta, a Lazio teve novamente Alessandro Nesta, enquanto Jugovic, pendurado, foi poupado por Eriksson – Gottardi assumiu o seu lugar. A atenção redobrada do treinador para o sistema defensivo e os reforços no setor eram considerados chaves para uma equipe que, além de só precisar segurar o empate para carimbar a ida para a final continental, ainda não havia perdido na competição.

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Vieri também tentou bastante no duelo de volta das semifinais, mas não foi páreo para Nesta (Getty)

No jogo da volta, um cenário parecido com o da ida se verificou em campo. As chances eram criadas, mas sem muito perigo real para a Lazio. O Atlético de Madrid, precisando do resultado, colocou mais intensidade na partida, e teve em Kiko o seu grande nome, já que o espanhol tinha bastante sintonia com Vieri e sempre buscava o italiano no comando de ataque. Os mandantes, por sua vez, ameaçavam nas bolas paradas.

O Atlético quase conseguiu seu tento no primeiro tempo em uma finalização dividida entre o checo Radek Bejbl e Nesta. Sem sucesso, a Lazio não assustou Molina e, do outro lado, Marchegiani também não precisou efetuar grandes defesas. O empate sem gols, perfeito para os mandantes, era o retrato de um confronto duro entre as duas equipes.

No segundo tempo, José Mari, que já havia entrado bem na ida, novamente foi promovido ao jogo. E a melhor oportunidade da partida caiu em seus pés. Após Vieri conseguir espaço no meio da defesa, lançou o espanhol pelo lado esquerdo: o atacante avançou e finalizou de canhota, acertando a parte externa da rede laziale. Em lance parecido, mas pelo flanco oposto, Bejbl também errou o alvo. O checo ainda levou perigo em uma tentativa de peixinho, que passou por cima da baliza italiana.

Reforçando sua estratégia na defesa, a Lazio segurou aquele histórico Atlético de Madrid e carimbou sua classificação para a final da Copa Uefa, reforçando a hegemonia italiana na competição durante a década de 1990. Entretanto, Eriksson e seus pupilos acabariam derrotados pela Inter por um sonoro 3 a 0, com direito a show de Ronaldo.

Curiosamente, dois dos personagens daquelas semifinais entre Lazio e Atlético de Madrid mudariam de lado na janela de mercado seguinte – Jugovic acertou com os rojiblancos e Vieri com os aquilotti, sendo que, já em 1999, eles se reencontrariam na Inter. Bobo, a propósito, não se arrependeria de ter sido protagonista de uma passagem relâmpago pela Cidade Eterna. Afinal, os anos dourados na parte biancoceleste da capital estavam apenas começando e ele colocou seu nome na história dos capitolinos. Não tanto quanto Eriksson, evidentemente. O sueco faturaria sete títulos, incluindo um scudetto, durante sua gestão.

Atlético de Madrid 0-1 Lazio

Atlético de Madrid: Molina; Aguilera, Denia, Andrei, Prodan; Pantic (Paunovic), Bejbl, Vizcaíno (Nimni), Lardín (José Mari); Caminero; Vieri. Técnico: Radomir Antic. Lazio: Marchegiani; Grandoni, Chamot, Negro, Favalli; Fuser, Venturin, Jugovic, Nedved; Mancini (Gottardi), Boksic (Casiraghi). Técnico: Sven-Göran Eriksson. Gol: Jugovic (33’) Árbitro: Paul Durkin (Inglaterra) Local e data: estádio Vicente Calderón, Madri (Espanha), em 30 de março de 1998

Lazio 0-0 Atlético de Madrid

Lazio: Marchegiani; Grandoni, Nesta, Negro, Favalli; Gottardi, Fuser, Venturin, Nedved; Mancini, Boksic (Casiraghi). Técnico: Sven-Göran Eriksson. Atlético de Madrid: Molina; Aguilera, Prodan, Díaz (Paunovic), Geli; Pantic (Nimni), Bejbl, Vizcaíno, Lardín (José Mari); Kiko; Vieri. Técnico: Radomir Antic. Árbitro: László Vágner (Hungria) Local e data: estádio Olímpico, Roma (Itália), em 14 de abril de 1998

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