Com apoio da CBF, filha de atleta do Tarumã (AM) acompanha delegação em Roraima | OneFootball

Com apoio da CBF, filha de atleta do Tarumã (AM) acompanha delegação em Roraima | OneFootball

Icon: CBF

CBF

·25 de abril de 2024

Com apoio da CBF, filha de atleta do Tarumã (AM) acompanha delegação em Roraima

Imagem do artigo:Com apoio da CBF, filha de atleta do Tarumã (AM) acompanha delegação em Roraima

Ser mãe e jogadora de futebol é uma responsabilidade e tanto, além de muito desafiadora. Aos 34 anos, Daniele Nascimento divide seu tempo entre essas duas funções, ser mãe e atleta. Na estreia do Tarumã, do Amazonas, pelo Brasileirão Feminino A3 2024, a meio-campista foi autorizada pela CBF a levar sua filha, Manuela, de apenas um ano para acompanhá-la durante a viagem. Esta foi a primeira vez na história que uma criança foi permitida oficialmente a integrar uma delegação na competição.

No dia 12, mãe e filha viajaram juntas de avião para Boa Vista, capital de Roraima, local do primeiro confronto contra o Atlético Rio Negro.


Vídeos OneFootball


“Levar a Manu comigo foi a melhor sensação e teve um significado especial. Espero que todas outras mães atletas tenham a oportunidade que eu tive", disse Daniele.

Com apoio da CBF, atleta do Tarumã, Daniele leva filha à partida do Brasileirão Feminino Binance A3 Créditos: Clara Bahri

“Quero aproveitar para agradecer muito ao meu clube, o Tarumã, pela oportunidade e por essa conquista. E também agradecer a CBF por me dar a oportunidade de estar com minha filha nessa viagem”, acrescentou.

Apoio da CBF

Desde o início de seu mandato, o presidente Ednaldo Rodrigues tem como compromisso apoiar, incluir e investir no futebol de mulheres dentro ou fora de campo.

"A CBF tem o compromisso de fomentar o futebol feminino. Sei da dificuldade das mães em conciliarem a profissão após o nascimento do filho em qualquer setor de atividade e faremos de tudo para apoiá-las no futebol. Queremos cada vez mais mães dentro dos gramados", afirmou o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.

“Vale lembrar que a CBF já adotou como política interna a ampliação da licença maternidade de 4 para 6 meses para suas colaboradoras. Continuamos reafirmando o compromisso de dar espaço a todas as mulheres no futebol e na sociedade", acrescentou.

Neném de Ferro

Em quatro dias de viagem, Manuela, com apenas um ano e um mês de idade, tornou-se rapidamente a "mascote" da equipe, carinhosamente apelidada de "Neném de Ferro". Neste período em Roraima, a meia contou com a ajuda das companheiras do Tarumã no hotel, treinamentos,  na partida e conciliou suas duas paixões: o futebol e a maternidade.

"Minha rotina é como a de uma 'dona de casa'. Além de cuidar do meu lar, também sou responsável por cuidar das minhas outras duas filhas, uma com 13 e outra com 5 anos de idade. Assim, tenho que equilibrar essas responsabilidades com os compromissos do meu clube. Sempre que vou aos treinos, levo a Manu comigo, todos me ajudam”, acrescentou.

Inclusão

A história da meio-campista reflete uma realidade enfrentada por muitas mães que são atletas profissionais. A difícil conciliação entre a maternidade e a carreira esportiva se torna um obstáculo. No entanto, durante o primeiro conselho técnico dos clubes da Série A3, Michelle Mattos, vice-diretora do Tarumã, propôs uma iniciativa que contou com o apoio da CBF.

"Durante o congresso, questionei sobre a viabilidade de permitir que a criança acompanhasse a mãe. O clube foi orientado a entrar em contato com a entidade, expondo a situação. Quando recebemos a confirmação, ficamos imensamente felizes, porque a Dani é uma das nossas melhores jogadoras. Além disso, a satisfação de quebrar qualquer tipo de  preconceito contra atletas-mãe e que nossa atitude inspire outros clubes e mães", declarou a dirigente.

Manu teve a oportunidade de integrar a delegação Créditos: Divulgação/ Tarumã-AM

A partida terminou com a vitória do Atlético Rio Negro por 3 a 0. No domingo (28), os dois times voltam a se enfrentar às 16h, no Estádio Ismael Benigno, em Manaus (AM).

Para a gerente de Competições, Aline Pellegrino, a iniciativa da CBF reforça um responsabilidade que a entidade tem com as mulheres e a sociedade como um todo.

“O primeiro ponto importante é perceber que cada vez mais a sociedade está discutindo e entendendo que a maioria das mulheres ainda enfrenta uma rotina de trabalho com dupla jornada, o que pode resultar em sobrecarga física e emocional, interferindo consequentemente em seu desempenho profissional. Isso é válido para qualquer profissão, e as atletas de futebol se enquadram na mesma problemática, muitas vezes tendo que abrir mão da maternidade enquanto continuam em atividade", afirmou Aline, que foi capitã da Seleção.

Jogadoras do Brasileirão apoiam a iniciativa

Se tem duas mulheres que conhecem bem a rotina de Daniele, são a lateral Tamires e a goleira Mary. As jogadoras do Corinthians também enfrentam a dupla jornada de mãe e atleta. Ao tomarem conhecimento da iniciativa, elas compartilharam suas histórias e elogiaram a postura da entidade máxima do futebol brasileiro.

"É uma iniciativa muito válida e muito legal. São sonhos que a mãe vive e hoje a Dani pode levá-la e mostrar um pouquinho para ela, mesmo que ela seja pequena. A criança está sentindo essa atmosfera de estar no meio de outras meninas, de ser 'esse mascotinho' da equipe e, principalmente, demonstra a nossa garra, a nossa força, o quanto a gente vem lutando por anos para alcançar esses objetivos: , afirmou Tamires

"Isso hoje é algo mais real, tudo bem que a gente está longe ainda de ser um ideal, mas é algo que faz a gente ter esperança, uma ação e uma atitude real", comemorou a jogadora do Corinthians e da Seleção.

Tamires conta com a presença de seu fã número 1 em seus jogos Créditos: Livia Villas Boas / Staff Images Women

“Essa atitude da CBF, que está de parabéns por essa iniciativa, demonstra que todas as nossas lutas não foram em vão. É que estão todos de olho naquilo que pode ser melhorado também no futebol feminino e que as mulheres hoje podem ser mães e com certeza não tem que abrir mão dos seus filhos ou abdicar de coisas maternas para seguir a sua profissão. Então isso só demonstra o quanto a gente está no caminho certo”, acrescentou a lateral.

“O que a CBF está fazendo nos ajuda bastante, porque quando eles estão perto de nós, mães, diminui a nossa preocupação e tê-los ao nosso lado enquanto fazemos o que mais amamos, deixa tudo muito melhor”, disse Mary.

Tamires, a mãe do Bê

A chegada do filho, quando apenas tinha 21 anos, representou uma breve pausa da carreira nos gramados. Sem referências de mães-atletas, na época, Tamires se desdobrou para atingir a excelência em campo e na maternidade. Hoje a lateral do Corinthians e da Seleção Brasileira pode contar com seu maior fã, Bernardo, nas arquibancadas de seus jogos, acompanhando todos os seus passos.

“Quando fui mãe aos 21 anos não tinha referência. Não tinham outras mulheres que eram mães que eu conhecesse no esporte, então praticamente eu aprendi tudo muito sozinha, buscando ser determinada, corajosa, por acreditar nos meus sonhos que ser mãe não era de forma nenhuma um empecilho para eu seguir a minha carreira.”

Tamires teve a oportunidade de levar seu filho Bernardo para uma convocação da Seleção Brasileira em São Paulo Créditos: Thais Magalhães/CBF

“Hoje, eu tenho certeza que o Bernardo enxerga assim também, ele é muito feliz por ver a mãe dele jogando. Ele ama futebol, então ver que essa construção está acontecendo só me deixa ainda mais orgulhosa de toda a trajetória de nós mulheres, o quanto a gente é determinada para enfrentar tantas coisas pessoais, para enfrentar tantos desafios, para enfrentar tanto preconceito e conseguir seguir os nossos sonhos e alcançar os nossos objetivo”, comentou.

Mary Camilo, a mãe do Raylan

Para Mary Camilo, a história não foi muito diferente. Com uma gravidez surpresa aos 18 anos, a goleira, que defendia o São Francisco do Conde estava disputando o Campeonato Baiano. Com o nascimento de Raylan, ela teve de contar com uma grande ajuda, a de sua mãe, que cuidava do pequeno enquanto Mary buscava seus sonhos nos gramados.

“Minha jornada dupla sempre foi muito difícil. Nunca tive a oportunidade de ter meu filho perto de mim. Quando o Raylan nasceu em 2015, vivíamos nessa vida de distância e saudade. Minha mãe ajudava nos cuidados dele enquanto me mantinha fora o ano todo até chegar o final da temporada (final de ano) para poder reencontrá-lo. Nos dias que a saudade apertava, apelamos para as chamadas de vídeo, que era o mais próximo que conseguimos ficar um do outro”, contou.

Mary e seu filho Raylan na final da Supercopa Feminina Créditos: Arquivo pessoal / Mary Camilo

“Hoje consegui trazer o Raylan para morar comigo. Então sou a Mary Goleira em um turno e a Mãe do Raylan em outro. Consigo conciliar o treino pela manhã, depois chegar em casa, organizar as coisas para ele ir pra aula e ajudar outras coisas que ele precisa no dia a dia. Ele consegue ir aos meus jogos, entrar em campo com a equipe, participar de eventos do clube junto comigo. Claro que não é fácil, é muito cansativo, porém vale cada suor e cansaço para poder ter ele ao meu lado”, concluiu a arqueira.

Com apoio de sua mãe, Mary teve a oportunidade de seguir a sua carreira Créditos: Arquivo pessoal / Mary Camilo

Saiba mais sobre o veículo