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Fala Galo

·17 de agosto de 2022

Coluna Preto no Branco: É tempo de reconstrução

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Por Max Pereira

Não adianta chorar sobre o leite derramado, dizia a minha velha e saudosa mãe. Mas, também não podemos simplesmente passar uma borracha apagando os erros e seguir em frente sem tirar lições. Os erros são essenciais à evolução e ao aprendizado. Errar é humano e permanecer no erro é burrice. De tão surrada e repetida, essa frase parece uma daquelas filosofias de botequim, por isso desprezadas, mas que guardam verdades e ensinamentos preciosos.


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Em recente entrevista concedida à ESPN da Argentina, Antonio Mohamed falou de sua passagem e, claro, de sua saída não muito feliz do comando do “Mineiro”. Aqui, aproveito para desfazer uma interpretação errônea de alguns torcedores que, ao ouvirem o Turco chamar o Atlético de Mineiro, o criticaram duramente por, segundo eles, ter passado por aqui e não ter compreendido que para o universo alvinegro o nome do clube é Atlético.

Esqueceram-se, porém, que o treinador argentino falava para um público latino e, por isso, se referia ao Galo como normal e tradicionalmente este povo o faz. Mineiro para os latino americanos é o nome do clube, vez que a palavra “atlético” (com letra minúscula mesmo) em espanhol significa esporte, esportivo. A palavra “atlético” aparece nas denominações de vários clubes latino americanos, assim como as palavras esporte e futebol aparecem nos nomes de vários clubes brasileiros. Você já ouviu falar, por exemplo, do Clube Atlético Boca Juniors, do Racing Atlético Clube ou do Clube Atlético Banfield ou ainda do Atlético Nacional de Medellin?

Ao falar de sua experiência no futebol brasileiro, Turco deixou claro que gostou muito de trabalhar no país, mas que foi muito desgastante e, por isso, considera inviável retornar ao Brasil. Em outro ponto da entrevista, quando perguntado sobre o Atlético, Turco não poupou elogios aos funcionários da cidade do Galo, citando nominalmente, dentre outros, os nomes de Éder Aleixo, Lucas Gonçalves e do preparador físico Cristiano Nunes e ressaltando que o trabalho e ambiente eram espetaculares. Além de elogiar as instalações, que considera de primeiro mundo, fez uma revelação significativa e curiosa: tão logo a sua saída foi oficializada, funcionários da Cidade do Galo foram até a casa onde morava em Belo Horizonte despedir-se dele, o que muito o emocionou.

Mohamed é a prova viva de que nem sempre ser bom de vestiário, ser querido por todos e preservar um bom ambiente é garantia de um trabalho de qualidade e perene. Turco atribuiu a sua saída, a seu ver injusta, às pressões das redes sociais, reforçando que vir trabalhar em um clube campeão e buscar impor a sua ideia de jogo em um futebol como o brasileiro é tarefa pesada e inglória. E, cá entre nós, o desejo de parte cada vez mais significativa da torcida de vê-lo fora do clube, somado ao sonho de muitos em ver Cuca de volta, como ele próprio acredita, tornaram a situação do treinador argentino insustentável.

Por fim, chamou a atenção uma crítica não disfarçada ao planejamento de elenco feito pelo clube. Entre as causas dos problemas que por fim precipitaram a sua queda, Turco criticou as saídas de vários jogadores a partir do final da temporada que deixaram, segundo ele, o elenco severamente debilitado em algumas linhas e ele, claro, sem peças de reposição à altura. Mohamed lembrou ainda que ocorreram várias lesões, casos de Covid, etc., que, claro, dificultaram ainda mais o seu trabalho. O elenco “largo”, que ele tanto defendeu e elogiou em suas coletivas quando por aqui chegou, a seu ver se tornou estreito.

Cuca voltou, o Galo ainda tropeçou, muito se falou e muito ainda vai se falar. Agora só resta o Brasileiro para buscar uma vaga na próxima Libertadores e fazer, quem sabe, o Galo disputar, brilhar e, talvez, triunfar na maior competição do continente jogando em sua nova casa. Turco já é passado, mas ainda é fonte de lições e de aprendizado que podem e devem ser utilizados no presente, visando construir um futuro de conquistas e de êxitos.

Cuca é presente e pode vir a ser este futuro tão sonhado. É tempo de construção, de muita reflexão e, óbvio, de muito trabalho e planejamento. Paradoxalmente, também é tempo de caça às bruxas e de eleição de bodes expiatórios. Por isso, é tempo igualmente de muitos cuidados e de cabeça no lugar. É tempo de jogar junto. É tempo de construir junto.

FOTO: PEDRO SOUZA

**O TEXTO NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, O PENSAMENTO DO PORTAL FALA GALO***

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