Coluna Preto no Branco: A bola vai rolar… | OneFootball

Coluna Preto no Branco: A bola vai rolar… | OneFootball

Icon: Fala Galo

Fala Galo

·26 de janeiro de 2022

Coluna Preto no Branco: A bola vai rolar…

Imagem do artigo:Coluna Preto no Branco: A bola vai rolar…

Foto: Pedro Souza

Por: Max Pereira, colaborador independente, de Belo Horizonte


Vídeos OneFootball


Para a alegria de milhões de atleticanos o Atlético volta a campo em um jogo que, independentemente dos três pontos em disputa, já desperta, como sempre, um turbilhão de emoções nos corações alvinegros pelo simples fato de que 11 jogadores, sejam eles quem forem, entrarão em campo vestindo o manto sagrado.

A bola vai rolar e com ela vão rolar mil e uma expectativas e os sonhos de um sem número de galistas apaixonados que, no mínimo, querem ver o Galo, desde o início dessa temporada, voar e repisar a campanha mágica de 2021, ganhar novamente os principais títulos em disputa no país, vencer a Libertadores pela segunda vez e, por fim, fazê-los comemorar o título mundial interclubes. Nada menos do que isso parece satisfazer o torcedor atleticano.

Mas, da mesma forma que as beatas experientes orientavam aos jovens irrequietos que se apresentavam para conduzir as imagens sacras durante aquelas tradicionais procissões católicas muitos comuns nas cidades do interior, para irem devagar com o andor porque o Santo era de barro, exorto ao ansioso atleticano para que ele contenha as suas expectativas, principalmente nestes jogos iniciais da temporada de 2022, porque no futebol nada se constrói de um dia para o outro e, muito menos, se monta ou se estrutura um time de futebol.

Ah! Mas se o Atlético manteve a base do ano passado e apenas um titular absoluto, Junior Alonso, deixou o clube, por que falar em montar ou em estruturar um time? Simplesmente porque os tempos são outros, o treinador é outro e, ainda que tenham sido pequenas e pontuais as mudanças no elenco oficializadas até agora, o grupo também não é mais o mesmo.

Em qualquer organização, empresa ou agrupamento, a saída de alguém ou a chegada de outro alguém podem provocar terremotos. As caras novas em geral assustam os antigos e os tiram de sua zona de conforto, alterando profunda e radicalmente os paradigmas da empresa ou da organização. E nos clubes de futebol não é diferente. Quem chega tem sempre a expectativa de jogar, de ter oportunidades, de brilhar e de conquistar um lugar ao sol e quem ficou não quer perder espaço, titularidade e status.

E, em se tratando de um grupo pesado e multifacetado como o do Atlético, uma mescla de jogadores experientes e estelares com garotos que sonham em se firmar e em desenhar uma carreira de sucesso, os cuidados com o vestiário devem ser redobrados e constituem um desafio particular para o novo comandante e, óbvio, para os gestores do futebol do clube.

Quem pensa que Cuca não enfrentou tempestades na sua relação com os atletas está redondamente enganado. A excelência do elenco, a capacidade do treinador em buscar soluções para escalar o time ideal para cada partida, driblando as dificuldades, os egos por vezes inflados, dele próprio ou de um ou outro atleta, as vaidades e as idiossincrasias naturais de qualquer ser humano, o querer e gostar de estar junto e o gostar de jogar junto, sentimentos que o grupo externou à larga durante toda a temporada passada e os acertos da gestão do futebol atleticano em determinados momentos delicados, foram os fatores que se conjugaram a favor do clube e o levaram a fazer a campanha que fez em 2021.

Assim como “El Turco” precisa de tempo para conquistar a confiança do elenco e para dar ao time a sua cara, o torcedor tem que dar tempo aos jogadores para entrarem em forma e para o time que entrar em campo se ajustar e fluir.

E, assim como se espera que Antonio Mohamed não tenha iniciado seu trabalho de campo promovendo mudanças abruptas e radicais na forma do time jogar e, nem tampouco, jogando no lixo os legados de Cuca, assim como este percebeu que deveria manter as heranças positivas de Sampaoli se quisesse ser vencedor, espera-se que o torcedor atleticano tenha em mente que, não só nesse jogo contra o Vila Nova em Nova Lima, mas, também, nos próximos jogos deste início de temporada, ele não vai ver e nem poderá exigir que o time que for a campo entre voando e repisando aquelas atuações emblemáticas da reta final da campanha de 2021.

A bola vai rolar, mas as pernas dos jogadores estarão pesadas, vai faltar ritmo de jogo. Nunca é demais repetir que nem sempre querer é poder. É bom lembrar que o Atlético vai disputar o seu primeiro jogo oficial 10 dias depois de ter reiniciado as suas atividades o que é cruel, desaconselhável do ponto de vista humano e físico e bastante temerário. Coisas do calendário brasileiro. O Atlético já anunciou que vai mandar a campo aquele onze que estiver em melhores condições físicas. Dessa forma, a possibilidade de que o clube estreie nessa temporada com uma formação inédita é mais que possível, eu diria que é certa.

A bola vai rolar dentro de campo e fora dele a vida vai continuar a rolar entre surtos de Covid, erros e acertos, sonhos e pesadelos, esperanças e frustrações. Mas, uma coisa não vai mudar: o sangue atleticano vai continuar a rolar em borbotões nas veias de cada galista apaixonado, sempre que o seu coração bater desordenadamente a cada giro da gorduchinha e sempre e quando houver uma camisa preta e branca correndo de um lado para o outro.

Saiba mais sobre o veículo