Clube Atlético Mineiro
·09 de dezembro de 2024
In partnership with
Yahoo sportsClube Atlético Mineiro
·09 de dezembro de 2024
Pergunta: Queria que você falasse ao torcedor do Galo que, nos últimos dias, ficou desesperado com a chance de rebaixamento, sem treinador. Como foram esses dias? Sentimento de alívio…
Victor Bagy: “Realmente foram dias tensos e intensos. A gente tentando mobilizar os atletas, trabalhar maneiras nas quais os atletas poderiam se sentir confortáveis, jogar de maneira segura de acordo com as suas características, situação na qual o Lucas teve tanta preocupação, alinhado com a gente também. Mas, assim, talvez o Atlético não merecesse chegar a essa final de temporada com esse risco. Por tudo que foi feito, o planejamento, por tudo que a gente sabe que é bem feito dentro da instituição. Conversávamos ontem que não existia ingredientes… Toda equipe que briga para não cair tem alguns ingredientes em comum, que é atraso de salário, estrutura precária, problemas no grupo, políticos, troca de treinadores. São esses ingredientes que culminam em equipes que acabam sendo rebaixadas. Dentro do Galo, isso não existe. A gente que acompanha isso aqui todo dia, sofre muito. O alinhamento é bem feito, o ambiente de trabalho dentro do CT, acho que é uma das grandes forças que nós tempos. Temos qualidade humana e de profissionais. Então, acho que a palavra hoje que define é alívio. Mas, também, de dever cumprido, porque sempre vamos enxergar o copo meio cheio”.
“De quatro campeonatos, disputamos três finais, ganhamos um. No Brasileiro, realmente, gosto de que poderíamos ter feito mais. Explicar… Acho que tivemos dois momentos importantes para chegar a esse momento nessa condição. No período da Copa América, fizemos nove jogos, média de 12 desfalques por partida, jogamos alguns jogos com a nossa terceira equipe, cheio de jogadores da base, não tivemos possibilidade de compor o banco, com 16, 17 jogadores. Com o retorno de jogadores importantes, retomamos o caminho das vitórias, o time cresceu. E, então, veio o período de decisão nas Copas. Talvez poderíamos ter feito diferente. Poupar de forma, com menos jogadores saindo, não poupar 10, 11 jogadores, poupar menos. Fizemos bem isso em 2021, tanto que ganhamos dois campeonatos. Sem apontar culpados, mas é a avaliação que cabe”.
“Com a perda da Copa do Brasil e da Libertadores, a questão anímica teve peso muito grande. Sofremos muito para recuperar a parte anímica. Foram 73 jogos na temporada, acredito que nenhuma equipe no mundo tenha jogado isso. Final de temporada.. Eu fui atleta, os meses de outubro em diante, mentalmente é desgastante. E ainda tem as frustrações de não ter vencido as duas Copas. Não conseguimos nos recuperar, dos últimos sete jogos, fizemos seis ou sete pontos. Tudo é aprendizado. Fica a lição que não se pode deixar de lado do Brasileiro. Não que tenhamos feito isso, mas, talvez, fomos dar conta do Brasileiro quando já estávamos em ponto crítico de pontuação. Fica o aprendizado, mas acredito que foi uma temporada positiva do que foi feito aqui dentro. Chegar no fim do ano com a chance de títulos da Libertadores e Copa do Brasil, todo mundo irá abraçar esse planejamento. Há pontos positivos na temporada, mas também questões a evoluir e melhorar para fazer uma temporada de 2025 vitorioso para o Galo”.
Pergunta: Em 2025, quem será o treinador do Atlético? Ou qual vai ser o perfil?
Victor Bagy: “Não posso cravar o nome de treinador. Ficamos muito focados nesse último jogo, que ganhou importância muito grande. Falar de treinador, reposições no mercado, não era o momento certo. Temos alguns nomes, perfis, fizemos contatos e reuniões marcadas para apresentar o projeto. Antes de mais nada, temos que apresentar o nosso projeto, o que esperamos de trabalho dentro do clube para saber, então, se isso se encaixa nos perfis. Não adianta falar de termos negociais se o atleta ou o treinador não se vê inserido no projeto. Vamos fazer isso durante a semana. Espero que, o quanto antes, mas sem pressa também. Temos que ser assertivos na escolha, cargo de muita responsabilidade. De toda forma, temos a comissão fixa, da casa, que já mostrou competência nesses momentos de transição”.
“Perfil de treinador que seja agressivo, goste de jogar para frente, futebol moderno, de muita pressão, futebol protagonista, o Atlético é um clube que tem que ser protagonista. São os pontos que iremos buscar dentro do perfil de treinadores”.
Pergunta: O Galo terá a Copa Sul-Americana ano que vem. Qual o impacto que isso terá na busca por treinador e também na janela de transferências?
Victor Bagy: “Temos que buscar o que há de melhor no mercado para ser nosso treinador, independentemente de calendário. É o peso da camisa que conta. Claro que tínhamos o objetivo de estar na Libertadores. Iremos disputar a Copa Sul-Americana com o objetivo de ser campeão. Eu acho que não muda nada, o Atlético é um clube gigante e isso não irá impactar negativamente nos nomes que, por ventura, nos tempos em conta para vir para trabalhar aqui. O Atlético é um clube internacionalmente conhecido, atual finalista da Libertadores, isso tem um peso. Em termos de orçamento, teremos que rever algumas coisas, ele fica um pouco prejudicado. São discussões que teremos na semana. Sabemos da necessidade de alguns movimentos, até para termos um time forte, equilibrado e competitivo para a próxima temporada”.
Pergunta: O Atlético, nessa temporada, consegue chegar à duas finais, mas disputa para não cair no Brasileiro. Quando o Galo colocava o time reserva para jogar, não houve resultados. Na minha visão, claramente falta elenco. O time está fora da Libertadores, representa um valor significativo a menos no orçamento. Como montar um time competitivo para disputar em alto nível as competições? Como trabalhar em contratações com orçamento reduzido?
Victor Bagy: “Antes de te responder, gostaria de te fazer uma pergunta: qual equipe do futebol mundial você rodar 11 jogadores e manter o nível de atuação? São poucas. Talvez aí seja o nosso grande erro. Você pode fazer e é necessário fazer uma oxigenação para manter o nível esportivo. Mas, rodando três, quatro jogadores de uma vez, e não 11. É difícil, até por questão de ritmo. Mas entendemos sim que precisamos nos reforçar, equilibrar melhor o elenco. Mas até o dia que a gente classificou para as finais, todas as contratações do meio do ano tinham sido assertivas. Agora, estamos questionando o elenco. Como falei, a gente tem que planificar onde temos que evoluir. Precisamos, sim, dar uma oxigenada, ter um time pouco mais jovem, e é essa busca que a gente tem feito aí dentro das nossas análises do mercado, e que caibam também no perfil orçamentário. Não adianta fazer loucura, chegar prometendo milhares de nomes. Temos que ser assertivos nas nossas escolhas, e o que entendemos como carência. Será uma semana importante para avançar em algumas situações. O objetivo é sempre qualificar, manter o time competitivo. Em 2025 teremos o objetivo de voltar à Libertadores, e estar sempre brigando por títulos”.
Pergunta: Você respondeu sobre rejuvenescer o elenco, seria uma das minhas perguntas. Mas o Atlético, pelo perfil que você falou, deve ser um treinador que propõe jogo. O Galo enfrenta, na maioria das vezes, adversários defensivos, compactos. Eu sei falta de jogadores extremos, que quebra linha. Acho que foi uma falha na montagem, jogadores agudos. O Atlético tem jogadores, historicamente, com essas características. O planejamento está também em trazer jogadores de lado de campo, que quebram linha?
Victor Bagy: É, sim, uma busca que nós temos. Mas, não é que não tenhamos. Temos dois jovens, Alisson e Brahian Palacios, que ainda não conseguiram ter uma sequência para serem postulantes de titularidade. O Alisson em um nível mais avançado, teve situações, sofreu um pouco em termos de lesões. Temos expectativa grande. Brahian, primeiro ano do Brasil, vem se adaptando, evoluindo fisicamente, também evoluindo taticamente, que é um ponto que ele precisa trabalhar bem. Isso, no futebol, em geral, são jogadores mais decisivos, jogadores que tem esse perfil invertido, que trazem para dentro para fazer um arremate, um cruzamento. Buscamos esse perfil também. É identificar carências, sermos assertivos. É qualificar, e não só trazer para dar satisfação para o torcedor ou para a imprensa. É trazer jogadores que trabalhem em núcleo de rotação, que possam ser titulares e manter o nível performático da equipe.
Pergunta: O Erick Pulga seria um nome?
Victor Bagy: “Não falo de nomes. É algo que eu levo comigo de sempre trabalhar de forma sigilosa, sem alimentar especulação. Estamos monitorando todo o mercado e avaliando todas as opções que se encaixam no nosso perfil técnico, tático e, também, físico, porque o Atlético é uma equipe de grande demanda física”.
Assista à entrevista completa de Victor abaixo, a partir de 13 minutos:
Fotos: Pedro Souza/Galo
Siga o Galo nas redes sociais: @atletico