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Carter Batista·03 de setembro de 2020
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Carter Batista·03 de setembro de 2020
O Brasileiro já começa chamando o AAV de VAR e depois quer que a tecnologia lhe seja simpática. É complicado quando você começa a relação já errando o nome da pessoa.
Falo isso, pois em português a tecnologia recebe o nome de Árbitro Auxiliar de Vídeo (AAR) e VAR é acrônimo da denominação em inglês que é Video Assistant Referee.
Mas a pergunta que hoje me proponho a fazer aqui é a seguinte: o VAR funciona bem no futebol brasileiro?
Ou toda essa implicância seria alguma reminiscência daquela nossa conhecida tendência a achar tudo que é de fora melhor, que o Nelson Rodrigues bem chamou de Complexo de Vira-latas?
Em primeiro lugar, é preciso dizer que o torcedor brasileiro é movido unicamente pela força transcendental do clubismo e, por isso, só apoia o VAR quando lhe convém.
Ser clubista não é um erro, mas o sujeito não pode esquecer que o VAR é pau de dar em chicos e franciscos, às vezes num mesmo jogo. Ele vai te ajudar, sim, mas nem sempre.
Foto: Reprodução/Twitter
Não dá pra achar que o VAR é lindo quando favorece o seu time e dizer que só funciona na Europa quando o seu clube tiver que suportar as forças inclementes de uma revisão desvantajosa.
Eu nunca fui simpático ao VAR, mas sem a tecnologia a gente volta aos resultados eternamente chorados que eram confirmados em campo sem a revisão necessária de antigamente. Deus me livre.
O VAR estraga, sim, um pouco o jogo, tira sua dinâmica, muitas vezes altera a atmosfera de uma partida, pois como o futebol é movido pela emoção, uma pausa pode refrear uma equipe que estava pressionando e atravessando um melhor momento no jogo. Isso tudo acontece, sim, mas o VAR é um mal necessário.
Mas sejamos honestos, sobre aplicação da tecnologia no futebol brasileiro, quem critica tem muita razão. Aqui a demora é insuportável.
Para se confirmar ou descartar uma infração leva-se uma eternidade. Além disso, o VAR não pode continuar sendo uma muleta, muito menos a principal figura da arbitragem.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
As decisões do juizão em campo ainda devem prevalecer, salvo nos casos capitais que estão previstos na própria regra. Esses são os princípios básicos que devem nortear a atuação do auxiliar na frente da telinha para que ele deixe o jogo seguir e tente ser mais ágil na hora que for chamado a intervir.
A santa, a pura verdade é a seguinte: ninguém aguenta o VAR, mas ele é precioso. A única coisa pior que o VAR hoje em dia é um jogo sem VAR.
Carter Batista é colunista convidado do OneFootball e escreve a coluna Clubismo OF às quintas-feiras.
Foto de destaque: Alexandre Schneider/Getty Images